Fonte: Estadão. Por Douglas Vieira
O Bandido da Luz Vermelha’ é a obra mais famosa de Rogério Sganzerla
(1946-2004), um de nossos diretores mais importantes. Seria justo,
portanto, que os fãs do clássico de 1969 criassem muita expectativa a
respeito de novidades relacionadas ao filme, como a sequência Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha.
Expectativa que aumenta por Helena Ignez – viúva do cineasta e
intérprete de Jane no primeiro filme – ser a diretora. E até o fato de
ser Ney Matogrosso o responsável por reviver o papel de Paulo Villaça
contribui para você chegar ao cinema ansioso – um ícone tão marcado pela
música, revivendo um personagem tão marcante do cinema.
Mas para Ney foi simples, principalmente pela maneira como Helena
conduziu. “Ela pediu que eu não me prepare-se, não ensaiasse… queria que
fosse o mais natural possível”, conta Ney. “Ela falou: ‘diga esse texto
com a maior verdade’. E, para mim, não foi difícil, pois eu tenho uma
certa afinidade com o pensamento do Bandido.”
E de fato tem, principalmente com o lado transgressor e político,
apresentado com o sarcasmo e o humor peculiar de Sganzerla. Isso ajudou
Ney a assumir o Bandido de maneira intensa, quase teatral – para o bem e
para o mal.
Ao fim, a sensação é estranha (não disse ruim). É difícil explicar o que você viu. Pop é a melhor palavra. Diálogos divertidos, colagens de HQ e referências a cineastas de hoje – Tarantino assumidamente, mas é inevitável pensar em ‘Assassinos por Natureza’, de Oliver Stone.
Ao fim, a sensação é estranha (não disse ruim). É difícil explicar o que você viu. Pop é a melhor palavra. Diálogos divertidos, colagens de HQ e referências a cineastas de hoje – Tarantino assumidamente, mas é inevitável pensar em ‘Assassinos por Natureza’, de Oliver Stone.
É importante lembrar que as associações são inevitáveis, mas
Sganzerla sempre foi pop, sarcástico e bem-humorado. “O estilo
‘sganzerliano’ me fez como artista. É esse o estilo do filme, mas em
nenhum momento tentei imitá-lo”, explica Helena. “O resultado é um filme
do Rogério, com o espírito dele. Mas o método foi diferente. É um filme
feminino e que pertence a outro momento. Não é ditadura. Hoje
acreditamos mais no futuro e no presente.” Não é o filme do ano, mas é a
melhor homenagem possível a Sganzerla.
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