por Renato Pompeu. Fonte: Carta Capital
Uma das mais antigas perguntas que os seres humanos se fazem encontra
20 preciosas respostas nesta caixa de dois caprichados volumes. A
partir de uma ideia notável do professor universitário de Filosofia
Plínio Junqueira Smith, doutor pela USP e com pós-doutorado em Oxford,
um dos volumes apresenta dez provas da existência de Deus, formuladas ao
longo dos séculos por Aristóteles, Cícero, Sexto Empírico, Agostinho,
Anselmo, Tomás de Aquino, Descartes, Malebranche, Berkeley e Hume. O
outro volume apresenta dez provas da inexistência de Deus, por Bayle,
Diderot, Meslier, Kant, Feuerbach, Nietzsche e Faure, além de Sexto
Empírico, Cícero e Hume, que, antecedendo Junqueira Smith, apresentaram
provas tanto da existência quanto da inexistência de Deus.
Curiosamente, a prova mais antiga na coletânea da existência de Deus,
do século IV a.C., não tem conteúdo religioso, mas rigorosamente
racional e científico. É de autoria de Aristóteles, que constata estar
tudo em permanente movimento no mundo, devendo existir, portanto, um
primeiro motor que dá origem a todo esse movimento. A esse primeiro
motor, Aristóteles intitula Deus. Já Santo Anselmo, no século XI,
defende a tese de que, no universo, deve existir algo maior do que tudo,
não sendo possível conceber alguma coisa maior do que essa outra que é a
maior. Esse maior do que tudo é Deus.
É curioso que as provas da inexistência de Deus sejam todas
filosóficas, não havendo nenhuma proveniente da observação do mundo
material, como fez Aristóteles para provar que Deus existe. As provas
mais importantes da inexistência de Deus são, significativamente,
oriundas do Iluminismo do século XVIII. Diderot postula que um Deus
perfeito não poderia ter criado um mundo tão imperfeito. Já Kant defende
que Deus é apenas um postulado da razão pura, uma simples ideia, não
podendo de modo nenhum ser afirmada a sua existência fora do pensamento
puro.Fazendo um balanço dos dois tipos de respostas, o que se pode dizer
é que, para quem tem fé, Deus existe. Para quem não tem fé, Deus não
existe. Não se pode provar que Deus existe. Aquilo que podemos provar
existente, mais cedo ou mais tarde será algo que poderemos mudar por
nossas ações sobre esse algo, e isso inequivocamente mostraria que esse
algo não é Deus. Por outro lado, também não podemos provar que Deus não
existe, mesmo porque pode haver seres mais inteligentes do que nós em
planetas de outras galáxias, que podem ser onipotentes, oniscientes e,
até mesmo, onipresentes.
Dez provas da existência de Deus
Org. Plínio Junqueira Smith, Alameda, 304 págs., R$ 40
Dez provas da inexistência de Deus
Org. Plínio Junqueira Smith, Alameda, 344 págs., R$ 45
Org. Plínio Junqueira Smith, Alameda, 304 págs., R$ 40
Dez provas da inexistência de Deus
Org. Plínio Junqueira Smith, Alameda, 344 págs., R$ 45
Franz says: Ainda que eu não esteja plenamente a par do conteúdo dos livros, cabe ressaltar que os filósofos, pensadores e religiosos responsáveis pelos textos são referência em todo o mundo, o que já traz mais um referencial de qualidade, um incentivo à leitura dos livros.
No entanto, crendo ou não na existência de Deus, a leitura ganha maior impacto nos dias atuais, principalmente se levarmos em conta o número crescente de conflitos que usam o pretexto religioso - a ordem de Deus - para impor suas vontades ou oprimir os fracos.
Acreditando ou não em um Deus, estes livros valem a leitura pelo simples fato de incentivarem um debate muito interessante.
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