Às vezes o acaso trabalha a nosso favor. Na condição de um
indivíduo que ganha pouco menos que Eike Batista, há ocasiões em
que não tenho recursos para adquirir um livro ou algo que almejo.
Lembro com clareza do dia em que vi essa edição de colecionador da
National Geographic. A capa com a clássica e consagrada foto da
menina afegã atraiu minha atenção, mas não pude adquiri-la.
Fiquei realmente triste...
Hoje, dois anos após, eis que ganho a edição. A capa está
amassada, as páginas estão também, tal foi a quantidade de vezes
que ela foi manuseada. Contudo, isso não diminuiu em nada a alegria
em tê-la, absolutamente minha, pronta para leitura, análise e,
principalmente, para mergulhar no sonho de cada um dos lugares,
situações e pessoas retratadas.
A velha máxima de que uma imagem vale por mil palavras ganha força
com o que meus olhos captam a cada nova página. As fotos emocionam,
impactam e fazem com que lembremos da grandeza do mundo e da natureza
e, em contrapartida, de nossa pequena envergadura diante de tantas
maravilhas.
Eu avanço as páginas e me deleito com cada uma das imagens
magnificamente complementadas por textos introdutórios e
explicativos. Há uma simbiose entre palavras e imagens, mesmo que a
estática, a ausência de sons e movimentos característicos das
mídias atuais, esteja presente.
A edição especial foi lançada em 2010. O que surpreende é a
atualidade e a fascinação que as fotos trazem em si. Existe um
magnetismo em cada uma das 100 fotografias selecionadas inexplicável.
Creio que isso se dê em função do desejo escondido, disfarçado
pela estabilidade” e segurança que nossas rotinas proporcionam. A
vontade de viajar, perambular, conhecer e crescer é própria do ser
humano, porém o cotidiano e o tempo adormecem esse ímpeto.
Entretanto, após um breve período lendo e contemplando essa
revista, algo desperta. A sensação é similar àquela que temos ao
sair de um cinema onde estava sendo exibido um filme muito bom de
ação: ficamos elétricos, empolgados.
As palavras contidas nesta edição esclarecem alguns pontos: o fotógrafo não é o cara de sorte que ganha apenas para apontar a máquina e apertar um botão. Fotografar é uma arte, um exercício de paciência e, muitas vezes, sorte. A vida dos homens e mulheres por trás das imagens que nós provavelmente jamais veríamos sem o trabalho deles é árdua, cansativa e perigosa. Mas eles fazem de sua profissão um ato de amor, algo pelo qual vale a pena perder um dedo, ser picado por um cobra venenosa ou permanecer em uma zona de guerra. Eles usam suas fotos para trazer até nós uma realidade bela e real, tão real que às vezes recuperamos o desejo de partir e conhecer o que está além de nossos muros.
Esta "lista de compras" merece ser adquirida em sebos, bancas de jornais ou em uma livraria onde ainda esteja à disposição. O importante é aproveitar esta oportunidade que a equipe da National nos proporcionou e, assim como o leão que não teme o vento de deserto, avançar um pouco mais com o que será descoberto.
Famosa como "a menina afegã", a jovem refugiada de olhar intrigante
tornou-se um ícone fotográfico. Quando Steve McCurry fez seu retrato em
um campo de refugiados no Paquistão em 1984, ela jamais havia sido
fotografada. Em 2002, ele conseguiu reencontrá-la em Peshawar, no
Paquistão, e foi então que o mundo afinal soube como se chamava: Sharbat
Gula
Podemos não ter a mesma grana, mas o importante é que a investimos muito melhor que ele...
ResponderExcluirGosto muito dessa revista, tenho alguns exemplares (por sorte eu tenho a edição da foto), e a recomendo. Vale pelas imagens, pelo texto, pela oportunidade de conhecer outras culturas, lugares, se comover, se emocionar, revolucionar a própria mente, descobrir coisas que nem imaginava.
Quem a considerar cara, o que eu compreendo, pois hoje as revistas não são nada acessíveis, pode procurar em sebos, certamente vai encontrá-las mais em conta. Vale a pena!
Eduardo, obrigado pelo comentário. A revista está entre 6 e 10 reais em alguns sites de venda, mas ainda é fácil achá-la em sebos. O importante é não desprezar um conteúdo tão belo.
ExcluirAbraços.