Mais um livro do King lido. Esse é um livro de contos, do qual adianto que gostei muito. Esse, além de assustador e nojento é divertido. Bem, vamos aos contos:
Willa – David está numa estação de trem. O trem no qual viajava descarrilou e as pessoas na estação estão esperando o próximo trem para seguir viagem, todas as pessoas menos Willa, noiva de David. Ele então caminha em direção a cidade e a encontra em uma boate. Lá, fica sabendo de toda a verdade.
Bem, como o próprio King disse, não é o melhor conto do livro, porém está longe de ser ruim. Ele é mais simples e não tem muitos detalhes, porém é bem interessante. Tem até um final romântico...
A Corredora – Emily sofreu uma grande tragédia na vida. Sua filha, ainda bebê, morreu. Desde então, ela começou a correr. Corre quilômetros até quase cair de cansaço, às vezes corre até vomitar. O marido fica sabendo e não fica nada satisfeito com isso e eles discutem. Discutem feio. Ela então decide sair de casa e ir para a casa de praia do pai em Vermillion Key. Lá é um lugar calmo e vazio. As casas, algumas mansões, ficam vazias a maior parte do ano. Quando o primeiro vizinho de Emily aparece, ela acaba por descobrir que ele não é muito amigável...
Gostei muito desse conto. A forma com que King trata do trauma da mulher é muito forte, real. O conto passa muitas emoções: tristeza, dor, agonia e muito, muito desespero.
Gostei muito desse conto. A forma com que King trata do trauma da mulher é muito forte, real. O conto passa muitas emoções: tristeza, dor, agonia e muito, muito desespero.
O Sonho de Harvey – Janet é uma senhora na casa dos sessenta anos, mora com o marido, tem três filhas que já saíram de casa pra viver a própria vida. Ela tem uma vida pacata e está um tanto entediada com a coisa toda. Até que em um sábado de manhã, onde as coisas estão completamente iguais aos outros sábados, seu marido, Harvey, senta-se na cozinha e começa a contar um pesadelo, um pesadelo que o fez acordar a noite gritando, conforme ele o conta, ela se aterroriza pelo fato dele parecer tão... real.
Outro que gostei muito – se for falar isso em cada conto fica chato, então paro por aqui – O conto é curto, porém... pesado. Sim, os detalhes são pesados, a forma como o sonho é contado é pesada e o final é muito pesado. O conto carrega muitos sentimentos, acho que por isso senti esse “peso”. King cita que o escreveu após um pesadelo. Acho que todos os contos que nascem de pesadelos têm essa carga.
Posto de Parada – Rick Hardin – ou John Dykstra está viajando e resolve parar em um posto para aliviar suas necessidades. Próximo ao banheiro feminino ele ouve um casal discutindo, uma discussão bem tensa e perigosa. Ele então se vê no dilema de simplesmente fazer o que tem de fazer e ir embora ou ajudar a mulher.
É um conto divertido. Mostra como algumas mulheres podem ser burras – pelo menos foi o que achei. King o escreveu quando passou por uma situação parecida (bem, quase) e a dupla identidade do protagonista do conto é uma anedota com a sua dupla identidade (Stephen King x Richard Bachman).
A Bicicleta Ergométrica – Richard Sifkitz, após fazer um check-up, descobre que está com o colesterol alto. O médico lhe orienta – lhe dá um sermão – que se ele continuar comendo, vivendo daquela forma, iria morrer, e fez uma comparação ao seu organismo como um mundo onde alguns homens trabalham na grande estrada que são suas veias, fazendo a limpeza, só que esses homens agora estão tão velhos quanto ele e não conseguem realizar o serviço tão bem quanto antes. Richard fica fascinado com a idéia e, como pintor, chega em casa e pinta um quadro com os operários da empresa Lipídio. Mas ele vai além, começa a praticar exercícios em uma bicicleta ergométrica e pra fazer a coisa mais divertida, pinta uma estrada a sua frente e marca seu progresso no mapa. Só que a brincadeira começa a se tornar real e ele se vê em uma difícil situação.
