A notícia não é das mais recentes, porém é algo que vale ser relembrado: Coffin Joe ou Zé do Caixão será interpretado pelo ator Matheus Nachtergaele. O ator destacou-se em minisséries, filmes e novelas dos mais variados genêros e, em breve, estará encarnando nas telas grandes um dos maiores ícones do cinema fantástico nacional: José Mojica Marins.
Veja abaixo a nota sobre a participação do ator, diretamente do site da produção do filme "Maldito":
Conhecido por encarnar e dar vida aos personagens mais exóticos do
cinema, Matheus Nachtergaele se viu diante de um papel que instigou o
seu potencial: interpretar não apenas o personagem Zé do Caixão, mas
também o diretor José Mojica Marins.
Diante do desafio, o consagrado ator confessou que, antes de dizer
sim, ficou namorando os personagens até sentir que pudesse literalmente
encarná-los. Cheio de dificuldades, imprevistos e até mesmo pesadelos, o
roteiro do longa é uma comédia assustadoramente interessante, e Matheus
poderá exercer aquilo para o que não poupa talento, que é fazer o
público morrer de rir.
O homem que viverá nos cinemas a vida e obra de Marins é o mesmo que,
a cada trabalho, dá origem a clássicos como João Grilo em “Auto da
Comparecida”, Dunga em “Amarelo Manga”, entre tantos outros.
Nachtergaele garante a todos que sua interpretação será proporcional ao
intelecto da personalidade em questão. Ou seja, nada menos do que
brilhante. Para isso, ele já está se aprofundando nesse macabro universo
traçado por Zé do Caixão.
Podemos supor, então, que Criador e Criação estão nas melhores mãos
para serem representados nas telas, expondo para as novas gerações a
obra, história e pensamentos deste que é considerado um dos
principais pilares da cultura cinematográfica nacional.
No exterior, principalmente nos países de língua inglesa, o personagem de José Mojica é conhecido por Coffin Joe. As obras de Mojica são extremamente bem sucedidas nesses países, tendo recebido muitos prêmios internacionais.
Leia agora sobre a HQ
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Aproveitando a deixa, existe também a Graphic Novel do Zé do Caixão, com o nome de Prontuário 666. Veja abaixo uma resenha sobre a obra, disponibilizada através do site Universo HQ:
Título: PRONTUÁRIO 666 - OS ANOS DE CÁRCERE DO ZÉ DO CAIXÃO
(Conrad Editora)
- Edição especial
Autores: Adriana Brunstein (texto) e Samuel Casal (texto e arte).
Preço: R$ 24,00
Número de páginas: 120
Data de lançamento: Julho de 2008
Sinopse: 1988, Casa de Detenção de São Paulo. Um assassino de crianças aparece cruelmente morto. Nas costas, uma tatuagem indica que o culpado é um velho prisioneiro, um certo Zé do Caixão.
Positivo/Negativo: No começo do projeto, o cineasta José Mojica Marins tinha dúvidas sobre interpretar seu personagem mais famoso, Zé do Caixão, no longa-metragem Encarnação do demônio. Ele chegou a considerar a hipótese de escalar um ator mais novo.
Afinal, seria difícil explicar por onde teria andado o funerário ao longo dos 40 anos que separam o novo filme de Esta noite encarnarei no teu cadáver (1967).
Segundo as entrevistas que Mojica concedeu durante a divulgação do filme, a solução veio do co-roteirista Dennison Ramalho: Zé do Caixão teria sido preso por quatro décadas.
É essa brecha que Samuel Casal usa para criar seu Prontuário 666. A HQ conta justamente a história do Zé do Caixão encarcerado.
A história se passa em 1988, na Casa de Detenção, em São Paulo. Aliás: um dos méritos da HQ é o nível de detalhamento com que retrata a vida na prisão. Aparece desde o metrô da Estação Carandiru passando ao longe até a pinga Maria-Louca, produzida clandestinamente pelos detentos. A inspiração de Casal e Adriana Brunstein parece clara: é o excelente documentário O prisioneiro da grade de ferro, de Paulo Sacramento - produtor de Encarnação do demônio e autor da introdução de Prontuário 666.
Outro ponto alto do roteiro é o de estar calcado diretamente na mitologia de Zé do Caixão, tal qual foi consolidada nos dois longas-metragens dos anos 60.
Afinal, como aponta Sacramento na introdução do volume, muita coisa já foi criada a partir do personagem, mas a maioria o relacionava ao oculto. E isso é uma bobagem, já que Zé do Caixão é uma criatura plena de convicções e que defende justamente que o obscurantismo é uma fraqueza da humanidade.
Em uma das cenas mais emblemáticas deste respeito pela lenda original, Casal e Adriana mostram que Zé esconde suas anotações em um buraco na parede coberto por uma imagem de Jesus Cristo. Ele sabe que, além dele próprio, ninguém no Carandiru tem estofo para rasgar um quadro supostamente sagrado.
Prontuário 666 retrata esse Zé, um homem que busca uma mulher perfeita para criar uma linhagem de seres humanos superiores. Com o que julga ser ralé, ele não se importa. Pelo contrário: quer mais é se livrar da escória, ajudando a melhorar o mundo para os descendentes de seu sangue.
