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Os Penetras. Resenha do filme dirigido por Andrucha Waddington.

Por: Franz Lima 
 
Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch são comediantes que possuem um talento indiscutível. O humor é sempre afiado e os improvisos são um ponto em comum que possuem. As imitações de Adnet e o Freddie Mercury Prateado de Sterblitch lhes trouxeram o prestígio necessário para ingressar nessa produção. Mas o humor é um pouco mais que imitações e personagens. Quando vi que eles estariam em um mesmo filme, a primeira ideia que tive foi "prepare-se para rir muito". E ri. Porém em um nível bem abaixo que o desejado, o esperado. E isso é uma pena.
Os Penetras é um filme bem elaborado. Valendo-se da fórmula do grupo de doidos que vaga pela cidade aprontando (vide Se Beber não Case), a trama teria tudo para ser muito engraçada. Claro, há passagens divertidas e interessantes, mas a sensação de que faltou algo não me abandonou.
Com um elenco experiente (exceto Adnet e Sterblitch), Andrucha poderia ter direcionado o filme para algo mais cômico. Há lacunas entre as passagens engraçadas que fazem com que o espectador (falo por mim) perca o foco. Mesmo que o roteiro encaminhe a dupla para situações alucinantes, não pude ver o mesmo ritmo de humor presente em outros filmes similares. O exagero em algumas situações também não convenceram, já que mesmo para uma comédia é preciso ter uma certa coerência, a menos que se trate de um pastelão absurdo, coisa que Os Penetras não se propôs.

Os comediantes certamente se divertiram demais ao gravarem o filme, porém não souberam (e não é só culpa deles) transpor isso para seus personagens. Sterblitch excede os limites com a piada do cara que beija o outro. Uma vez para provocar o riso é até compreensível, mas quando a repetição ocorre sem motivações que levem o espectador a crer nelas, torna-se um recurso incômodo.
A trama basicamente relata a saga de Beto (Eduardo Sterblitch) um cara que tomou um sumário "chute". Descartado pela mulher que ama, ele acaba conhecendo o vigarista profissional Marco Polo (Marcelo Adnet), sempre auxiliado por Nelson (Stepan Nercessian) seu amigo de golpes. Marco Polo e Nelson prometem ajudar o inocente e meio doido Beto a encontrar Laura, a mulher que o descartou. É a partir daí que a trama ganha em ação e humor, porém sempre algo muito limitado pelas atuações de Adnet e Sterblitch, talvez em função do costume de imitar ao invés de atuar.
Mas, repito, há boas passagens durante o filme que trazem o riso. O resultado final é que os espectadores terão um filme leve, divertido e que não apela para a putaria e os palavrões tradicionais de algumas produções nacionais como forma de humor.
Um bom entretenimento... e só. 
P.S.: a russa convenceu.


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