As inspirações de Poyart são bem claras: filmes de ação, vídeo clipes, quadrinhos, vídeo games e tecnologia. Pois este filme reúne tudo isso com um toque de Brasil. A peculiaridade da cidade de São Paulo, o crime, a política e a corrupção vinculadas a ela, amor, traição e ódio dão o tom deste surpreendente longa-metragem. Não é uma produção que copia o estilo do cinema norte-americano, mas sim uma obra que busca sua identidade a todo instante, encontrando-a mais cedo do que imaginei.
Edgar é um cara que cometeu um erro que mudou o curso de sua vida. E é esse erro que moveu a roda do Destino, colocando-o em rota de colisão com o imprevisível.
Na vida de Edgar está uma família, seu pai, um grande amor e muita, muita violência. Não que ele assim o quisesse, mas seu caminho não permite retornos.
Com cenas e ritmo próximos da linguagem dos vídeo clipes, ação constante e uma trama tão intrincada quanto um labirinto, somos apresentados a um universo comum e, ao mesmo tempo, inacreditável. Pessoas criam laços invisíveis que aproximam ou podem ser fatais. Nada em 2 Coelhos é por acaso, seja para o bem ou o mal.
A direção do filme e a produção estão ótimas, mostrando que é possível fazer um trabalho envolvendo ação, suspense e um roteiro coerente. As atuações são convincentes e apagam de vez a péssima impressão de filmes como Segurança Nacional e Federal. A narrativa em off de Fernando Alves Pinto dá o tom ao filme e a provável loucura de Edgar, o protagonista da trama. Outro ponto forte do filme é visualização do que se passa na mente de Edgar, onde a linguagem de vídeo clipe fala mais alto. Também apreciei muito a passagem onde Júlia (Alessandra Negrini) luta - literalmente - com seus demônios internos em cenas que lembram bastante o filme Sucker Punch, de Zack Snyder - e as cenas onde Edgar está andando em um automóvel dentro de um vídeo game no melhor estilo GTA. Acreditem: 2 coelhos não deve nada a nenhuma produção do gênero feita nos EUA ou em outro lugar qualquer.
Destaque para a trilha sonora que foi brilhantemente escolhida, dando a clara impressão de foi toda produzida exclusivamente para o filme.
Assim, resta apenas elogiar - enfatizar - as atuações de Alessandra Negrini, Caco Ciocler, Fernando Alves e todo o elenco, não importando o tempo de permanência do personagem na trama, pois é visível que eles se esforçaram ao máximo para conseguir representações consistentes. Não há caracterizações caricatas em 2 Coelhos, apenas aquilo que vemos em nosso cotidiano: Corrupção e Criminalidade. Mas Edgar pretende pegar esses dois coelhos com uma caixa d´água só.
Spoiller total no trecho a seguir (CAUTION):
Incomodou-me um pouco a falta de explicação para o personagem de Caco Ciocler (Walter) manter parceria com Edgar, o responsável pelas mortes de sua mulher e filho. Mesmo com algumas passagens em que fica evidente que o dinheiro falou mais alto para ele e sua vida sentimental ter sido renovada com uma nova amante, caberia uma pequena explicação (além da monetária) para esta união tão incomum.
Além disso, ficou um vazio no fechamento do filme sem uma explicação para onde foi a esposa do deputado corrupto. Mas esses pequenos detalhes não comprometem o espetáculo visual e narrativo da produção.
Ficha Técnica:
Elenco ALESSANDRA NEGRINI, CACO CIOCLER, FERNANDO ALVES PINTO, MARAT DESCARTES, NECO VILA LOBOS, ROBERTO MARCHESE, NORIVAL RIZZO, THOGUN, THAÍDE, YORAM BLASCHKAUER, ROBSON NUNES e participação especial de ALDINE MULLER
Roteiro original - AFONSO POYART
Direção de fotografia - CARLOS ZALASIK
Figurino - CAROLINA SUDATI
Trilha sonora - ANDRÉ ABUJAMRA e MÁRCIO NIGRO
Maquiagem - DOEL SAUERBRONN JR
Produção de arte - VIRGÍNIA RECCO
Som direto - TIDE BORGES e LIA CAMARGO
Montagem - AFONSO POYART, ANDRÉ TOLEDO e LUCAS GONZAGA
Desenho de som - RODRIGO FERRANTE
Mixagem - ANDRÉ TADEU
Coordenação de pós-produção - MARCIO FAURER
Coordenacão de efeitos digitais - CARLOS FAIA e GUS MARTINEZ
Coordenação de efeitos especiais - SÉRGIO FARJALLA
Motion designer - XICO DE DEUS
Assistente de direção - JANAINA CABELLO
Produção de elenco - SCHIRLEY ALSARO
Produção executiva - ANGELA FARINELLO, CHRISTIANO SENSI, ROSANA ODA e VALÉRIA RAUCCI
Produção - AFONSO POYART e ANDRÉ POYART
Direção - AFONSO POYART
MELHOR FILME BRASILEIRO QUE JA ASSISTI
ResponderExcluirFINAL SURPREENDENTE, AS PEÇA TEM QUE SER MONTADO AO LONGO FILME.
POYART FOI GENIO PARA MIM....TAMBEM O CARA SE INSPIRA NO NOLAN......
OU SEJA VIRIA ALGO DIFERENTE
MAGNIFICO....ACHEI O FILME ESPETACULAR
NAO ACHEI QUE FICOU NADA MAL EXPLICADO....CREIO QUE MUITAS COISAS O PRODUTOR DEIXA PARA FICAR NA NOSSA IMAGINAÇÃO