Pular para o conteúdo principal

Resenha do livro: O documento R - Irving Wallace

Autora: Priscilla Rubia

“Quem cede a sua liberdade essencial em troca de um pouco de segurança temporária, não merece nem liberdade nem segurança.”
Benjamin Franklin – Frase exposta em O Documento R

         Os Estados Unidos estão em uma crise criminal enorme. Há assassinatos, assaltos, até ataques à Casa Branca já ocorreram, feitos pelos próprios americanos.
         Diante disso, o diretor do FBI, Vernon T. Tynan cria a Emenda 35 e a expõe ao presidente, que concorda ser a única solução. A Emenda 35 diz que, durante uma emergência nacional, que põe em risco a nação, a Declaração de Direitos pode vir ao chão, podendo o governo utilizar de todas as maneiras possíveis de acabar com o estado de emergência. Após solucionada, a Declaração de Direitos entra em vigor novamente. Parece exagerado demais, mas não vêem outra solução para o problema. A estatística de crimes cresce a cada dia.
         Para fazer a Emenda ser lei, precisam da votação dos estados e se a maioria concordar, ela é aprovada.
         Algumas pessoas não concordam com a Emenda e outras não sabem o que pensar. Uma delas é o Procurador-Geral dos EUA, Chris Collins. Ele acha a medida um tanto exagerada, que poderiam sim obter outras maneiras, mas confia no seu presidente e concorda parcialmente com a Emenda. Até que é chamado urgentemente para ver o Coronel Baxter no hospital. Baxter era o Procurador-Geral antes de Chris e estava em um estado de coma há algumas semanas. Infelizmente, Chris chega tarde demais e não pode ouvir a mensagem de Baxter. Porém, antes de morrer, ele se confessou ao padre e disse algo a respeito de um documento chamado Documento R, algo muito importante... e perigoso.

“Foi a 35... O Documento R... perigo... muito perigoso... Deve ser desmascarado a todo custo... O Documento R é...” – Pg. 80

Chris encabulado começa a pesquisar sobre o tal documento e acaba descobrindo uma grande conspiração que põe não só a sua vida em risco, mas a de todo o país.

O livro é muito interessante. Para quem não sabe o que é a Declaração de Direitos – só fui saber exatamente o que era lendo o livro – o livro nos expõe o que ela protege e como seria o país caso ela morresse:
A Emenda 1ª assegura liberdade de religião, de imprensa e de palavra, bem como os direitos de reunião e petição. O que aconteceria se isso acabasse? Existiria somente uma igreja e somente uma religião. Você seria obrigado a ir naquele local ou em nenhum. Existiria somente um jornal que publicaria somente o que o governo autorizasse. A televisão poderia transmitir só o que o governo assumisse como apropriado. Estações de rádio também seriam monitoradas. Falar mal do governo ou do que ele protege está fora de questão, você seria preso se o denunciassem. Isso entre outras coisas...
O autor
A Emenda 2ª dá ao cidadão o direito de possuir armas, a 3ª diz que nenhum soldado pode ser pego numa residência particular sem o consentimento do proprietário, a 4ª dá às pessoas o direito de viver a salvo de buscas absurdas e arbitrárias... Acho que já deu para entender como seria um país onde esses direitos não fossem existentes.
Então, o crime certamente acabaria e com ele, a liberdade.
A luta de Chris é constante durante todo o livro para fazer valer esses direitos e acabar de vez com a 35, o que não é fácil.
O livro é menos complexo – e menor – do que o último de Wallace que li – Os Sete Minutos. Porém o suspense que o livro carrega não é menor, há também frustrações que nos dão muita raiva...

A história em si me fez pensar bastante no crescente caso de censura que podemos ver na internet. É claro que é bem diferente do que aconteceria em um país, mas nos dá uma noção do grande buraco que a censura nos causa.
Devorei o livro em poucos dias, a leitura é fácil e nos prende. Só achei que algumas coisas foram solucionadas fáceis demais, gostaria que os mocinhos sofressem mais um pouco hahaha, mas isso não tira o prazer da leitura em momento algum. Leiam O Documento R e dêem suas opiniões.

Ficha Técnica:
Editora: Record
Autor: Irving Wallace
Origem: Estrangeira
Título original: The R Document
Ano: 1976
Número de páginas: 297
Livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/16367

Comentários

  1. Poxa, essas histórias de chegar um grupo e arquitetar jogadas de pode sempre me cheira à conspiração. Interessante com a trama parece mesclar paranoia com dados reais, algo muito comum até na vida real. Esse livro é recente? Pergunto isso porque me lembrei que o movimento "Ocupe Wall Street" é tão perseguido e sufocado, assim como outros agora que lutam contra a censura na internet. Esse livro está muito bem situado no momento que os EUA estão vivendo. Parabéns pela resenha!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não é recente Ed, mandei a ficha técnina pro Franz via email, mas acho que chegou tarde demais xD

