Por: Franz Lima.
Um
dos marcos da propaganda nazista, este documentário é fundamental
para compreender qual era o nível de grandeza que Hitler queria para
o III Reich. Imagens marcantes, plenas de um povo eufórico com a
presença de seu líder. Crianças saudando a passagem do Führer,
uma população inteira ovacionando o homem que viria a ser o mais
odiado da Terra.
A
diretora, Leni Riefenstahl, soube evidenciar o fanatismo por Hitler usando sempre de
ferramentas comuns aos documentários que servem para enaltecer uma
pessoa ou regime. Neste caso, ela enalteceu ambos, mostrando sempre o
lado belo do nazismo, mas principalmente evidenciando o amor e o
apoio de todo um povo por seu líder supremo.
A
chegada de Hitler a Nuremberg é um dos pontos mais interessantes e
bem elaborados pela diretora. Vindo das nuvens, tal qual um anjo, o
líder nazista desce em Nuremberg para ser recepcionado por uma
multidão de adoradores. Estas cenas são reais, mas receberam uma
edição primorosa que focou, unicamente, o poderio e influência do
ditador.
A
juventude hitlerista
Esse
é um ponto interessante, porém cruel do documentário. Interessante
por mostrar outro lado dos recrutados para a juventude hitlerista,
uma tropa que não foi poupada durante a guerra, composta
majoritariamente por adolescentes. A crueldade citada acima está na
abordagem feliz de um regimento que teve inúmeras perdas,
absolutamente motivado por influências que eram cativantes para os
adultos, imaginem quais efeitos surtiam nos jovens.
Brincadeiras,
jogos, diversão e camaradagem são ressaltadas em cada imagem. Não
há um único indício de desconforto, temor ou raiva por estarem lá.
O que se vê é uma perfeita harmonia em um ambiente de quartel, fato
que eu, na condição de militar, tenho absoluta certeza de que não
há. Contudo, é sempre bom relembrar que estamos falando de um
documentário propagandista. Logo...
Leni Riefenstahl |
As
frentes de trabalho e as ofertas das colheitas.
Passar
em inspeção à tropa é uma clara demonstração de poder, porém
também uma oportunidade única de aproximação aos subordinados.
Hitler sabe que o carisma é a força motriz de seus asseclas e,
sabiamente, reforça isso a cada encontro, a cada aceno ou
cumprimento. Ao contrário do ditador lunático e violento que muitos
idealizam, este documentário comprova que havia um homem com
sabedoria suficiente para se deixar aclamar por seu povo, sem que
isso implique em não exultar os dons que eles tinham, estreitando os
laços de um líder com seus liderados.
Enquanto
isso, a população demonstra seu apreço pelo Führer de igual forma
ao que foi feito no Antigo Testamento. Ofertas de alimentos são
apresentadas a Hitler, reforçando a aura de poder quase divino que
ele tem.
Os
discursos
Rudolph
Hess discursa para uma plateia gigantesca. Suas palavras servem para
exaltar a pessoa do líder nazista, enquanto inflamam uma multidão
que vê esperança e progresso na pessoa do líder. A diretora mostra
outros nomes importantes do staff nazista que, invariavelmente, se
esforçam para demonstrar suas obras diante do Führer.
A
seguir Hitler passa em inspeção ao grupo de trabalhadores braçais
responsáveis pela construção de estradas e outras obras de vulto
para o Heich. A marcialidade está em tudo. Palavras, ações e até
os equipamentos, incluindo os uniformes, dão um ar militarizado aos
trabalhadores.
“Quem
não for para as trincheiras nem ficar sob o fogo das granadas, não
pode ser considerado soldado. Com nossos machados, pás e ancinhos,
somos a tropa jovem deste Reich.”, diz um dos homens que trabalhará
nos campos, portando um olhar quase alucinado.
