Publicado originalmente no Yahoo
Fonte: Livros e Pessoas
Historicamente defasada, a difusão da literatura nacional no exterior
ganhou um incentivo em 2011, com a reformulação do programa de
estímulo à tradução da Fundação Biblioteca Nacional (FBN). Anunciado em
julho, durante a nona edição da Festa Literária Internacional de Paraty
(Flip), o novo programa prevê investimentos de R$ 12 milhões até 2020 na
edição de obras brasileiras em outros países. Um dos objetivos
imediatos do projeto é alavancar a participação do país em grandes
eventos internacionais: nos próximos anos, o Brasil será convidado de
honra das feiras de Bogotá, em 2012, Frankfurt, em 2013, e Bolonha
(maior feira de livros infantis do mundo), em 2014.O primeiro edital do
novo programa (com inscrições abertas no site www.bn.br) oferecerá R$
2,7 milhões para a edição de obras nacionais no exterior até agosto de
2013, dois meses antes da presença do Brasil como país convidado no
maior evento editorial do mundo, em Frankfurt.
Articulação entre instituições
Em entrevista ao GLOBO em julho, o presidente da feira, Juergen Boos,
elogiou o programa de tradução, mas ressaltou que o sucesso da
participação brasileira ainda exige mais articulação entre governo e
editoras e intercâmbio com instituições culturais alemãs.
A internacionalização da literatura brasileira foi discutida também
na 25ª Bienal do Livro do Rio, quando a FBN organizou uma exposição sobre
a tradução de clássicos como Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Mas o
tamanho do desafio foi ilustrado pela informação, divulgada durante o
evento pela organização da Feira de Frankfurt, de que as editoras alemãs
têm hoje apenas 61 títulos brasileiros em catálogo – 30 deles de Paulo
Coelho.
Veja mais alguns destaques do meio editorial em 2011:
BIENAL NO LIMITE: Realizada em setembro, a 25ª Bienal do Livro do Rio
teve o maior público de sua história, 670 mil visitantes em 11 dias. A
feira teve faturamento recorde de R$ 58 milhões (12% a mais que a
anterior), mas a confusão e os problemas de infraestrutura nos dias mais
movimentados levaram a organização a afirmar que o evento atingiu sua
capacidade máxima.
PENGUIN NO BRASIL: Em dezembro, a Companhia das Letras anunciou que a
britânica Penguin, com a qual é associada desde 2009, comprou 45% das
ações da editora brasileira. O acordo segue uma tendência de
participação crescente de grandes grupos editoriais estrangeiros no
Brasil: nos últimos anos, aportaram no país as espanholas Planeta e
Santillana e as portuguesas Leya e Babel. O impacto da parceria no
mercado brasileiro poderá se fazer notar sobretudo nas áreas de e-books e
didáticos, dois focos do conglomerado editorial Pearson, dono da
Penguin.
RUBENS FIGUEIREDO: Um dos principais tradutores do país, Rubens
Figueiredo obteve reconhecimento também como escritor neste ano. Seu
romance “Passageiro do fim do dia” (Companhia das Letras) recebeu duas
das maiores distinções literárias nacionais: o Prêmio São Paulo de
Literatura e o Portugal Telecom. Além disso, Figueiredo publicou em
dezembro, pela Cosac Naify, a primeira tradução brasileira feita
diretamente do russo de “Guerra e Paz”, de Tolstói.
CECÍLIA MEIRELES: Com reedições paralisadas há anos por uma disputa
judicial entre herdeiros, a obra de Cecília Meireles pode voltar às
livrarias em 2012. A editora Global anunciou em dezembro a compra de
parte do catálogo da poeta – e ainda dos de Manuel Bandeira e Orígenes
Lessa. Depois do anúncio, porém, o advogado de uma das filhas de Cecília
contestou o acordo e afirmou que a questão não está resolvida nos
tribunais.
P.S.: a previsão para a próxima Bienal do livro no Rio de Janeiro é de 29 de agosto a 08 de setembro de 2013. Mantenham-se informados sobre o evento pelo site da Bienal do Livro.
Espero sinceramente que os nossos governantes passem a dar mais apoio à literatura. Não somente lançando-a internacionalmente, mas dando condições de acesso aos livros para uma maior parte da população.
ResponderExcluirQualquer país que deseja crescer deve, obrigatoriamente, valorizar a cultura e dar meios de acesso a ela.
ResponderExcluirBem, é um começo. Espero que com o público que a Bienal do Rio atingiu, os governantes fiquem cientes que a literatura no Brasil está crescendo, tentando expandir. Eles só precisam nos dar incentivo e espaço.
ResponderExcluirEu acompanho (ainda não o suficiente) o mercado literário do país e também fico atento aos novos talentos. Com incentivo e uma boa política de apoio aos escritores novos, logo teremos uma safra de talentos respeitável.
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