Um conto bem doido – a la Stephen King – porém aterrorizante. O final deixa as coisas bem mais reais e assustadoras.
Um conto bem doido – a la Stephen King – porém aterrorizante. O final deixa as coisas bem mais reais e assustadoras.
As Coisas que Eles Deixaram para Trás – Scott Stanley é morador de Nova York. Ele tenta superar, como todos os nova-iorquinos, a terrível tragédia que acontecera no ano anterior, a queda do World Trade Center. Porém para Scott o atentado tem um significado maior, já que ele trabalhava no edifício e era pra estar lá no dia, porém escapou, mas todos os seus colegas de trabalho morreram. Então, em um belo dia, as coisas pessoais de seus amigos mortos, começam a aparecer em seu apartamento.
Um conto sobre a tragédia do World Trade Center. Não sabia que o King já havia escrito sobre isso, porque podia parecer “cedo demais” para algumas pessoas, mas ele o fez. O resultado foi muito bom, ele conseguiu passar um pouco do sentimento pós-tragédia para o leitor. O conto é envolvente e tem um final emocionante.
Um conto sobre a tragédia do World Trade Center. Não sabia que o King já havia escrito sobre isso, porque podia parecer “cedo demais” para algumas pessoas, mas ele o fez. O resultado foi muito bom, ele conseguiu passar um pouco do sentimento pós-tragédia para o leitor. O conto é envolvente e tem um final emocionante.
Tarde de Formatura – Janice é uma menina bonita e decidida. No momento ela namora Bruce – ou Buddy –, um rapaz rico, e está na casa dele para sua formatura, apesar de sua família não estar muito feliz com relação a isso. E então a mansão, nas montanhas próximas de Nova York, é palco de um evento surpreendente.
Não, não é outro conto sobre o World Trade Center, mas me pareceu com algo do tipo. Algo que realmente poderia acontecer na cidade, como o próprio King disse.
Não, não é outro conto sobre o World Trade Center, mas me pareceu com algo do tipo. Algo que realmente poderia acontecer na cidade, como o próprio King disse.
N. – Johnny, ou Dr. Bonsaint é psiquiatra. Ele trata de N. um paciente com TOC – Transtorno obsessivo compulsivo. N. passou a sofrer com a obsessão de contar tudo – sempre deixando as coisas com números pares, porque par é bom – e organizar coisas, depois de ir a um certo lugar, Ackerman’s Field, e lá vê uma certa coisa. Desde então ele carrega uma responsabilidade enorme nos ombros que acaba passando para o Dr. Bonsaint.
Não posso falar mais do que isso para evitar spoilers, porém é o melhor conto do livro – acho que quem já leu deve concordar comigo. É contado em primeira pessoa pelo Dr. Bonsaint, pois no início do conto já nos é revelado que ele suicidou-se, a irmã dele então envia as suas notas sobre N. para um amigo da família, pois o caso é muito estranho. Pela forma de escrita o conto deixa as coisas muito mais reais e assustadoras. Faz-nos pensar: e se a responsabilidade não for cumprida, o que acontece? E nos faz ter medo disso. O conto é amedrontador, contagioso. Só uma palavra para encerrar: CTHUN – leia o conto e a tema.
Não posso falar mais do que isso para evitar spoilers, porém é o melhor conto do livro – acho que quem já leu deve concordar comigo. É contado em primeira pessoa pelo Dr. Bonsaint, pois no início do conto já nos é revelado que ele suicidou-se, a irmã dele então envia as suas notas sobre N. para um amigo da família, pois o caso é muito estranho. Pela forma de escrita o conto deixa as coisas muito mais reais e assustadoras. Faz-nos pensar: e se a responsabilidade não for cumprida, o que acontece? E nos faz ter medo disso. O conto é amedrontador, contagioso. Só uma palavra para encerrar: CTHUN – leia o conto e a tema.
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O Gato dos Infernos – Halston é um assassino de aluguel que recebeu um serviço bem estranho: matar um gato. Ele leva o serviço a sério, como todos os outros, porém não é rápido o bastante...
Se você gosta de gatos, não leia esse conto. E se você os odeia e tem medo deles, aconselho enfaticamente que o pule. Ah, leia de qualquer forma, mas aviso que é um conto bem horrendo.
