Pular para o conteúdo principal

Especialista alerta para perigos de guerra cibernética

Fonte: Último Segundo. Via: New York Times
Quando Eugene Kaspersky, fundador da maior empresa de programas antivírus da Europa, descobriu o vírus Flame, que está atingindo computadores no Irã e no Oriente Médio, ele se viu diante de uma ameaça tecnologicamente sofisiticada que só poderia ter sido criada por um governo.
Ele também reconheceu que o vírus, que comparou com o Stuxnet, construído por programadores empregados pelos Estados Unidos e Israel, reforça seus alertas sobre os graves perigos representados por governos que fabricam e lançam vírus na internet.
"As armas cibernéticas são a inovação mais perigosa deste século", disse ele a um grupo de executivos da empresa de tecnologia CeBIT Australia no mês passado em Sydney, Austrália. Os vírus usados pelos Estados Unidos e Israel para retardar a fabricação de armas nucleares pelo Irã poderiam ser usados para interromper redes de energia, abalar sistemas financeiros ou mesmo causar estragos a defesas militares.
Há anos empresas de segurança informática têm usado sua descoberta de um novo vírus ou worm para chamar atenção para si mesmas e ganhar mais negócios com empresas que buscam proteção. Kaspersky, um especialista em segurança digital da Rússia, e sua empresa, a Kaspersky Lab, não são diferentes. Mas ele também tem usado o papel central de sua empresa para descriptografar três vírus de computador que aparentemente pretendiam desacelerar ou interromper o programa nuclear iraniano e pedir um tratado mundial que proíba qualquer tipo de ciberguerra.
Um número crescente de Estados usa armas digitais, diz ela, porque são "milhares de vezes mais baratas" do que os armamentos convencionais. Embora empresas de antivírus consigam pegar alguns, apenas um tratado internacional que proíba as agências militares de criar espiões cibernéticos vai realmente resolver o problema.
A ampla divulgação dos detalhes do vírus Flame pela Kaspersky Lab também parece destinada a promover a proibição de armas cibernéticas da mesma maneira que foram proibidos o gás tóxico e as balas expansivas dos Estados armados.
Isso coloca a empresa russa em uma posição difícil porque ela já enfrenta suspeitas de que ligação com o governo russo, acusações que Kaspersky tem constantemente rejeitado.
Embora as autoridades russas não tenham comentado a descoberta do vírus Flame, o ministro russo das telecomunicações fez um discurso em maio pedindo a proibição internacional da guerra cibernética. A Rússia também tem pedido um tratado bilateral com os Estados Unidos.
O governo americano também concorda em discutir um tratado de desarmamento com os russos, mas também têm tentado incentivar a Rússia a reprimir a criminalidade online, que floresce no país.
Os Estados Unidos há muito se opõem à cruzada russa pelo controle de armas cibernéticas. "Não há amplo apoio internacional para uma proibição", disse James A. Lewis, membro-sênior do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington. "Essa é uma manobra da diplomacia russa para derrubar a percepção de vantagem militar americana".
Muitos especialistas afirmam que a Rússia tem usado armas cibernéticas em disputas com a Estônia e a Geórgia, por exemplo.
Kaspersky disse que nunca cooperou com a Agência de Segurança Federal, a sucessora da KGB, já que o vírus Flame não representava uma ameaça para os cidadãos russos. O Kaspersky Lab, segundo ele, expôs o vírus livremente por trabalhar sob os auspícios de uma agência das Nações Unidas. Mas a empresa tem se mantido visivelmente em silêncio a respeito de vírus perpetrados em seu próprio quintal, onde organizações criminosas russas controlaam um terço do mercado global de cibercrime de US$ 12 bilhões no ano passado, segundo a empresa de segurança russa Grupo-IB.
Alguns dizem que há um bom motivo para isso. "Ele tem família", disse Sean Sullivan, assessor de segurança da F-Secure, uma empresa de segurança informática baseada em Helsinque. "Não esperaria que ele fosse mais agressivo em divulgar ameaças perto de casa por temer uma retaliação".
No ano passado, o filho de 19 anos de Kaspersky foi sequestrado por criminosos que exigiram um resgate. Os sequestradores aparentemente não tinham qualquer vínculo com as organizações criminosas online da Rússia, mas segundo Sullivan, "isso provavelmente abriu seus olhos".

Saiba mais lendo o artigo da IDGNow

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Bethany Townsend, ex-modelo, expõe bolsa de colostomia de forma corajosa.

Bethany Townsend é uma ex-modelo inglesa que deseja, através de sua atitude, incentivar outras pessoas que sofrem do mesmo problema a não ter receio de se expor. Portadora de um problema que a atinge desde os três anos, Bethany faz uso das bolsas de colostomia  que são uma espécie de receptáculo externo conectado ao aparelho digestivo para recolher os dejetos corporais, e desejou mostrar publicamente sua condição.  Quero que outras pessoas não tenham vergonha de sua condição e é para isso que me expus , afirmou a ex-modelo. Bethany usa as bolsas desde 2010 e não há previsão para a remoção das mesmas.  Eu, pessoalmente, concordo com a atitude e respeito-a pela coragem e o exemplo que está dando. Não há outra opção para ela e isso irá forçá-la a viver escondida? Jamais... Veja o vídeo com o depoimento dela. Via BBC

Suzane Richthofen e a justiça cega

Por: Franz Lima .  Suzane von Richthofen é uma bactéria resistente e fatal. Suas ações foram assunto por meses, geraram documentários e programas de TV. A bela face mostrou ao mundo que o mal tem disfarces capazes de enganar e seduzir. Aos que possuem memória curta, basta dizer que ela arquitetou a morte dos pais, simulou pesar no velório, sempre com a intenção de herdar a fortuna dos pais, vítimas mortas durante o sono. Mas investigações provaram que ela, o namorado e o irmão deste foram os executores do casal indefeso. Condenados, eles foram postos na prisão. Fim? Não. No Brasil, não. Suzane recebeu a pena de reclusão em regime fechado. Mas, invariavelmente, a justiça tende a beneficiar o "bom comportamento" e outros itens atenuantes, levando a ré ao "merecido" regime semi-aberto. A verdade é que ela ficaria solta, livre para agir e viver. Uma pessoa que privou os próprios pais do direito à vida, uma assassina fria e cruel, estará convivendo conosco, c

Pioneiros e heróis do espaço: mortos em um balão

* Há exatamente 100 anos subir 7400 metros, num balão, era um feito memorável. Consagrados por isto, três franceses - Sivel, Crocé-Spinelli e Tassandier - resolveram tentar uma aventura ainda mais perigosa: ultrapassar os 8 mil metros de altitude. Uma temeridade, numa época em que não existiam os balões ou as máscaras de oxigênio e este elemento precioso era levado para o alto em bexigas de boi com bicos improvisados. Uma temeridade tão grande que dois dos pioneiros morreram. Com eles, desapareceu boa parte das técnicas de ascensão da época que só os dois conheciam. Texto de Jean Dalba Sivel No dia 20 de abril de 1875, mais ou menos 20 mil pessoas acompanhavam à sua última morada, no cemitério de Père-Lachaise, os despojos de Teodoro Sivel e de Eustáquio Crocé-Spinelli - os nomes, na época da produção do artigo, eram escritos em português para facilitar a leitura e "valorizar" nossa própria cultura. A grafia correta dos nomes é Théodore Sivel e Joseph Eustache Cr