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Onde começam e terminam os direitos dos LGBT.

Por: Franz Lima
Honestidade é uma marca em todos os textos que produzo para o Apogeu. São quase três anos publicando resenhas e matérias onde nunca tive medo de opinar com verdade.
Então, eis uma matéria que pode parecer polêmica, porém não vejo motivos para não falar sobre o assunto.
Recentemente o candidato à presidência Levi Fidelix abordou a temática gay de forma extremamente preconceituosa. Suas palavras surtiram o efeito contrário ao que ele talvez esperasse e, hoje, o político tornou-se uma das figuras públicas mais odiadas.
Bem, vamos aos fatos...
O gay, a lésbica ou qualquer outra denominação a um indivíduo que tenha uma vida sexual diferente da heterossexual jamais deixará de ser um cidadão e um ser humano como outro qualquer. Eles pagam impostos, trabalham, vivem e sonham como qualquer outra pessoa. São homens e mulheres que obtém prazer de uma forma não tradicional, porém merecem nosso respeito e amizade.

Eis dois exemplos para ilustrar a incoerência do preconceito:
Em uma sala, hipoteticamente, há quatro pessoas. Entre elas há um homossexual, mas o fato é que sua vida depende, naquele momento, das bolsas de sangue que eles doarão. Não há outros doadores. Você irá descartar essa doação por ser um dos doadores gay? Ele negará o sangue e irá preferir morrer, mesmo sabendo que todos os quatro estão com o sangue em condições perfeitas para a doação? Creio que não.
Você está em um ônibus lotado e uma mulher grávida para em frente ao seu banco. Ela sofre com o calor e a movimentação intensa do carro e passageiros. Ela fala ao telefone com a namorada. Diz claramente "Te quero, minha linda. Vamos ser felizes com nosso filho" para a mulher do outro lado da linha. Isso o impedirá de ceder a vaga, apenas por ela ser lésbica?
Homens e mulheres integrantes do movimento LGBT não são monstros. Não estamos falando de assassinos ou pessoas de sangue frio. Eles não jogaram a filha de uma janela, não mataram os próprios pais com pancadas, não ocultaram o corpo da namorada em um rio. Eles merecem nosso respeito. 
Não gosta? Então basta levar sua vida do mesmo modo que antes. A "invasão" gay é fruto de uma maior liberdade de expressão e tolerância, o que não significa 'liberalidade' ou 'libertinagem'.
Muitos ainda se chocam quando alguém fala um palavrão ou beija com tesão seu parceiro(a).  Mas estas mesmas pessoas não fazem alarde quando essas atitudes ocorrem em um canal do youtube ou quando o contexto é o humor.  Uma celebridade fazendo sexo com alguém do mesmo sexo choca mais do que a situação de desespero em que se encontram os reservatórios de água na região sudeste. E o que eu quero dizer com isso tudo? Simples. Temos um senso de moral muito afiado para o imediatismo, para o que está na moda. Não há uma preocupação a longo prazo com aquilo que realmente importa. Somos direcionados pela mídia e as redes sociais. Sim, somos manipulados a todo instante.
A causa gay tem inúmeros defensores, fruto de um longo período de perseguição, bullying, tortura e morte. Esse grupo deve ter direitos. Fato. Entretanto, esses direitos cessam quando começam os das outras pessoas. Não é aceitável que um casal gay troque carícias íntimas em locais públicos, assim como um casal hetero também não deve fazê-lo. Excesso de zelo da minha parte? Não, apenas devemos ter em mente que certos comportamentos devem ser ÍNTIMOS. As pessoas ao redor não precisam saber que o casal X ou Y está quase enlouquecido pela vontade de transar. No momento certo eles irão se satisfazer, mas nunca em público. Isso não é pudor. Isso é respeito pelo próximo que, invariavelmente, não deve ser agredido pelos impulsos sexuais ou afetivos de casais, sejam quais forem as orientaçõe sexuais deles. 
Outras atitudes podem ser citadas, mas a acima serve para ilustrar o que desejo evidenciar. O excesso de liberdade é agressivo. E isso se torna ainda mais agressivo quando fica claro que um grupo age tendo como base o temor imposto ao grupo antagônico, cujos bloqueios são fruto de leis ou normas que podem ser usadas de forma equivocada. Um claro exemplo disso está na autoridade que se cala diante de um grupo cujas atitudes chocam (palavras ditas em voz alta em locais impróprios, atos libidinosos, afronta evidente contra os presentes, carícias excessivas em locais públicos, uso de drogas, etc.). Esse silêncio é o resultado do medo de ser enquadrado por "perseguição às minorias". A justiça tem que ter como base a essência de seu próprio nome. Punição para os perseguidores, matadores e torturadores dos gays. Punição para quem se vale de sua condição sexual para ofender e chocar. Pesos iguais, medidas iguais.
Homens, mulheres e crianças devem ter seus direitos respeitados. Também devem respeitar os direitos alheios para que a balança da igualdade não penda favoravelmente para grupos isolados. Seja qual for sua orientação sexual, sua religião, sua cor ou região onde nasceu, ninguém pode taxá-lo por isso. Porém seus direitos são limitados pelo princípio da igualdade. A lei deve tratar a todos como iguais, sem distinções. Claro que isso ainda é utopia, porém não podemos parar de lutar por esse sonho.
Muito mais pode ser dito sobre o assunto, indubitavelmente. Creio na liberdade de expressão, nos direitos que a lei nos dá. Creio, sobretudo, no direito à vida, no direito à felicidade, independentemente de credo, cor, religião ou opção sexual. 
Nós nos preocupamos demais com as intimidades dos outros, com suas escolhas, sem que isso implique em significar auxílio ou compreensão ao próximo. Triste realidade.
Que cada um viva sua vida, seja feliz e tenha direito a fazer as escolhas que melhor lhe aprouver, desde que essas escolhas não sejam maliciosas e ofensivas contra aqueles que o cercam. Liberdade é um direito. Respeito ao próximo é um dever.


 

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