The New York Times a Preços Promocionais Imperdíveis – Annie está no banho quando recebe um telefonema. É James, seu marido. Só tem um porém, James morreu a dois dias em um acidente de avião.
Esse conto é bem emocionante e nos faz pensar sobre “o outro lado”. A forma com que King relata o conto torna as coisas assustadoras sobre como podemos reagir a nossa própria morte.
Esse conto é bem emocionante e nos faz pensar sobre “o outro lado”. A forma com que King relata o conto torna as coisas assustadoras sobre como podemos reagir a nossa própria morte.
Mudo – Monnette é um vendedor ambulante que ganha a vida viajando constantemente. Em uma dessas viagens, resolve dar carona a um homem com uma placa dizendo que o mesmo é surdo e mudo. Aproveita o fato de que ele não pode ouvir, e melhor ainda, não pode falar, e lhe conta, desabafa sobre sua vida – principalmente sobre sua mulher – que está uma bagunça. Porém seu carona carrega uma adorável surpresa.
O conto se passa no confessionário, com Monnete se confessando ao padre. O conto é divertido, bastante. Tem um final extraordinário.
O conto se passa no confessionário, com Monnete se confessando ao padre. O conto é divertido, bastante. Tem um final extraordinário.
Ayana – O protagonista – que não encontrei o nome e não me lembro de tê-lo lido, já que o conto é em primeira pessoa – está com o pai muito doente. Câncer no pâncreas. Até que em uma tarde aparece em sua casa uma menininha com sua mãe – ou ama. A menina se chama Ayana e parece muito doente. Ela vai até o senhor doente, Doc, e lhe dá um beijo. Depois simplesmente vai embora. Após esse evento, Doc melhora consideravelmente e o câncer simplesmente desaparece. Porém, antes de ir embora ela toca nosso protagonista passando para ele uma dádiva, que descobre ser carregada de responsabilidades.
Outro conto emocionante de uma forma simples. Como disse, é contado em primeira pessoa, passando assim uma carga de sentimentos maior.
Outro conto emocionante de uma forma simples. Como disse, é contado em primeira pessoa, passando assim uma carga de sentimentos maior.
No Maior Aperto – Curtis Johnson é um investidor da bolsa, bem rico. Ele mora em um local com mansões de pessoas tão ricas quanto ele. Por causa de um terreno, começa uma briga com um dos seus vizinhos, Tim Grunwald – mais conhecido como O Filho da Puta. Grunwald, após entrar em falência, perder a esposa e ainda ser diagnosticado com câncer nos pulmões, põe a culpa de toda sua desgraça em Curtis. Então, em um acesso de loucura, o atrai até uma construção e lá o prende em um dos banheiros químicos.
Um dos contos mais nojentos que já li. Daqueles que você faz careta enquanto lê. A situação, que pode se tornar real com qualquer um de nós nos faz sentir na pele o desespero de Curtis.
Um dos contos mais nojentos que já li. Daqueles que você faz careta enquanto lê. A situação, que pode se tornar real com qualquer um de nós nos faz sentir na pele o desespero de Curtis.
Bem, é isso. No final do livro tem uma nota do King de cada conto, nos explicando de onde veio a idéia para escrevê-lo. Gosto muito de ler essas notas, mas siga o conselho de King: “No entanto se você pretende consultá-las antes de ler os contos propriamente ditos, deveria se envergonhar”.
Acho que não tem como não ficar curioso de ler o livro depois de sentir o gostinho das histórias, não é?Ficha Técnica:
Editora: Suma de Letras
Autor: Stephen King
Origem: Estrangeira
Título original: Just After Sunset
Ano: 2008
Número de páginas: 400
Priscilla Rubia é a autora desta resenha e escreve através do "Apogeu do Abismo" e do Nerd Escritor
AMO Stephen King, vou ler com certeza... No momento estou lembro "A metade sombria" e amando, já assistiu o filme? Até mais...
