Fonte: Livros e pessoas
Publicado originalmente no Terra
As histórias em quadrinhos foram o ponto de partida para que a
produtora musical Magali Romboli transformasse a filha em uma leitora
assídua. Nada de tablets, computadores e outros estímulos eletrônicos –
Melissa Romboli Andriole, 9 anos, ainda prefere passar horas folhando as
páginas de um livro. “É muito mais legal do que brinquedo”, garante.
Mãe e filha não são exceção: na hora de introduzir as crianças ao mundo
da leitura, muitos pais abrem mão da tecnologia e continuam recorrendo
ao tradicional impresso, medida apoiada por especialistas.
Magali conta que começou a estimular a filha ainda bebê, com livros
de plástico para brincar na banheira. Aos poucos, o passatempo deu lugar
a gibis e livros de história. Recorrer ao impresso foi uma das maneiras
que encontrou para evitar que Melissa passasse o dia todo em frente ao
computador e à televisão. “Talvez essas ferramentas não façam mal agora,
mas como saber seu efeito quando ela tiver 50 anos?”, questiona.
A preocupação com a saúde não é o único motivo pelo qual o impresso
reina na casa da família. Segundo Magali, uma das grandes vantagens do
livro em papel é a possibilidade de compartilhar histórias. De tempos em
tempos, elas doam alguns exemplares para crianças carentes. “A Melissa
pega livros emprestados da escola, leva o que está lendo em casa,
comenta com colegas e com a professora. No tablet, você baixa o arquivo,
outra pessoa baixa outro. Não é uma relação entre pessoas, é uma
relação entre tecnologias”, reflete.
Segundo o professor do Centro de Sociologia da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE) Marcello Barra, o livro impresso continua decisivo
na formação de crianças e jovens. “Por ter muito mais estímulos, a mídia
eletrônica dispersa quem está começando a ler. O saber e a profundidade
são maiores no livro convencional”, afirma. Barra explica que as
possibilidades abertas pelo tablet podem estimular a criança a buscar
novos conteúdos, em vez de se ater àquilo que está lendo. “O resultado é
um conhecimento superficial. Os eletrônicos são uma raiz muito longa,
mas não muito profunda. Eles são complementares. Nessa fase, incentivar a
leitura por meio do impresso é o melhor meio de desenvolver a
concentração”, enfatiza.
Férias são uma boa época para estimular a leitura
Aproveitar o tempo livre é uma boa saída para desenvolver o gosto pelas obras literárias. Vale recorrer desde a séries infantis até ao gibi, aliado de Magali na formação da filha. “A linguagem objetiva das historinhas da Turma da Mônica ajudou a Melissa no início. Depois, para melhorar o repertório, pegamos livrinhos de histórias”, conta.
Aproveitar o tempo livre é uma boa saída para desenvolver o gosto pelas obras literárias. Vale recorrer desde a séries infantis até ao gibi, aliado de Magali na formação da filha. “A linguagem objetiva das historinhas da Turma da Mônica ajudou a Melissa no início. Depois, para melhorar o repertório, pegamos livrinhos de histórias”, conta.
O momento também é bom para fazer passeios culturais. “A melhor coisa
é levar os filhos às livrarias, que cada vez mais têm seções voltadas a
crianças e adolescentes. Lá, devem ajudá-las a escolher seus próprios
livros”, aconselha o professor. As bibliotecas públicas também podem
estar no roteiro de férias. “Os pais devem dar o exemplo. É muito mais
fácil a criança gostar de ler se ela está acostumada a ver os pais
lendo”, diz.
Outra alternativa para o período e que pode ser levada adiante
durante o ano todo são as rodas de história. Segundo Barra, reunir a
família é uma das melhores formas de instigar a curiosidade dos
pequenos. “O ambiente familiar é muito rico e influencia muito na
formação da criança”, diz.
Concordo que nessa primeira etapa convém estimular o gosto pelo livro impresso mesmo, o que pode colaborar para uma maior maturidade para lidar com o conhecimento mais à frente, e aos poucos ir apresentando outras tecnologias. Só não podemos ficar alheios à essas novas mídias porque se ficamos afastados desse ambiente acabamos criando barreiras para dialogar com novos leitores ou até mesmo instruir pessoas mais habituadas ao ciberespaço.
ResponderExcluirVerdadeiramente não há mais como manter uma lacuna entre o leitor e a tecnologia disponível para leitura. Os formatos digitais estão se espalhando e ganhando espaço, mas creio que sempre haverá espaço para o livro impresso.
ResponderExcluirOutro fator que as editoras estão utilizando para manter seus leitores (consumidores) dos impressos é a valorização do visual das obras. Capas, ilustrações e papel de alto padrão para tornar mais atraente e agradável a leitura.
Ótimo exemplo, eu tb comecei com A Turma da Mônica =)
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