Por: Franz Lima. Curta nossa fanpage: Apogeu do Abismo.
Westworld: onde ninguém tem alma. 1973.
O filme escrito e dirigido por Michael Crichton mostra um
novo lazer para os que podem pagar. Trata-se de uma colônia de férias onde é
possível viver no mundo da Roma antiga, ser um habitante da Idade Média ou
sobreviver às agruras do Velho Oeste.
O ritmo inicial da narrativa é arrastado, lento,
principalmente se você estiver acompanhando a série Westworld. Aliás, um ponto
diferente é que esse parque de diversões tem três tipos de áreas, enquanto na
série há apenas o Velho Oeste.
Os diálogos do filme também são, inicialmente, maçantes.
Mesmo com os disparos e a ambientação não há muito que obrigue o espectador a
acreditar que está vendo realmente o Oeste bravio do fim do século XIX.
As interações entre homens e máquinas são sutis. O diretor
se valeu de um recurso para evidenciar que uma máquina está em cena: os olhos
brilham.
Um ponto em comum com a série de 2016 está nas equipes de
emoção, responsáveis por recolher os corpos dos robôs após algo que os tire de
ação. Os reparos são bastante simples, algo esperado, já que se trata de um
filme de 1973. São 43 anos de diferença entre uma produção e outra. 43 anos de
avanços tecnológicos que permitem ao espectador de hoje uma sensação de
veracidade maior.
Os problemas.
Assim como estamos vendo na série da HBO, Westworld começa a
dar indícios de problemas com as máquinas. Teoricamente tudo está dentro do
previsto, mas...
“Em alguns casos, os robôs foram projetados por outros
computadores. Não sabemos exatamente como eles funcionam.”
Há uma coerência ainda não observada na série. Os atos dos
convidados são postos sob questionamento. Logo, se há uma morte provocada por
um convidado, o mesmo será preso, exceto em casos onde a lei o ampare. Existe
um xerife para impor a ordem e isso é feito.
O uso de humor em algumas cenas não me agradou. A narrativa
era para ser tensa e isso não tem efeito quando estamos diante de um pastelão.
As lutas foram prejudicadas por esse tom humorístico.
Então, de forma inesperada, as máquinas passam a ter
controle sobre si mesmas. Mais do que isso, elas aparentam ter raiva de quem
lhes fez mal anteriormente. Há um massacre e nada pode ser feito pelos técnicos
e engenheiros que controlam o parque.
As interpretações são limitadas pelos conhecimentos e noções
do que seriam robôs ou ciborgues à época. Algo que não apreciei foi a
desativação de todas as máquinas, exceto o cowboy interpretado por Yul Brynner e uma outra que serve apenas como figuração.
No final, a aparência que temos é a de um teatro, não um filme. Algumas coisas
poderiam ser aprimoradas, mas o que permanece é o legado de um filme de ficção
onde o Velho Oeste é o ambiente principal.
Westworld é uma amostra do talento de Michael Crichton e do
potencial da trama que, apenas agora, foi explorado em toda a sua magnitude.
O filme é bem simplório, porém serve como uma noção daquilo
que teremos – em maiores proporções – na série da HBO.
P.S.: o subtítulo em português (onde ninguém tem alma) é uma clara referência ao comportamento desregrado e amoral dos visitantes.
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