Hitler
contempla sua “tropa” de trabalhadores e, visivelmente
emocionado, ressalta a importância deste seleto grupo. Para ele, os
trabalhadores braçais são uma força indispensável para a vitória
alemã. Estas são as palavras que incentivam e reforçam o
sentimento nacionalista entre os jovens que doarão suas forças e
até a vida pelo país.
A propaganda
Todo o restante do documentário cumpre - de forma marcante - com o propósito: dar credibilidade aos atos do regime nazista e, obviamente, exaltar Adolf Hitler como um líder incomparável.
"Triunfo da Vontade" é um documentário, mas acima disso, é um material de propaganda destinado ao convencimento de uma nação. A diretora conseguiu seu intento e, infelizmente, boa parte da nação alemã (e outros países) apoiou o regime hitlerista. Porém algo precisa ser frisado: este vídeo cumpriu com o que se propôs à época, mas também serve como alerta sobre os malefícios de uma propaganda capaz de induzir o público a seguir suas sugestões. A influência e o poder de persuasão embutidos no marketing foram usados de forma implacável nessa obra, assim como a indústria tabagista fez por anos, e como faz, atualmente, a indústria de bebidas alcóolicas, em especial das produtoras de cerveja.
É preciso ver essa obra cinematográfica com a visão da época para entendermos o quão influente foi. Muitos alemães não sabiam dos males feitos pelo Reich e, ainda por cima, eram bombardeados com produtos como esse. Claro que os erros não são amenizados por isso, porém fica o alerta.
Assista ao documentário e compreenda: até hoje somos enganados pelo marketing feito com más intenções, mesmo com a infinidade de recursos que possuímos. Imaginem o grau de facilidade encontrado por Hitler e seu staff diante de uma nação que almejava por um futuro melhor... desesperadamente. Era isso que o III Reich prometia.
Um povo, um império, um líder.
A propaganda
Todo o restante do documentário cumpre - de forma marcante - com o propósito: dar credibilidade aos atos do regime nazista e, obviamente, exaltar Adolf Hitler como um líder incomparável.
"Triunfo da Vontade" é um documentário, mas acima disso, é um material de propaganda destinado ao convencimento de uma nação. A diretora conseguiu seu intento e, infelizmente, boa parte da nação alemã (e outros países) apoiou o regime hitlerista. Porém algo precisa ser frisado: este vídeo cumpriu com o que se propôs à época, mas também serve como alerta sobre os malefícios de uma propaganda capaz de induzir o público a seguir suas sugestões. A influência e o poder de persuasão embutidos no marketing foram usados de forma implacável nessa obra, assim como a indústria tabagista fez por anos, e como faz, atualmente, a indústria de bebidas alcóolicas, em especial das produtoras de cerveja.
É preciso ver essa obra cinematográfica com a visão da época para entendermos o quão influente foi. Muitos alemães não sabiam dos males feitos pelo Reich e, ainda por cima, eram bombardeados com produtos como esse. Claro que os erros não são amenizados por isso, porém fica o alerta.
Assista ao documentário e compreenda: até hoje somos enganados pelo marketing feito com más intenções, mesmo com a infinidade de recursos que possuímos. Imaginem o grau de facilidade encontrado por Hitler e seu staff diante de uma nação que almejava por um futuro melhor... desesperadamente. Era isso que o III Reich prometia.
Um povo, um império, um líder.
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Bacana, Franz. Me instigou a conhecer o documentário. Parabéns por uma analise excelente.
ResponderExcluirParabéns Franz!!!!
ResponderExcluirCautela com as informações é muito importante.
Sobre esse tema versa " Chatô. O rei do Brasil" também.
Mais uma vez, parabéns !!!
Elias e Rainier... obrigado pelos comentários e o apoio. É ótimo ter o retorno dos leitores.
ResponderExcluirGrande abraço.
Franz.
otimo analize
ResponderExcluirEu vi o triunfo da vontade em dvd.realmente é isso mesmo.muito bem feito o documentário,ela era uma grande documentarista!
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