Rodrigo Mello Franco de Andrade |
Fonte: Estadão.
Ter na estante a edição de Velórios, de Rodrigo Mello Franco de
Andrade, lançada agora pela Confraria dos Bibliófilos, é privilégio de
apenas 351 pessoas. Fãs da Gucci têm que correr: só 100 exemplares do
livro sobre a história da marca estão à venda aqui, por R$ 520. Mais
exclusiva ainda é a edição de luxo, com fotos autografadas por
jogadores, de Nação Corinthians, obra com mais de 600 páginas e
28 quilos lançada pela Toriba no ano passado. Os 11 exemplares foram
vendidos em 30 dias. Custava R$ 15 mil. Ou então Cruzeiro, de
Lúcia Mindlin Loeb, neta do bibliófilo José Mindlin, que saiu pela
Tijuana em cinco exemplares - vendidos a R$ 4 mil. Desde 2010, a editora
lançou 12 livros - de R$ 50 e R$ 5 mil.
Esses são os extremos: livros de colecionador ou de artista, feitos
em tiragens reduzidíssimas, alguns assinados e numerados. Mas um novo
mercado tem se desenvolvido aqui e pode ser uma saída para o livro
impresso num futuro que se prevê digital (especialmente para obras de
entretenimento e pesquisa) - o de edições caprichadas, com um projeto
gráfico ousado, impressas em tiragens industriais e que cabem no bolso
de quase todos os leitores, ou pelo menos dos que valorizam o objeto
livro.
Velórios |
"Ficaríamos chocados se entrássemos numa livraria 30 anos atrás e
comparássemos com o que encontramos nela hoje. Os livros estão mais
bonitos e bem acabados", diz o livreiro e editor Alexandre Martins
Fontes. Há seis meses ele abriu uma loja de livros de arte na Avenida
Paulista e como editor vem investindo em projetos especiais - o
principal é a parceria com a indiana Tara, que faz tudo artesanalmente. A
primeira obra, A Vida Secreta das Árvores, teve a tiragem de 4
mil esgotada rapidamente e já foi reimpressa. "É um livro mais caro, R$
68,30, mas é barato pelo trabalho que tem por trás dele. No
fim, o leitor está comprando gravuras originais." Outros dois
semelhantes já foram editados e há mais dois em estúdio.
Na concorrência com o e-book, que tem basicamente o mesmo conteúdo e
custa cerca de 30% menos, a luta pode ser estética. Uma das principais
responsáveis pela nova cara do livro brasileiro é a Cosac Naify. "O
trabalho que realizamos em torno de um conceito do livro como um objeto
material é mais difícil de ser substituído pelo digital, pois aquilo que
ele oferece não tem um correspondente no digital. Refiro-me não apenas
ao fato de o livro ser bonito, mas sobretudo por ser pensado com um
objeto que deve expressar graficamente o seu conteúdo", explica
Florencia Ferrari, diretora da Cosac Naify.
Para ela, o tipo de identificação que se tem com um autor, com uma
obra literária, com uma ideia, ganha materialidade num objeto concreto
que se quer ter, guardar. A lógica não valeria para livros de consumo
rápido ou consulta.
Caprichar na edição é também uma forma de garantir mais espaço de
exposição nas livrarias. A Autêntica começou a acreditar nisso este ano e
lançou duas caixas com Mrs Dalloway, de Virginia Wolff, e Os Diários de Llansol, de Gabriela Llansol. A diretora Rejane Dias gostou da experiência e disse que outros serão feitos neste formato. Na lista, O Erotismo, de Georges Bataille.
Rafael Vido, da Geográfica, conta que as novas exigências das
editoras fez com que sua empresa se especializasse em produtos mais
complexos. Porém, de olho no futuro, já faz e-book. "Hoje o Brasil tem o
que há de mais moderno em tecnologia, mas a carga tributária é pesada."
Resultado: fica difícil concorrer com a China, que, também nesse
mercado, já oferece custos mais baixos.
Roger Faria, sócio da Toriba foi até Pequim, mas escolheu produzir os
seus livros na Itália - pela excelência gráfica. Oito projetos estão em
andamento. Para o Natal, sai o volume sobre Roberto Carlos. "Esse
mercado é promissor e só está começando no Brasil."
Franz says: o apuro em um livro, uma capa bem feita, uma edição autografada ou rara são um investimento que sempre terá boa aceitação pelo público. Edições limitadas e boxes são um exemplo claro do poder de venda. Com tiragem reduzida, papel especial, capas em relevo e outros atrativos, várias editoras conseguem um substancial lucro e, paralelamente, os leitores adquirem exemplares dos quais terão orgulho de ostentar. É um pouco de vaidade, admito, porém é algo que jamais será alcançado pelos e-books, mesmo os que utilizam sons, imagens em movimento ou outros recursos similares.
Pode parecer um tanto quanto saudosista, mas ainda vejo beleza em uma estante com obras de grande valor literário e, claro, beleza e apuro em seu acabamento.
Franz says: o apuro em um livro, uma capa bem feita, uma edição autografada ou rara são um investimento que sempre terá boa aceitação pelo público. Edições limitadas e boxes são um exemplo claro do poder de venda. Com tiragem reduzida, papel especial, capas em relevo e outros atrativos, várias editoras conseguem um substancial lucro e, paralelamente, os leitores adquirem exemplares dos quais terão orgulho de ostentar. É um pouco de vaidade, admito, porém é algo que jamais será alcançado pelos e-books, mesmo os que utilizam sons, imagens em movimento ou outros recursos similares.
Pode parecer um tanto quanto saudosista, mas ainda vejo beleza em uma estante com obras de grande valor literário e, claro, beleza e apuro em seu acabamento.
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