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Antes de Watchmen: Ozymandias. Resenha da mais elaborada graphic novel da série

Por: Filipe Gomes Sena (colaborador master do Apogeu)

            Como comentei nos meus outros textos sobre Antes de Watchmen, quando eu soube do esquema de publicação das minisséries, cada uma para um personagem, imediatamente fiz o meu top 4 e aguardei pacientemente pelas publicações. Da minha lista o ultimo a ser publicado foi justamente aquele que ocupava a quarta posição. Estou falando de Antes de Watchmen: Ozymandias.
           
A minissérie foi publicada em 6 partes e lançada em um encadernado de 148 páginas com o preço de  capa de R$ 16,90. Mais uma vez  com duas versões de capa, assim como as demais publicações da série. O roteiro fica por conta de Len Wein e quem assina a arte é Jae Lee.
            A história abandona o que estava sendo feito com os outros personagens e volta pra o que foi feito com a  história do Coruja, ou seja, na Antes de Watchmen de Ozymandias temos, de fato, uma história de origem. Ao longo das seis edições nós vemos Adrian Veidt narrando a sua própria história. Desde sua infância até uma época muito próxima do inicio dos eventos de Watchmen.
            A forma como a história é narrada é bem interessante. Adrian tem, devido a sua genialidade, uma tendência a diminuir todos os outros que fizeram parte da sua vida, sempre exaltando as suas próprias qualidades e inteligência. Apesar disso tudo  é descrito de maneira muito pessoal, mas bastante sincera.
           

Chamou minha atenção também o fato de Adrian mudar muito pouco ao longo dos anos. A sua personalidade é praticamente a mesma desde a infância. O que muda é justamente a percepção do mundo e o amadurecimento, bastante precoce inclusive, do personagem. A forma como ele sempre buscou melhorar física e intelectualmente, criando dificuldades para si mesmo como forma de mostrar que nada que ele tinha vinha de alguma facilidade que ele teve na vida, contando apenas com os seus dons para alcançar o sucesso. Isso também o conduziu ao caminho do combate ao crime.
           
Fica claro que Ozymandias entra para a lista de justiceiros mascarados pelo simples fato de se considerar capaz de fazer isso tão bem ou melhor do que qualquer um dos outros que estavam na ativa. Ele trata isso de uma forma bem banal e ao narrar seus encontros com bandidos dos mais diversos tipos, fica claro que eles são enxergados ainda menores do que as outras pessoas. Mas apenas um dos personagens não é tratado dessa maneira por Adrian Veidt: o Dr. Manhattan.
            A relação dos dois é bem interessante. Dr. Manhattan é, de fato, o único que Ozymandias não pode superar. Mas mesmo assim ele pode se aproveitar das habilidades do Doutor para desenvolver uma tecnologia bastante avançada. Porém isso ocorre de maneira bem oportunista, pois boa parte dessa tecnologia vem da falha de Adrian em conseguir replicar as capacidades de teletransporte do Dr. Manhattan. Fato que tem ligação direta com os eventos de Watchmen.
            A arte de Jae Lee (que deu vida à série A Torre Negra) me deixou impressionado. A narrativa visual, o uso das sombras e a diagramação dos quadros dão um ar bastante interessante à leitura dessa história. Ele usa com maestria o seu traço excelente pra emprestar às memórias de Ozymandias o ar surreal que tão bem combina com uma narrativa baseada em lembranças. Alguns detalhes espalhados pelo desenho também ajudam a compor aquela que eu considero a melhor arte da série até agora.

            Em resumo, Antes de Watchmen: Ozymandias superou todas as minhas expectativas. Boa história e uma arte de cair o queixo. Uma leitura muito boa e a melhor publicação da série até agora. Não tenho certeza se os números restantes conseguirão atingir um nível tão alto, mas espero que não fiquem muito atrás. 

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