Lançado em 1954 pelo inglês J.R.R.
Tolkien (1892-1973), O Senhor dos Anéis é um prato cheio para quem gosta
de ler um romance repleto de informações escondidas nas entrelinhas.
Doses de mitologia nórdica e celta, citações ao grande dramaturgo inglês
William Shakespeare (1564-1616) e referências à geopolítica mundial dos
anos 40 estão disfarçadas no meio da descrição do universo mágico
criado pelo autor. Apesar de Tolkien ter negado publicamente algumas
dessas supostas mensagens cifradas, é inegável que um dos segredos do
sucesso de sua obra é justamente permitir uma grande variedade de
interpretações.
O romance, que no próximo dia 25 ganha
sua terceira versão para o cinema, foi imaginado por Tolkien para ser um
verdadeiro épico mitológico para a Inglaterra. O escritor era perito em
anglo-saxão, uma espécie de inglês antigo que começou a desaparecer a
partir do século 11. Com esse idioma ancestral teriam sumido também
várias lendas e histórias mitológicas que eram passadas apenas oralmente
de uma geração para outra. Tolkien achava que com isso os ingleses
tinham perdido uma parte importante de suas raízes e tratou de se
inspirar nas mais diversas referências para criar uma história lendária.
Alguém ainda duvida de que ele conseguiu?
Um mundo de duplo sentido Segunda Guerra, Shakespeare e suposta analogia à maconha aparecem nas entrelinhas do romance de J.R.R. Tolkien
Ao imaginar um anel capaz de lançar o
mundo nas trevas, Tolkien se inspirou em ao menos duas histórias. Uma
lenda do folclore judaico conta que o arcanjo Miguel (enviado de Deus)
deu a Salomão (rei de Israel no século 10 a.C.) um anel capaz de
aprisionar almas perversas. A outra fonte de inspiração é um poema épico
germânico chamado Canção dos Nibelungos. Escrito por volta de 1200, ele
também fala dos poderes de um anel mágico.
ELFOS QUE FALAM FINLANDÊS
Quando era aluno na Universidade de
Oxford, na Inglaterra, Tolkien teve contato com a gramática finlandesa.
Esse idioma, um dos 16 que ele falava, tornou-se um dos seus favoritos e
foi a base da criação da língua usada pelos elfos, o estranho “quenya”.
Os ents, árvores falantes que se movem,
têm origem no clássico Macbeth, de William Shakespeare. Macbeth é um rei
que ouve de três bruxas o aviso de que seu reino estaria ameaçado
quando uma floresta marchasse em sua direção. A estranha profecia se
cumpre quando um exército camuflado com galhos de árvores avança contra
ele. Já outra obra shakespeariana, Sonho de uma Noite de Verão, era
renegada por Tolkien por ter ajudado a popularizar a imagem dos elfos
como pequenas fadas. Tolkien preferia os elfos da mitologia nórdica,
altos e belos.
EUROPA DISFARÇADA
O romance de Tolkien tem como cenário a
Terra Média. Como a Europa, a Terra Média é um continente de vastos
reinos. E, há centenas de anos, os próprios europeus usavam o nome
adotado por Tolkien para se referir ao continente que habitavam.
UMA GUERRA FAMOSA
Tolkien detestava os paralelos entre O
Senhor dos Anéis e a Segunda Guerra (1939-1945), mas é difícil não notar
semelhanças. No romance, elfos e anões (inimigos históricos) se unem
para combater um mal maior: Sauron. Na grande guerra, americanos e
soviéticos se juntaram para enfrentar os nazistas. O próprio Tolkien
também chegou a comparar os cientistas que criaram a bomba atômica aos
elfos que faziam os anéis do poder. Para ele, ambos amavam a ciência e
ignoravam as conseqüências de suas ações.
ONDE HÁ FUMAÇA…
Em meados dos anos 60, O Senhor dos Anéis
se tornou muito popular entre os universitários americanos e, entre os
hippies, surgiu a história de que a erva de cachimbo descrita no livro —
a pipeweed que Aragorn aparece fumando no segundo filme da trilogia —
seria uma analogia à maconha. Tolkien nunca confirmou essa versão e
ressaltava que a erva era simplesmente uma variedade de tabaco.
MERLIN OU ODIN?
O sábio de O Senhor dos Anéis, Gandalf,
lembra muito o mago Merlin, feiticeiro das histórias do rei Artur.
Merlin até influenciou Tolkien, mas Gandalf é mais associado a Odin,
deus supremo da mitologia escandinava, que também tem um anel mágico, é
velho e sempre é representado com uma longa barba e um cajado. Odin
ainda cavalga um cavalo com oito patas, considerado o mais rápido das
lendas nórdicas. O cavalo de Gandalf só tem quatro patas, mas é o animal
mais rápido da Terra Média.
Fonte: Mundo Estranho
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