Por: Franz Lima. Curta nossa fanpage: Apogeu do Abismo.
Desde que a revolução Industrial ocorreu no século XIX, as
máquinas têm sido uma preocupação que atormenta o ser humano. São visíveis os
progressos obtidos pela tecnologia, assim como também são notórios os temores
diante das inovações.
Isaac Asimov escreveu muito sobre o tema da tecnologia
sobrepujando a humanidade. Alguns filósofos meditam acerca do domínio
tecnológico, da presença massiva das revoluções industriais que ocorrem a cada
novo dia, no nosso cotidiano. O filme Matrix mostrou, ainda que de forma
grandiosa, os efeitos de uma sociedade cujos anseios por evolução e comodidade
tecnológica podem trazer. Em o
Exterminador do Futuro, as máquinas são o vilão, responsáveis pelo quase
extermínio dos humanos.
A teoria da criatura se voltando contra o criador está
presente no inconsciente humano, seja por meio de histórias como Frankenstein,
seja pelo notório medo do uso da tecnologia para melhorarmos. Células-tronco
são uma solução para uma ainda inexplorada gama de males, mas isso não justifica
– na visão de uma grande quantidade de pessoas – o uso de tal artifício.
Seja como for, olhe ao redor e confirme uma realidade: a
tecnologia e as evoluções (comodidades e benefícios) não podem ser negadas.
Também não poderá negar que elas quando mal usadas podem ser ruins. Guerras,
desvio de dinheiro público, manipulação de opinião, formação de crenças,
criação de doenças, notícias falsas... tudo isso e muito mais fazem parte de
uma era digital na qual tudo é possível, inclusive a prática do mal.
Transcendence é um filme diferente, ambientado em um
presente cujas novidades tecnológicas unem as pessoas, mas também afastam. A
Era Digital é uma realidade onde cada vez mais as pessoas se afastam
fisicamente para estar próximas digitalmente. A frigidez diante do próximo
virou rotina. O descaso pela vida alheia é notório e preocupante. As pessoas
estão mais isoladas, mesmo com incontáveis amigos no mundo virtual. Diante
deste quadro sinistro e escondido pelo virtual, um grupo de radicais procura
acabar com a possibilidade de criação de uma inteligência artificial incompreensível,
capaz de tomar decisões independentes, capaz de se aproximar da consciência
humana.
Tal como anunciado em obras de mestres da ficção como
Asimov, Transcendence mostra um casal de cientistas que busca o melhor para o
mundo através da tecnologia. Will Caster (Johnny Depp) é um pesquisador de
grande influência no campo da I.A., apoiado por sua esposa Evelyn (Rebecca
Hall). Eles querem usar a I.A. para promover a cura de doenças, a melhoria da
qualidade de vida das pessoas. Suas intenções são as melhores, porém causam
desconfiança e medo por parte de um grupo contrário à tecnologia, liderado por Bree (Kate Mara). Em meio a
esse cenário, um atentado ocorre e mata um grande número de pesquisadores. Will
e Evelyn sobrevivem, assim como seus amigos Joseph (Morgan Freeman) e Max (Paul
Bettany). Eles são os mais hábeis em nanotecnologia e inteligência artificial.
São o futuro das pesquisas nesses campos.
Entretanto um fato é descoberto. Will foi contaminado por um
projétil envenenado com radiação. Sua vida acabará rapidamente, o que leva
Evelyn e Max a um ato extremo para salvá-lo: converter sua essência em I.A.,
mesclando-a a uma poderosa rede de computadores chamada P!NN. Will morre
fisicamente, mas sua essência permanece intacta na forma de algo jamais visto,
uma forma virtual de inteligência que o trouxe novamente à vida. Will transcendeu
a morte através das máquinas.
O que verão a seguir é um notável debate sobre os limites do
homem. A que custo os sonhos poderão ser realizados? É ético impor sua verdade
sobre a de outros? É ético anular pessoas de suas vontades em prol de um futuro
melhor?
Transcendence toca a todo instante nesses detalhes que podem
separar um sonhador de um ditador. Will retorna e se aprimora a cada instante.
Evelyn é sua parceira e ajuda-o a concretizar algo antes impensável. Mas a cada
segundo vocês terão novas cartas à mesa, cada uma delas mostrando que o jogo
pode ficar mais perigoso, mostrando que as apostas estão ficando altas demais.
Assim sendo, o filme parte para um conflito filosófico onde
as ações de homens e máquinas irão mostrar que os maiores males partem de nossa
essência humana.
A utópica vida perfeita pode ser alcançada um dia, desde que
seja por vias justas, sem a imposição de ideologias... sem a submissão de
pessoas às vontades de outras.
Recomendo Transcendence por mostrar um futuro possível,
principalmente diante de nosso descaso e desconhecimento do que ocorre no mundo
virtual. Somos alienados que se valem de programas e interfaces fáceis de usar,
porém por nós desconhecidas. Transcendence relembra algo muito importante: os
maiores males não foram feitos por máquinas; foram feitos por quem as criou e
manipulou.
Como disse antes, mais do que um filme, Transcendence é um
exercício de reflexão sobre temas controversos como religião, ditaduras,
tecnologia e a facilidade com que nós, humanos, nos entregamos a soluções
rápidas e fáceis. Somos manipuláveis por conta de nosso egoísmo ou apenas
queremos ser felizes?
Que me perdoem os fãs de filmes cuja única finalidade é
divertir, já que também gosto desse tipo de entretenimento, mas é bom ter algo
na indústria do cinema que fuja da ação sem sentido ou de temas simples. Pôr a
mente para refletir, meditar sobre quem somos e o que iremos nos tornar é algo
que dever ser feito com mais constância. Esse longa-metragem é uma das
ferramentas que pode ser usada para isso.
Dados Técnicos:
Dados Técnicos:
Direção: Wally Pfister
Música composta por: Mychael Danna
Roteiro: Jack Paglen
Produção executiva: Christopher Nolan, Emma Thomas, Dan
Mintz
Lançado no Brasil em 1º de maio de 2014.
Pois não é tão ruim do filme. Eu gostei, havia muitos elementos que pareciam muito atraente para mim, a sequência de ideias foi bom, mas alguma coisa aconteceu durante esse filme que não se conformava Trascender; no entanto, é um muito interessante para quem gosta de filme de ficção científica, o colapso da humanidade e do governo conspirações. Ele tem seus contras, mas é definitivamente interessante perguntar-nos mesmo com filmes, dilemas éticos que existem na ciência e desenvolvimento. Nós dois estamos dispostos a sacrificar a nossa ética e morais, a fim de salvar vidas; um debate que queima quando se trata de células, nanotecnologia e ciência médica-tronco.
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