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Análise da graphic novel “Um pedaço de madeira e aço”. Arte através do silêncio e emoções!

Uma das mais respeitadas formas de arte está representada pelo cinema mudo. Com apenas imagens, o cinema mudo emocionou, contou histórias e fez História.
Seguindo a premissa acima, a Nona Arte nos brindou com uma obra-prima da narrativa gráfica, chama “Um Pedaço de Madeira e Aço” (Vents d´Ouest), graphic novel de autoria do consagrado Christophe Chabouté ou simplesmente Chabouté, recentemente lançada pela editora Pipoca & Nanquim.
A obra conta, basicamente, as histórias “presenciadas” por um banco de praça (daí o pedaço de madeira e aço do título).
Sem o uso de um único diálogo, Chabouté consegue transmitir ao “leitor” a nítida impressão da passagem do tempo, das emoções vividas e, sobretudo, dos diálogos que deveriam existir nas cenas de ação ao longo de toda a graphic.
O apuro de “Um pedaço…” é tão impressionante ao ponto de o espectador (sim, essa é a melhor classificação para o público da HQ) sentir-se embutido na trama. Há, para melhor expressar, uma empatia entre o “espectador” e as situações e personagens que as vivem.
Frente ao passar do tempo, suas ações sobre as pessoas e ambientes, Chabouté cativa ao dar veracidade àquilo que os desenhos mostram. Muitos escritores não conseguiriam passar com a grandeza de Chabouté a mesma história. Ele, munido de nanquim e um roteiro muito interessante, é perfeitamente compreensível e conciso nas ideias e ideais que deseja passar.
Para melhor compreensão do que já foi dito, atentem que o autor une homens, mulheres e crianças ao redor de um simples banco. Tudo que eles sentem, pensam e fazem é testemunhado por essa peça inanimada, mas, ao longo da trama, criamos um apreço por aquela peça de madeira e aço. Chabouté dá vida ao puramente material, assim como em uma animação da Pixar, porém sem os movimentos presentes em um desenho animado e/ou os diálogos.

Algumas dessas micro-histórias são memoráveis e, entre elas, destaca-se a trama do casal de crianças, do mendigo, a de um guarda e a do transeunte que jamais consegue descansar em paz e contemplar a vida sentado no banco da praça.
Muito mais há para ser dito sobre “Um Pedaço de Madeira e Aço“, porém é preferível que você leitor/espectador descubra por conta própria. A obra é um achado, arte em estado puro… como você mesmo comprovará.
Parabéns aos editores do Pipoca & Nanquim por trazer ao país este representante maravilhoso da Nona Arte, ainda mais com o acabamento simplesmente impecável que já é característico de todos os livros e quadrinhos por eles publicados.

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