Sois
vós os caminhos por onde passam palavras duras, tão cortantes quanto o fio de
uma espada, que me atingem sem levar em conta os resultados.
É
justamente de vós que tirei os mais intensos momentos de prazer e, em oposição,
o mais puro pesar.
Falastes
em amor como nunca fora antes dito. Havia verdade em tais sons... o que fiz
para que mudasses tanto?
Distante
é o tempo em que duas almas se conheceram. Quis o destino que assim fosse, sem
considerar as prováveis conseqüências.
Tu
eras jovem, impetuosa, mas com um amor contido em teu corpo, que poucos
conseguem manter aprisionado. Conheci-te casada, com uma carreira promissora;
eu, ao contrário, era um pobre, com pouco estudo e pouco a oferecer-lhe.
Esse
mesmo pouco, tu aceitaste. Dissestes que juntos tínhamos como nos ajudar
mutuamente. Minha mente foi aberta por ti e meu coração lacrado a todos, exceto
vós.
Em
nosso leito adúltero, juramos amor e fidelidade eternos. Unimos nossos corpos e
almas e fizemos um pacto, onde o silêncio do nosso amor seria brevemente
rompido quando tua separação fosse concretizada.
Entretanto,
o capricho do destino é maior que nossas esperanças.
Acusaram-me
injustamente de matar. Um complô onde eu sou a verdadeira vítima. Não pude
defender-me, pois tu eras meu álibi. Estávamos juntos no momento em que o crime
ocorreu, amando-nos sem nada saber e sem que de nós soubessem.
Preso,
fiquei à mercê de meus captores. Tentaram forçar-me a confessar o que não fiz.
Nada obtiveram.
Meses
passaram-se, e estou diante de ti. Nossa promessa permanece.
Sei
tudo o que tens a perder e sei que nada possuo para suprir. Nosso amor não pode
ser revelado ou tu terás tua própria crucificação. As conseqüências são tão
devastadoras que a vejo tremer diante do inevitável.
Todos
querem justiça. Provas foram forjadas e não posso quebrar meu voto para
contigo. Finalmente, o momento chega para que meu sofrimento tenha seu término
decretado.
Hoje,
diante de vós, vejo-a movimentar-se de forma lenta. Os jurados dão seu
veredicto e tu o aceitas. De seus lábios os sons formam a palavra que determina
o declínio de nosso amor. Ou será a prova definitiva de que ele realmente é
forte o suficiente para ultrapassar a morte? Seu olhar toca o meu e percebo a
dor que sentes, infinitamente maior que a minha. Meu corpo irá, mas é tua alma
que ficará despedaçada. Tu me declaras culpado; culpado por amar-te.
Poxa, romantismo e pessimismo mesclados assim são tão prazerosos. Me lembrou Baudelaire, apesar de que li só um livro dele. Um texto curto e de leitura muito boa!
ResponderExcluirGrato pelo comentário e, principalmente, pela comparação com Baudelaire, amigão. Sinto-me honrado...
ResponderExcluirMuito bom o conto Franz, seu estilo me agrada muito. Por esse e outros motivos que aguardo ansiosa pelo livro *-*
ResponderExcluirFarei de tudo para não decepcionar vocês, meus grandes amigos.
ResponderExcluirPor falar em livro, Priscilla, quando você fará o seu?
Não sei, dei uma parada nele esses dias. Sabe qdo vc ta achando q tá uma porcaria? Então...
ResponderExcluirEntão revise, reinicie e não desista jamais. Potencial não lhe falta, acredite...
ResponderExcluirSim, uma hora ou outra eu animo e volto a escrever =)
ResponderExcluirAnime-se e não se esqueça da proposta de uma parceria para um novo livro. Aguardarei resposta...
ResponderExcluir