Joe Sacco é um ícone no mundo dos quadrinhos. Joe Sacco é um ícone no mundo do jornalismo. Com base nas duas afirmativas anteriores, fica a pergunta para quem não o conhece: como ele conseguiu se destacar em duas frentes tão diferentes? Simples. Sacco é autor de uma nova vertente das HQ: o jornalismo com linguagem de quadrinhos.
Joe não é um desenhista com traços agradáveis de se ver, como Alex Ross, por exemplo. Seus desenhos são inconfundíveis, com traços próprios e expressões condizentes com a situação pela qual o personagem está vivendo. Mas não é esse seu ponto forte. As imagens chocam, indubitavelmente, porém é a história, a descrição da realidade que ele conheceu (nesse caso a Palestina) - nem sempre agradável - o maior destaque de seu trabalho.
O jornalismo em quadrinhos, um documentário quadrinizado e, algumas vezes, cruel e cru é a principal ferramenta do autor para divulgar a real situação dos países e territórios por onde passou.
Em seu trabalho inicial, Palestina, ele nos brinda com a visão do oprimido. Para os que ainda não estão a par - não é Spoiler - o atual estado de Israel deveria coexistir com um estado Palestino. Israel existe e prospera, mas a Palestina não se configurou como estado. Guerras entre as duas nações e ideologias são constantes e duram décadas. Milhares de mortos são o fruto da intolerância e do extremismo de ambas as partes. Contudo, a balança, a contagem de mortos, pende mais para os palestinos, principalmente em função do maior poderio bélico e econômico dos israelenses.
Ideologias à parte, Palestina nos dá uma perspectiva diferente sobre os árabes palestinos. O típico "homem-bomba" que a mídia nos impõe é descartado (ainda que alguns extremistas façam uso deste artifício) e somos postos frente-a-frente com pessoas comuns, trabalhadores, homens e mulheres com sonhos, medos, fé e esperança como qualquer um que conhecemos. O trabalho de Joe Sacco não é uma ode aos palestinos, mas sim uma denúncia sobre como o erro de uns poucos - os terroristas - pode afetar a vida de muitos milhares. A situação palestina é bem similar à dos habitantes de favelas no Rio de Janeiro, também sujeitos aos desígnios dos traficantes (os "terroristas") e dos policiais (a força militar israelense), além das condições bem abaixo das ideais de vida.
Esta edição de luxo recebeu comentários do próprio Sacco, capa dura, novos textos, fotos, desenhos e prefácios de Edward Said e José Arbex Jr. Palestina recebeu o American Book Award.
Imperdível para os que já conhecem e também para os que desejam iniciar-se na obra de Joe.
Ficha Técnica:
Título: Palestina (Edição Especial)
Autor: Joe Sacco
Edição: 1ª
Tradução: Cris Siqueira
Editora: Conrad
Ano: 2011 - 328 páginas
Autor: Joe Sacco
Edição: 1ª
Tradução: Cris Siqueira
Editora: Conrad
Ano: 2011 - 328 páginas
Já me indicaram bastante a HQ, mas nunca me interessei. Acho que vou dar uma chance.
ResponderExcluirNão irá se arrepender, brother. Abraços e obrigado por prestigiar o blog...
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