Curta nossa fanpage: Apogeu do Abismo
A
nostalgia é uma sensação ingrata. Ela traz lembranças de tempos
antigos, de momentos vividos que, certamente, não voltarão, pois o
passado só pode ser revisto, mas nunca revivido. Então, quais os
motivos que nos levam, homens e mulheres, a pensar tanto nele. Sim,
amigos, tendemos muito a olhar para trás, comparando o agora com
o ontem. É justo isso conosco?
Este
texto não é uma resposta definitiva à pergunta, pois cada um é
responsável por suas próprias decisões e, infelizmente, sempre
haverá alguém preso ao que se foi; isolado em sua própria
Fortaleza da Solidão. Entretanto, ainda que não responda ao
questionamento, pelo menos tentarei amenizar os efeitos devastadores
desta saudade.
Lembro
com clareza do tempo em que jogava video-game no fliperama. Máquinas
gigantes que eram acionadas por fichas metálicas, cuja principal
função era "sugar" até o último centavo de estudantes,
moleques de rua, tios que curtiam as novidades e mais algumas
criaturas tão estranhas quanto. Bons tempos, não? NÃO. Os tempos
eram outros, apenas isso. Não tínhamos máquinas portáteis para
jogar à vontade, esperávamos meses por um lançamento chegar ao
Brasil e, para piorar, as filas nos arcades eram enormes.
Ou você era o cara no jogo - e ficava tirando todo desafiante que
chegava - ou, meu caso, aturava a raiva de ter que ver oponente após
oponente definhar diante do boss que brincava por horas às custas de
uma única ficha. E antes que eu esqueça, os gráficos eram
horríveis, o que não diminuía nossa vontade de brincar. Acrescente
a tudo o que citei uma dificuldade enorme para finalizar (zerar) um
jogo, muitos hematomas na mão por conta das porradas no gabinete ou
nos controles, o que não implica em dizer que desistíamos por culpa
do nível difícil.
É
difícil lembrar sem sentir uma leve pontada de saudade das
brincadeiras na rua, dos gibis antigos, da cola que grudava na mão
quando tentávamos completar um álbum de figurinhas (autocolante só
em ficção científica rsrsrs). Sinto saudades do Círculo do Livro,
da inocência dos programas infantis - mesmo com apresentadoras de
maiô - das músicas daquela época, da minha face sem sulcos e da
ausência de óculos. Bons tempos...
Claro,
nem tudo são flores. Inflação, conjuntos musicais horríveis,
ditadura, ônibus sem qualquer conforto - mas para que tanto conforto
em uma cidade com trânsito muito menor que o de hoje? - garotas com
vestidos extremistas, horário para dormir, violência em níveis
comparáveis aos conflitos entre israelenses e palestinos e o mais
sinistro: uma falta de grana crônica (que continua até hoje).
Enfim, os bons tempos não eram tão bons, porém era o que eu tinha.
Então,
por que não comparar com a situação atual? Como valorizar uma
geração que se comunica com 140 caracteres, cultua personagens
violentos e lê pouco? Quais os valores da nova geração, os filhos
da comunicação ininterrupta, as crianças conectadas a uma
realidade virtual e desligadas das verdades que o mundo apresenta?
Esses são os questionamentos que as pessoas do meu tempo fazem a
todo instante. Pais, tios, mães que, silenciosamente, duvidam da
aptidão de uma geração que cultua a tela e teme o contato real.
Bem,
para esse pessoal eu posso dizer com certeza que, o tempo de hoje
será o passado dessa galera. Futuramente, eles também terão suas
dúvidas, ficarão preocupados com seus filhos, questionarão as
atitudes dos mais jovens. Este é o ciclo da vida, quase imutável.
Esqueçam,
como eu esqueci, a história do "no meu tempo" (usei esse
recurso nos parágrafos acima apenas para dar um maior sentido ao
texto). O nosso tempo é agora, quando podemos ajudar, aprender e
viver com quem amamos. A evolução não é uma doença. Evoluir é
descobrir todo dia as maravilhas oferecidas pela vida.
Quando
ouvir alguém se lamentando do presente, lembre-o que o nome é
justamente uma alusão ao que ele representa: um "presente" dado a nós.
Quantos já se foram e perderam as evoluções, os filmes, as brisas,
chuvas e um simples nascer do sol? Muitos deixaram de viver o hoje
para pensar no ontem e, infelizmente, no ontem permaneceram até a
morte.
É
algo indispensável ter uma memória, lembrar o que passou e
respeitar o que se viveu. Porém também é indispensável saber que
novas memórias e lembranças devem ser criadas diariamente e, para
isso, é preciso viver intensamente cada segundo de um tempo que
desconhecemos a extensão. Olhe sempre para frente, pois o caminho
trilhado já não é um empecilho e sim uma dica do que poderemos
encontrar mais adiante. Faça deste segundo o “seu tempo” e
viva-o como se ele fosse o último...
Seja
feliz.
Texto: Franz Lima
Texto: Franz Lima
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