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Se algo acontecer... Te amo. Review de um belo curta-metragem da Netflix.


Dirigido e roteirizado por Will McCormack e Michael Govier,
Se algo acontecer... te amo (If anything happens I love you) é um curta-metragem de animação que narra a vida de um casal. Até aí, nada demais, mas há algo por trás do relacionamento deles, algo muito ruim.

Sem a necessidade de palavras, apenas uma música de fundo, a obra conduz o espectador até o cerne da questão, aquilo que transformou um casal feliz em pessoas distantes. Esse distanciamento é bem representado – logo no início – pela mesa onde ambos jantam; ela é grande, impessoal e mantém cada um em um extremo, separados apenas por uma flor murcha em um vaso tão cinza quanto eles.

O que será que levou essas duas pessoas (que optaram por serem parceiros na vida) a se entristecerem ao ponto de quase ruptura? A resposta, indubitavelmente, irá chocar.

Emoção e dor.

O curta mostra com muita leveza, emoção e beleza, as mudanças ocorridas na vida de um casal que tinha uma filha, aquilo que lhes trazia alegria. Bem cedo o espectador descobre que ela se foi, levando consigo parte da alegria que unia os pais. Então, diante desse novo e assustador quadro, ambos mergulham em uma solidão acompanhada, aquela onde a presença do outro é quase insignificante.

Não há culpa. Há apenas a lacuna que uma tragédia deixa. O amor entre eles não morreu, porém foi abafado diante do vazio que a morte provoca, diante da inexistência de um futuro para a pessoa que eles amaram como jamais fizeram antes.

Coragem.

A morte violenta e trágica da filhinha do casal é impactante. Mesmo sem a menor violência gráfica, o curta entrega os instantes finais de sua vida e remete o espectador a tantos outros momentos iguais onde a loucura gerou o caos e a morte.

Os idealizadores deste curta-metragem foram corajosos ao tocar em uma ferida que, vez ou outra, novamente é exposta. A perda de vidas inocentes é sempre um assunto delicado e, nesta obra, eles foram extremamente sensíveis à dor e perda dos que sobreviveram a essa provação.

A coragem também está no fato da condução do espectador até o momento que justifica o título da obra. Impecável!

Anjos da Guarda.

Algumas silhuetas estão sempre por perto da família. Cada integrante tem a sua e, na minha interpretação, eles são como Anjos da Guarda, seres que nos acompanham e ajudam nos momentos bons e ruins.

Em Se algo acontecer... te amo, eles são usados como ferramentas narrativas, cuja reformulação dá maior dinâmica à mensagem passada em cada cena, já que os diretores e roteiristas optaram por não usar das palavras. Aliás, o silêncio (literalmente a ausência de palavras) serve para mostrar a maturidade dos que idealizaram a obra, além de incitar a reflexão por parte do espectador.

O uso das memórias afetivas é outro ponto simplesmente emocionante, visto em várias passagens da obra.

Tempo.

O tempo nunca irá curar uma perda como a de uma filha, ainda mais pela forma como ocorreu. Entretanto, a passagem dele serve para minimizar a dor até que, por fim, reste apenas a saudade. As lágrimas sempre descerão, mas ao longo dos anos será mais por causa da falta da pessoa amada do que pela dor. 

Assim, após o desespero, a negação, o medo, o rancor, a dor e tudo que se passa na mente e no coração de quem sofre diante de uma morte tão trágica, restará a saudade e a esperança de que a pessoa amada esteja em paz. Claro que nada é tão fácil, mas é preciso lembrar com amor do ente que partiu e, claro, imaginar o que ele gostaria, como ele estaria mais feliz no que diz respeito à continuidade da família (no caso específico desse curta-metragem) e em como seguiremos nossos rumos. 

A perda é sempre dolorosa. O coração magoado tenta se distanciar de tudo e todos, talvez mesmo ciente dos prejuízos que isso possa provocar. Seja como for, a vida prossegue... sempre tomada pela saudade e o desejo de um dia poder estar novamente ao lado do amor que partiu.

O curta não tem uma única palavra e é assim que eu terminei de vê-lo: sem palavras.



Comentários

  1. Rapaz... Esse curta é lindíssimo. Vale muito a pena assistir.

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    1. Certamente, Samuel. Uma obra que merece nossa divulgação, sobretudo pelo tema marcante, atual e necessário. Aliás, os temas...

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    2. Eu Sonia Regina Menezes Ferrari Gostaria de saber qual a difusao da transmitacao ra tortura psicotrenica fausada por esta Fei.

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