O mundo dos livros está descobrindo a promoção de 99 centavos.
Quase dois anos depois de as editoras de
livros forçarem um forte aumento no preço de novos lançamentos em
formato digital, uma nova tendência de preços baixos está surgindo. Um
crescente número de editoras está experimentando preços temporários de
US$ 0,99 para e-books, na esperança de persuadir leitores a lerem
amostras de uma variedade de escritores.
O mais recente exemplo é o novo romance
de suspense “What It Was”, de George Pelecanos, que foi lançado ontem. A
edição digital custa US$ 0,99 no primeiro mês, e depois passará ao
preço cheio, de US$ 4,99. Pelecanos já escreveu mais de 18 livros, além
de trabalhar na série “The Wire”, da HBO. Mas ele nunca teve um sucesso
de vendas.
Seu livro mais bem-sucedido foi um
romance de 2006, “The Night Gardener”, que vendeu 29.000 exemplares,
segundo a firma de dados do mercado editorial Nielsen BookScan.
“Nossa meta é aumentar o público de
George”, disse Reagan Arthur, diretor editorial da Reagan Arthur Books,
um selo da editora Hachette Book Group, da Lagardere SCA. “Estamos
dizendo: se você está curioso sobre esta obra, por que esperar?”
A editora está seguindo o exemplo dado
pela Amazon.com Inc., a pioneira em livros digitais baratos que oferece
promoções diárias de títulos por US$ 0,99.
A Thomas & Mercer, um selo da própria
divisão editorial da Amazon, recentemente ofereceu 35 títulos da série
“87th Precint” (“87º DP”, Editora Record), de Ed McBain, por US$ 0,99
cada.
A ideia de oferecer preços mais baixos
temporariamente para aumentar a demanda pode não parecer tão radical no
varejo. Mas editoras de livro brigaram feio alguns anos atrás para
impedir que a Amazon cobrasse US$ 9,99 por livros de destaque, a fim de
estancar uma queda nos preços de livros.
Nessa mesma batalha, grandes editoras
conquistaram a capacidade de definir preços de livros eletrônicos por
elas mesmas, no lugar das varejistas. As editoras agora estão tirando
proveito dessa possibilidade, experimentando diferentes modelos de
preços para aumentar as vendas. Isso está sendo verdade principalmente
para autores cujos livros têm, em geral, vendido pouco, ou para títulos
mais velhos que poderiam ser apresentados para uma nova geração de
leitores.
“O que está claro para todo mundo é que o
formato digital dá mais flexibilidade em termos de promoções do que uma
editora ou livraria poderia ter”, disse Russell Grandinetti,
vice-presidente da Amazon para conteúdo do leitor de e-books Kindle.
Grandinetti disse que as editoras já usaram livros digitais gratuitos
para aumentar as vendas de títulos que iam mal.
Entre os diferentes modelos de preços que
estão sendo testados está uma oferta de assinatura. A Cemetery Dance
Publications, uma editora americana independente especializada em livros
de terror ou suspense, decidiu este mês colocar todos os seus livros
eletrônicos à disposição dos consumidores por uma assinatura de US$ 49
até o fim de 2012. “É uma mistura de autores ‘best-seller’ e novos
escritores”, disse Brian James Freeman, editor-gerente. “Estamos
esperando que alguém que assine para ler Peter Straub também vá ver
esses outros escritores, e isso vá ajudar as vendas deles.”
Até agora não há dúvida de que vender um
livro a US$ 0,99 pode aumentar a demanda. “Nós tivemos dois romances de
Kurt Vonnegut com preço de US$ 0,99 em novembro passado em ofertas
diárias separadas”, disse Arthur Klebanoff, diretor-presidente da
RosettaBooks LLC, uma editora de livros eletrônicos. “Cada um deles
vendeu em um dia um número de exemplares comparável ao que teríamos
vendido em um ano.”
“É uma aposta, mas eu quero ser lido”,
disse Pelecanos, que deve ganhar US$ 0,17 em cada venda de US$ 0,99.
Para comparar, a edição digital de seu mais recente romance, “The Cut”,
custava US$ 12,99. A fatia de Pelecanos era de US$ 2,27 por exemplar
vendido.
Pelecanos comparou a estratégia de venda
de seu e-book de US$ 0,99 com a experiência de comprar pelo mesmo preço
uma música de uma banda que ele não conhece. “Se vendermos 100.000
e-books por US$ 0,99 eu não vou ganhar dinheiro, mas o que se presume é
que se a maioria gostar do livro a gente conseguiu trazê-los para nosso
terreno”, disse. “Se tudo correr bem, isso deve aumentar as vendas dos
meus livros.”
Ele disse que tem visto escritores
independentes venderem seus romances por US$ 0,99 e depois conseguirem
um bom aumento nas vendas. “Esse é um romance de mistério com
velocidade, que é sexy e violento, e perfeito para esse tipo de
promoção”, disse ele.
O risco, acrescentou, é que se o livro
não vender por US$ 0,99, pode haver uma percepção de que a editora não
consegue vender sua obra nem com preço reduzido. Mas Pelecanos disse que
ele vê o preço como uma oportunidade para aumentar seu público, e ele
não quer perder essa chance.
No Brasil já há editoras que já trabalham com essa ideia ou algo muito parecido. A Draco está vendendo vários contos por US$ 0,99 e a Estronho disponibiliza no próprio site o download de pedaços de suas obras para que o leitor possa experimentar. Acho essa ideia extremamente válida. Pode ser que esse seja o detalhe entre a venda ou não de um livro, o leitor indeciso vai lá, baixa ou compra um conto, lê e depois decide se quer o livro ou não.
ResponderExcluirMais um ótimo incentivo. O ruim é que no Brasil o Kindle ainda é caro =\
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