ResponderExcluirNão li esse ainda Mirian, mas vou ler como certeza. Não vi o filme tb... a adaptação é boa? Obrigada pelo comentário =D
ResponderExcluirO sucesso desta resenha é fruto direto de uma leitura atenta e crítica, sem a perda do prazer de ler um livro de King. Parabéns...
ResponderExcluir"Willa" é uma singela história de amor mesmo, bem simples, mas que até poderia dar uma história melhor caso tivesse mais páginas. Em "A Corredora" o King mostra mais uma vez que é escritor completo, sabe escrever e não somente escrever terror."O Sonho de Harvey" dá até uma ideia do peso que o próprio King sentiu ao acordar desse pesadelo...isso me lembrou Lovecraft. "Posto de Parada" é mais mesmo uma narração de cotidiano, uma situação de dúvida com um sujeito que poderia ser até mesmo nosso vizinho, desse conto gostei porque apesar de ser uma narração de um evento "banal" (quantas vezes nós mesmo não estamos em tal condição?) a maneira como é narrada prende até o fim. "A Bicicleta Ergométrica" retorna à uma tema com o qual King está muito familiarizado: Quadros com algo além do que deveriam ter! Amo histórias em que objetos são o cerne da vivência do terror, porque provam, as boas histórias claro, que o terror pode existir até mesmo num relacionamento minimo (pessoaXobjeto). "As Coisas que Eles Deixaram para Trás" realmente é emocionante, cativante...você fica pensando sobre toda essa questão: "Poxa...e se eu partir e não disser tudo que queria ter dito?" É um conto pesado porque quando atinge o leitor de verdade você precisa parar depois que terminá-lo para tentar assimilar e responder para si mesmo a pergunta que ele suscita. "Tarde de Formatura" poderia ter sido melhor com algumas páginas a mais, o conto muito rápido com um final tão intenso não deu um espaço bom para conhecermos melhor os personagens. Não o achei ruim, só que também não consigo dizer que ele é bom...as poucas páginas não me deixaram formar uma análise clara. "N." com certeza foi a grande pérola de "Ao Cair da Noite"! A maneira como foi escrita deixa-nos dentro da mente de cada personagem como um prego batido com muita força, o TOC de "N." às vezes chega a ser expressado tão claramente, fica tão palpável, que pensamos "Caramba, será que eu não já fiz uma dessas coisas que ele tá fazendo?". Sério, "N." é sensacional! Provavelmente seu sucesso se deve também aos traços semelhantes ao de Lovecraft, afinal King é um grande fã desse autor (leiam "Crouch End" em "Pesadelos e Paisagens Noturnas") e para quem leu a saga "A Torre Negra' esse conto ganha contornos ainda mais sinistros! Enfim...esse foi um livro do King bem sucedido, bem escrito. Aguardemos por mais! :) Parabéns Priscila por essa resenha! Ficou excelente!
ResponderExcluirO que dizer... com base em seus comentários, a resenha da Priscilla e, claro, o "cartel" do Stephen, vou ler mais esta obra dele. Thanks.
ResponderExcluirNossa que resenha maravilhosa!
ResponderExcluirMuito bem escrita, fala um pouco de todos os contos de maneira pessoal, mas, sem prejudicar a leitura de todos. Sem spoillers.
Ainda meu que me avisou que quem tem medo de gato é melhor que pule o conto! Morro de medo deles e sinceramente acho que se ler algo assim passo noites sem dormir.
Os meus piores pesadelos são com esses bichinhos que todos acham fofos e eu acho assustadores.
Estou louca pra ler este livro e depois da sua resenha minha vontade só aumentou!
Parabéns!
Um beijo ;*
Juliana . Oliveira
http://linhasdeencanto.blogspot.com/
@Julymg2
Mais uma comprovação do talento da Priscilla que está conquistando cada vez mais seu espaço...
ResponderExcluirJuliana, muito obrigada pelo comentário *-* Que bom então que avisei sobre o conto do gato, não exagerei deudheudhe
ResponderExcluirBoa leitura!
Chega a ser engraçado como ele parece muito mais a vontade escrevendo muitos dos seus contos em cidades fora do maine em compensaçao ao que é feito nos livros onde a maioria se passa no maine.
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