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Resenha: Deus Ex - Human Revolution

Por: Herr Brezinski

Não me considero um cara velho, mas para a comunidade gamer me enquadro na categoria "Old Gamer", título dado àqueles que calejaram os dedos com River Raid, Pitfall e Enduro.... Na época de lançamento, claro!... Naqueles tempos remotos dos anos 80, com muito menos bytes pra trabalhar do que este texto contém, aqueles gênios faziam jogos baseados em testar seu tempo estímulo/reação da forma mais criativa possível, puro teste psicotécnico (passar por uma única tela às vezes era coisa da NASA!!!). Gerações passaram, 8bits, 16 bits, e os games foram ganhando melhores gráficos, mais canais de som, e tiveram uma época de ouro de criatividade quando adotou-se o CD como mídia. A capacidade de armazenamento do CD permitiu que fossem contadas histórias complexas, com personagens bem construídos, música orquestrada e gráficos 3D, com isso, obras-primas foram compostas: Metal Gear Solid, Parasite Eve, Xenogears, Final Fantasy VII, Shadow of Colossus e tantos outros clássicos!... E os games passaram a ser tratados como arte por quem os conhecia. Tal boom criativo perdurou até meados da geração PS2/XBOX, quando os games começaram a ficar sem opções inovadoras de gameplay/enredo e fomos sendo sufocados por incontáveis games que somente caiam no marasmo e mesmice de mascarar clichês. 

Na geração atual de consoles - PS3/XBOX 360/Wii - o foco está sendo investir na jogatina online de FPS e buscar gráficos beirando o fotorrealismo com dublagem hollywoodiana, mas cadê a arte? Era tão abundante entre o final dos anos 90/começo dos anos 2000!!
O que vemos hoje são raros exemplos de criatividade artística: a série Portal, com gameplay inovador e diálogos hilariantes, Kojima com sua série Metal Gear muito bem amadurecida, Red Dead Redemption com uma trama espetacular ambientada no velho oeste, Uncharted, LA Noir...

Não estou dizendo que Modern Warfare, Battlefield, God of War, Halo, Gears of War e Gran Turismo não são jogos excelentes, eles são uma ótima diversão, mas aí entra o fator do meu título "Old"... Muitas vezes já me peguei jogando no automático, pois certos padrões de gameplay para FPS, hack-and-slash, simuladores de voo/corrida e 3rd person shooters já estão tão enraizados nestes 30 anos desde meu 2600, que vou evoluindo no jogo com minha namorada me sugando a baga pelo telefone, minha mãe me perguntando que porra de cockpit é esse que eu coloquei no meio da sala e o maldito do cachorro mijando no carro que eu passei três horas dando brilho... Parece que não tem um neurônio sequer sendo estimulado, vai na pura memória muscular!!!

É aí que entra o objeto deste review (que farei com o mínimo de spoilers), Deus EX - Human Revolution. Deus Ex é um jogo que mistura vários estilos de gameplay: action RPG, Stealth e Shooter para contar uma história com temática sci-fi-cyberpunk das melhores.

O game, desenvolvido pela Eidos Montreal e publicado pela Square Enix, conta a história de Adam Jensen, chefe de segurança da Sarif Industries, uma empresa de biotecnologia voltada para a área de implantes cibernéticos, lá por volta de 2027.

 A trama começa quando um ataque terrorista ao Departamento de Pesquisa da Sarif faz com que Jensen seja submetido ao implante de várias partes cibernéticas desenvolvidas pela própria Sarif para salvar sua vida e, ao acordar, se vê num turbilhão monstruoso de intrigas políticas e comerciais que envolve o primeiro salto evolutivo do ser humano não gerado pela Lei de Darwin, mas sim pelo nosso próprio desenvolvimento tecnológico. A grande sacada de Deus-Ex é que existem três perfis de conduta para progressão no enredo: A velha e boa violência, o stealth e o social (como assim progressão social? É o seguinte, você pode tentar obter informações e acesso a determinadas áreas na lábia, e com os upgrades certos, você acessa batimento e padrão de ondas cerebrais e estabelece um perfil-alfa, beta ou omega, facilitando o questionamento), sendo que também existe uma atividade hacker que considero tão básica e importante que ela aparece em todas as vertentes. Só que nenhum desses perfis pode ser usado a torto e a direito.. As armas e munição são escassas e caras e isso não permite que você saia queimando chumbo... o stealth e o social dependem de upgrades específicos, e os praxis points, moeda de troca para upgrades, são difíceis de conseguir...

O que foi genial em termos de gameplay é que estes perfis não são limitados em termos de tempo ou de espaço, tipo, não é aquele game que força o jogador - aqui você TEM que hackear, agora você TEM que ir no stealth, agora você TEM que ir pro pau (exceto nas boss fights). Praticamente todos os objetivos do jogo podem ser alcançados de qualquer forma => eu tenho que entrar na delegacia?

Eu fui policial e posso tentar na lábia (com os upgrades certos, que permitem analisar o perfil do entrevistado, fica mais tranquilo)... ihhh, dei mole e pisei nos calos do velho companheiro, vou tentar entrar na marra - minha pistola versus fuzis não chegou nem perto da porta, então vou ter que me infiltrar, por onde? Esgoto? Sou bem vindo lá? Se eu já matei algum mendigo vai ser território hostil.

Telhado? Eu tenho os upgrades nas pernas para saltar a cerca? Se eu cair, tenho o upgrade pra amortecer minha queda? Enfim, do nada, eu estava focado, e eu precisei PENSAR, coisa que não fazia há muito tempo num game. Associado a todas estas possibilidades, o enredo se desenvolve de acordo com as decisões que você toma... Você estará cara a cara com um chefão corporativo que, com argumentos históricos e filosóficos, defende que nossa espécie como entidade coletiva é burra e precisa ser direcionada, ou com um revolucionário que acha que evoluir o ser humano artificialmente é brincar de Deus - concordar, convencer do contrário, matar, ignorar - escolha o que fazer, e a história vai tomando um rumo - o SEU... com você aplicando seus valores morais a cada decisão. Ajude um revoltoso, deixe um companheiro para trás e as conseqüências serão apresentadas claramente. Inclusive a dificuldade de uma boss fight é definida por uma decisão bem sutil no último terço do jogo. Por isso recomendo que na primeira jogada, tenha um único save e encare as coisas conforme você plantou, digo isso porque o fator diversão do replay de Deus Ex é elevadíssimo, da segunda vez aí sim, tenha vários “saves” e explore mais possibilidades, embora se a Eidos tivesse dado uma opção do tipo New Game+ (na qual você começa com todos os upgrades que terminou) o replay ficaria mais legal. Com gráficos muito bons para um game deste tamanho, dublagem bem convincente e dificuldade na medida, Deus Ex te apresenta, hoje, dilemas morais que certamente nos afetarão daqui a quatro, cinco décadas.

O que faremos num mundo superpopuloso e com escassez de recursos naturais, inseridos numa sociedade onde o poder econômico não só define classes sociais, mas classes evolutivas, quem tem mais dinheiro pode ser mais inteligente, rápido, forte, informado, longevo...

Como controlar uma sociedade onde todos podem guardar todo o conhecimento da humanidade em um chip na cabeça? Esse controle é necessário? A ausência de controle geraria anarquia? Desenvolveremos uma consciência coletiva quando abrirmos os olhos e já estivermos plugados no cyber-space? Ela será construtiva? Destrutiva? Pense nisso e passe seus valores para seus filhos para que eles formem os deles, eles, no máximo seus netos, terão que tomar essas decisões.

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