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Internet: nossa principal fonte de memórias?


Quando você quer lembrar-se de alguma coisa, confia mais na sua própria memória ou no Google? Uma pesquisa mostra que a maioria das pessoas prefere a segunda opção. De acordo com especialistas, o cérebro está se adaptando para lembrar não da informação, mas sim do lugar onde pode obtê-la. E mais: quando não encontramos os dados de que precisam imediatamente, desistimos logo da busca.
Para chegar a estas conclusões, cientistas das Universidades de Harvard, Columbia e Wisconsin-Madison realizaram uma bateria de testes envolvendo a memória de voluntários. Os participantes deveriam lembrar de algumas informações usando apenas a sua memória. Depois os pesquisadores verificaram se eles saberiam buscar os dados na internet.
O resultado foi claro: quando as pessoas não conseguem se lembrar das informações, lembram onde encontrá-las. Aliás, segundo o estudo, houve participantes que não fizeram o menor esforço para tentar se recordar dos dados sozinhos.
Isso acontece porque, quando não havia acesso à internet, as pessoas tinham fontes limitadas de informações, que exigiam esforço para serem encontradas – como livros. Por causa do esforço e do interesse genuíno no conteúdo, nosso cérebro criava associações com imagens, com a situação, com outros elementos do nosso conhecimento, convertendo tudo em memória.
Com a web, qualquer coisa está a um clique de distância. Não há dificuldade nenhuma para encontrar informação – só o que precisamos é dar um “Google”. Ou seja, menos associações são criadas, já que não existe dificuldade e a busca se tornou uma tarefa mecânica. Como é fácil encontrar esta informação de novo, o cérebro não é estimulado a guardá-la. Quando precisamos deste conhecimento não lembramos dele, mas sim de onde encontrá-lo.
E, para isso, existem consequências boas e ruins. Como a memória humana não é perfeita, acabamos tendo mais facilidade em checar os fatos com a internet. E a maior quantidade de informações também pode ser fonte de inovação, afinal o conhecimento humano está mais acessível.
Mas sendo dependentes do computador, podemos acabar reféns de informações incorretas, que povoam a internet e que seriam reproduzidas. Além disso, como não estamos mais acostumados a recordar de detalhes ou a refletir sobre o que estamos pesquisando, tanto nossa memória como o pensamento conceitual podem estar comprometidos.
E a “culpa” desse fenômeno não é apenas das ferramentas de busca, mas da web em sua forma atual. Os autores da pesquisa apontam alguns outros motivos para o mundo online afetar o jeito com que pensamos:
- Com agendas não precisamos nos preocupar em lembrar-se de um compromisso – muito menos de checar nossa agenda. Todos os eventos chegam diretamente no e-mail. Os aniversários da família e dos amigos? Estão nas notificações do Facebook.
- Também não precisamos mais lembrar em que pasta (ou em qual pen drive) armazenamos nossos documentos. Com o Google Docs nossos arquivos estão sempre à mão.
- Com o Google Images não precisamos nos lembrar do nome de quadros ou de pontos turísticos. Basta tirar uma foto com seu smartphone e o serviço pode te ajudar na identificação.
- Já o Google Maps poupa você do esforço de memorizar caminhos – digite o endereço e a rota mais fácil surge diante de seus olhos.

Comentários

  1. Tiro mtas de minhas dúvidas no Google, mas acho q n cheguei ainda a esse modo de total dependência xD

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  2. Que bom, Priscilla. Mas é fato que muitas pessoas já estão em um nível de dependência extremo, algo realmente lamentável.

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  3. Ainda bem que não cheguei ao ponto de substituir meu cérebro por um HD.

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  4. Enquanto houver curiosidade na mente humana, ela ainda estará pronta a evoluir. O retrocesso só ocorrerá quando não tivermos mais criatividade, imaginação, vontade de conhecer.

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