É daí que a Casa de Detenção é perfeita para Zé: ao ficar preso com o pior que a humanidade tem a oferecer, pode matar à vontade.
O álbum parte dos dois primeiros filmes do personagem e prepara terreno para Encarnação do demônio. É na prisão, em uma cena-chave da HQ, que Zé do Caixão tem as primeiras visões com os mortos que deixou pelo caminho. No novo filme, essas assombrações voltarão a aparecer.
Ao excelente roteiro se soma a arte de Casal, ilustrador e quadrinhista premiado, que faz aqui um trabalho de fôlego ao trabalhar com chiaroscuro.
À primeira vista, chega a parecer difícil que a história funcione. Mas, mesmo no meio de tantas sombras, Casal consegue salientar o que realmente importa, e constrói uma narrativa difícil de fazer, mas deliciosa de se acompanhar.
Portanto, Prontuário 666 é, desde já, um dos grandes lançamentos de 2008: não só pela HQ fantástica que é, mas pelo papel fundamental que tem em revigorar nos quadrinhos um dos mais importantes personagens da cultura brasileira.
Autores: Adriana Brunstein (texto) e Samuel Casal (texto e arte).
Preço: R$ 24,00
Número de páginas: 120
Data de lançamento: Julho de 2008
Sinopse: 1988, Casa de Detenção de São Paulo. Um assassino de crianças aparece cruelmente morto. Nas costas, uma tatuagem indica que o culpado é um velho prisioneiro, um certo Zé do Caixão.
Positivo/Negativo: No começo do projeto, o cineasta José Mojica Marins tinha dúvidas sobre interpretar seu personagem mais famoso, Zé do Caixão, no longa-metragem Encarnação do demônio. Ele chegou a considerar a hipótese de escalar um ator mais novo.
Afinal, seria difícil explicar por onde teria andado o funerário ao longo dos 40 anos que separam o novo filme de Esta noite encarnarei no teu cadáver (1967).
Segundo as entrevistas que Mojica concedeu durante a divulgação do filme, a solução veio do co-roteirista Dennison Ramalho: Zé do Caixão teria sido preso por quatro décadas.
É essa brecha que Samuel Casal usa para criar seu Prontuário 666. A HQ conta justamente a história do Zé do Caixão encarcerado.
A história se passa em 1988, na Casa de Detenção, em São Paulo. Aliás: um dos méritos da HQ é o nível de detalhamento com que retrata a vida na prisão. Aparece desde o metrô da Estação Carandiru passando ao longe até a pinga Maria-Louca, produzida clandestinamente pelos detentos. A inspiração de Casal e Adriana Brunstein parece clara: é o excelente documentário O prisioneiro da grade de ferro, de Paulo Sacramento - produtor de Encarnação do demônio e autor da introdução de Prontuário 666.
Outro ponto alto do roteiro é o de estar calcado diretamente na mitologia de Zé do Caixão, tal qual foi consolidada nos dois longas-metragens dos anos 60.
Afinal, como aponta Sacramento na introdução do volume, muita coisa já foi criada a partir do personagem, mas a maioria o relacionava ao oculto. E isso é uma bobagem, já que Zé do Caixão é uma criatura plena de convicções e que defende justamente que o obscurantismo é uma fraqueza da humanidade.
Em uma das cenas mais emblemáticas deste respeito pela lenda original, Casal e Adriana mostram que Zé esconde suas anotações em um buraco na parede coberto por uma imagem de Jesus Cristo. Ele sabe que, além dele próprio, ninguém no Carandiru tem estofo para rasgar um quadro supostamente sagrado.
Prontuário 666 retrata esse Zé, um homem que busca uma mulher perfeita para criar uma linhagem de seres humanos superiores. Com o que julga ser ralé, ele não se importa. Pelo contrário: quer mais é se livrar da escória, ajudando a melhorar o mundo para os descendentes de seu sangue.
É daí que a Casa de Detenção é perfeita para Zé: ao ficar preso com o pior que a humanidade tem a oferecer, pode matar à vontade.
O álbum parte dos dois primeiros filmes do personagem e prepara terreno para Encarnação do demônio. É na prisão, em uma cena-chave da HQ, que Zé do Caixão tem as primeiras visões com os mortos que deixou pelo caminho. No novo filme, essas assombrações voltarão a aparecer.
Ao excelente roteiro se soma a arte de Casal, ilustrador e quadrinhista premiado, que faz aqui um trabalho de fôlego ao trabalhar com chiaroscuro.
À primeira vista, chega a parecer difícil que a história funcione. Mas, mesmo no meio de tantas sombras, Casal consegue salientar o que realmente importa, e constrói uma narrativa difícil de fazer, mas deliciosa de se acompanhar.
Portanto, Prontuário 666 é, desde já, um dos grandes lançamentos de 2008: não só pela HQ fantástica que é, mas pelo papel fundamental que tem em revigorar nos quadrinhos um dos mais importantes personagens da cultura brasileira.
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