Por Franz Lima
Minha mente ainda está perplexa com o grau de realismo (psicológico) aplicado ao filme Poder sem Limites (Chronicle) do diretor Josh Trank. Não tenho como negar que não esperava muito da produção, principalmente por conta do tema já recorrente (adolescentes com superpoderes) e alguns filmes e séries fracos que antecederam Chronicles.
Utilizando o recurso de câmera manipulada pelos atores, o já conhecido "Mockumentary" (como em Bruxa de Blair, Rec e Cloverfield), somos apresentados a um garoto que tem apenas seu primo como amigo. Mesmo com a temática do jovem que é isolado pelos seus iguais (usado em Carrie, por exemplo) que adquire condições de vingança ou de humilhar seus algozes, o que me agradou foi ver que o diretor mostrou o quanto o insucesso pode ser revertido, como é possível sair do anonimato para a condição de "celebridade". O filme aborda com grande propriedade este tipo de transição, motivado por interesses. É um tapa na cara da sociedade hipócrita que aceita um pobre por ele ter se tornado rico ou um cara feio que tem a mais bela mulher da região por conta de sua fama e influência. Essa face mesquinha da nossa sociedade, do convívio social, é exposta como uma ferida... e isso atinge, podem acreditar.
Em contrapartida há um outro aluno da mesma escola onde Andrew, o já citado excluído, que tem carisma e é foco de atenção e carinho por todos. Steve é o responsável pela união entre ele, Andrew e Matt. Esse trio se une para verificar um lugar estranho e, a partir daí, adquirem poderes que não são explicados e ganham força no decorrer da trama.
Com a ampliação dos poderes (e o controle dos mesmos), os adolescentes passam a brincar com suas novas qualidades. Mas o que inicialmente é uma brincadeira, acaba por ganhar ares de tragédia quando um dos jovens passa a questionar tal evolução como se isso fosse um decreto no qual ele passa a ser superior aos demais. Esta citação exemplifica bem o que digo:
"Um leão não se sente culpado quando mata uma gazela, certo? Você não se sente culpado quando esmaga uma mosca ... e eu acho que isso significa alguma coisa."
Porém, mesmo motivado por problemas pessoais envolvendo os pais, os outros garotos não aceitam essa mudança de atitude e, principalmente, as consequências dos atos impensados. A violência surge e cresce descontroladamente, levando a um confronto esperado, pois o filme sugere esse embate, mas são os resultados extremamente ruins que surpreendem. O vinculo que criamos com o tempo com cada um deles é aproveitado de forma inusitada.
Por fim, vale frisar que as atuações convencem. Adolescentes se comportam como tal, seja para abordar mulheres, na escola ou na vida pessoal. Há alguns estereótipos, isso é fato, mas isso não traz prejuízos ao filme. O diretor soube explorar bem os prós e contras de se ter um elenco jovem e, ao final, convenceu com essa produção relativamente barata e surpreendemente melhor que os já citados filmes e séries de heróis arremessados para nós sem que tomassem as mínimas precauções para desagradar o público que gosta do tema e é amante dos quadrinhos e literatura similares.
Nós podemos ver que eles evoluem (ou involuem) não só em seus poderes como na própria vida. Amizades são testadas e os valores postos à prova... como ainda não havia visto no cinema.
Recomendo muito este filme...
Assista o trailer logo abaixo:
Chronicle
- Poder sem Limites
EUA. Ano de 2012 - 84 min.
EUA. Ano de 2012 - 84 min.
Direção: Josh Trank
Roteiro: Josh Trank, Max Landis
Elenco: Dane DeHaan, Alex Russell, Michael B. Jordan, Michael Kelly, Ashley Hinshaw, Bo Petersen, Anna Wood
Boa resenha Franz, aguçou minha vontade de assistir o filme.
ResponderExcluirObrigado, grande amigo. Pode assistir sem medo. Evitei citar muitos detalhes para não estragar o impacto do filme.
ExcluirAbraços...
Franz, como vc eu nem esperava mto desse filme. Meu marido propôs assistirmos e eu respondi com um "ham, tá". O filme me agradou bastante. Ele leva pra "realidade" a questão dos super poderes. O que um adolescente faria se ganhasse super poderes? Caçaria os bandidos? Não, ele iria se aproveitar disso ao seu favor. Fiquei pensando mto no filme depois que terminou. A sociedade realmente n está pronta para esse tipo de "evolução".
ResponderExcluirAbraços!
O poder corrompe e, honestamente, não se trata apenas de uma frase de efeito. São poucos os que conseguem ter poder e não são envenenados por ele.
ExcluirObrigado pelo comentário, Priscilla.
Eu que indiquei... e recomendo.
ResponderExcluirPor sinal, uma ótima dica. Vlw.
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