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Resenha da HQ "Batman - O Homem que Ri".

Caso você não tenha lida o clássico A Piada Mortal, acesse o link e volte em breve para finalizar essa leitura!
Ok, já que está mais a par do passado do Coringa através da leitura do post indicado, que está intrinsecamente ligado à trama que analisarei, vamos à resenha…
Batman: o homem que ri  (subtítulo que se apropria do filme homônimo) é uma obra que segue a linha temporal de A Piada Mortal e mostra os desdobramentos do encontro fatídico entre o homem que queria apenas um dinheiro para cuidar do filho que nasceria (essa é uma das memórias do próprio Coringa, o que não significa que seja verdade) e o Batman. Apesar de não explicar como o Palhaço do Mal se virou nos três meses de intervalo entre uma história e a outra, o roteiro de Ed Brubaker não decepciona e mostra todo o potencial maléfico do vilão que se consagrou como a antítese do Homem-Morcego. Ademais, essa história serve para quebrar a polêmica sobre o final de The Killing Joke (título em inglês da HQ que sugeri a leitura, logo no início do post), onde alguns acreditam que o Batman matou o Coringa e todas as outras besteiras apontadas.
A narrativa da história aborda os primórdios do Coringa, as sequelas do encontro com o Batman (onde ele estava disfarçado como o Capuz Vermelho) e os assassinatos provocados pelo vilão. Esta trama pretende dar indícios de uma malignidade oriunda do trauma sofrido, mas não apresenta ou justifica os atos dele. Na verdade, o que encontramos na HQ é uma apresentação crua de um homem que mata indiscriminadamente por conta de seus desprezo pela vida. Mais do que um louco, o Coringa é alguém que não tem o mínimo senso de amor ao próximo, enxergando naqueles ao seu redor apenas possíveis vítimas.
O roteiro de Ed Brubaker não é tão complexo quanto o de Alan Moore, porém tem elementos bem encaixados e um fio condutor correto. Ao se posicionar quase que imediatamente após A Piada Mortal, ele estabelece um vínculo e respeita a obra de Moore, sem que isso implique em dependência. É possível ler as duas separadamente sem problemas, mas aconselho ler as duas HQ que são muito boas.
Por se situar quase no começo da carreira do Batman, podemos contemplar seu desconhecimento total sobre o assassino e, sobretudo, o vínculo entre eles, já que o Homem-Morcego percebe que teve papel fundamental na criação de um monstro.
Os desenhos de Doug Mahnke são ótimos e conseguem captar com exatidão aquilo que Brubaker quis ao criar o roteiro. Ele claramente também pega inspiração em alguns traços estabelecidos por Brian Bolland, ainda que seja possível ver um pouco mais de violência gráfica em seu trabalho. As cenas de vítimas mortas pelo Coringa são, em alguns casos, tão impactantes quanto aquelas vistas em Seven – Os Sete Crimes Capitais.

LOUCURA E MEDO.

Como todo assassino ou criminoso, o Coringa se vale da implementação do medo para dominar. Ao matar um indivíduo qualquer, ele passa a ter o temor dos habitantes de Gotham. Entretanto, esse medo ganha projeção quando suas vítimas são pessoas importantes, influentes e ricas. Ao atingir essa classe social, o recado fica claro: se nem os poderosos podem se defender dele, o que dizer dos menos abastados?
Da fusão da loucura com o medo,  encontramos alguns resultados interessantes, inclusive o surgimento de um grupo de seguidores propensos a matar por seu líder. Tão loucos quanto ele, esses “seguidores” são capazes de sacrificar a própria vida para fomentar o caos e seu agente, o Coringa.
Como enfrentar alguém sem passado, sem lógica em suas ações e com o destemor necessário para matar ou morrer? Essa será uma questão que perturbará o sossego do Batman por muitos anos seguintes.

POR UMA CAUSA MAIOR.

Ao fim da HQ, nos deparamos novamente com o Batman e o Coringa em um duelo onde a inteligência lutará contra a loucura. A solução encontrada para minimizar o caos e a anarquia impostos pelo vilão é inteligente e comprova que há momentos onde o sacrifício é necessário.
Com uma arte muito boa, trama elaborada com inteligência e cores aplicadas com propriedade, Batman: O Homem que Ri é leitura obrigatória para os fãs deste icônico vilão do universo DC, assim como poderá dar uma prévia daquilo que os aguarda no longa-metragem “Coringa“, já em cartaz.

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