      Ficha Técnica:

      Editora: Record

      Autor: Irving Wallace

      Origem: Estrangeira

      Título original: The R Document

      Ano: 1976

      Número de páginas: 297

      Livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/16367

      Excluir
  2. Pois bem, achei esse livro por acaso e comprei (R$ 2,00 num sebo, no centro da cidade!!!), estava num estado não mt bom, mas dava p/ ler e tals.... bem, a história não me puxou mt, pensei q fosse mais um daqueles livros q enchem linguiça com ceninhas d ação q vão se tornando mais pesadas entre mocinho e bandidos... Precisava msm dessa resenha p/ poder começar a me interessar e, consequentemente, a lê-lo. Respondendo a pergunta feita acima, o livro, se não me engano, data de 1976. Bem velhinho, por sinal, mas realmente nos remete ao cenário contemporâneo mundial. Nos faz pensar sobre questões abordadas no livro agora em nosso tempo. Mas enfim, a resenha está mt boa, me fez querer ler o livro ainda mais. Dei uma olhada nos outros livros de Wallace, têm eles um conteúdo bem diferente do q é abordado no "O Documento R"(mas eu li a sinopse superficialmente e passei um olhar rápido no conteúdo das páginas). Obrigado e parabéns pela resenha.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eudes, esse livro do Wallace é bom, mas um que achei bem melhor é Os Sete Minutos http://apogeudoabismo.blogspot.com/2012/01/resenha-os-sete-minutos-irving-wallace.html Ele é maior, mas mto mais complexo, com uma história que achei ótima.
      Que bom que lhe incentivei a lê-lo, acredito que não irá se arrepender =)
      Obrigada pelo comentário! Abraços!

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Bethany Townsend, ex-modelo, expõe bolsa de colostomia de forma corajosa.

Bethany Townsend é uma ex-modelo inglesa que deseja, através de sua atitude, incentivar outras pessoas que sofrem do mesmo problema a não ter receio de se expor. Portadora de um problema que a atinge desde os três anos, Bethany faz uso das bolsas de colostomia  que são uma espécie de receptáculo externo conectado ao aparelho digestivo para recolher os dejetos corporais, e desejou mostrar publicamente sua condição.  Quero que outras pessoas não tenham vergonha de sua condição e é para isso que me expus , afirmou a ex-modelo. Bethany usa as bolsas desde 2010 e não há previsão para a remoção das mesmas.  Eu, pessoalmente, concordo com a atitude e respeito-a pela coragem e o exemplo que está dando. Não há outra opção para ela e isso irá forçá-la a viver escondida? Jamais... Veja o vídeo com o depoimento dela. Via BBC

Suzane Richthofen e a justiça cega

Por: Franz Lima .  Suzane von Richthofen é uma bactéria resistente e fatal. Suas ações foram assunto por meses, geraram documentários e programas de TV. A bela face mostrou ao mundo que o mal tem disfarces capazes de enganar e seduzir. Aos que possuem memória curta, basta dizer que ela arquitetou a morte dos pais, simulou pesar no velório, sempre com a intenção de herdar a fortuna dos pais, vítimas mortas durante o sono. Mas investigações provaram que ela, o namorado e o irmão deste foram os executores do casal indefeso. Condenados, eles foram postos na prisão. Fim? Não. No Brasil, não. Suzane recebeu a pena de reclusão em regime fechado. Mas, invariavelmente, a justiça tende a beneficiar o "bom comportamento" e outros itens atenuantes, levando a ré ao "merecido" regime semi-aberto. A verdade é que ela ficaria solta, livre para agir e viver. Uma pessoa que privou os próprios pais do direito à vida, uma assassina fria e cruel, estará convivendo conosco, c

Pioneiros e heróis do espaço: mortos em um balão

* Há exatamente 100 anos subir 7400 metros, num balão, era um feito memorável. Consagrados por isto, três franceses - Sivel, Crocé-Spinelli e Tassandier - resolveram tentar uma aventura ainda mais perigosa: ultrapassar os 8 mil metros de altitude. Uma temeridade, numa época em que não existiam os balões ou as máscaras de oxigênio e este elemento precioso era levado para o alto em bexigas de boi com bicos improvisados. Uma temeridade tão grande que dois dos pioneiros morreram. Com eles, desapareceu boa parte das técnicas de ascensão da época que só os dois conheciam. Texto de Jean Dalba Sivel No dia 20 de abril de 1875, mais ou menos 20 mil pessoas acompanhavam à sua última morada, no cemitério de Père-Lachaise, os despojos de Teodoro Sivel e de Eustáquio Crocé-Spinelli - os nomes, na época da produção do artigo, eram escritos em português para facilitar a leitura e "valorizar" nossa própria cultura. A grafia correta dos nomes é Théodore Sivel e Joseph Eustache Cr