Título Traduzido:
O Jovem Sherlock Holmes: Parasita Vermelho
Ano de Publicação:
2010
Ano de Publicação
no Brasil:
2012
Páginas:
320
Personagens:
Sherlock Holmes, Mycroft Holmes, Amyus Crowe
ISBN:
9788580571745
Tradutora:
Débora Isidoro
Disponível no
Brasil pela Editora:
Intrinseca (2012)
Resenha
Em “O Jovem
Sherlock Holmes: Parasita Vermelho”, o então futuro detetive mais
famoso da literatura recebe a visita do seu irmão mais velho,
Mycroft Holmes, na mansão Holmes, em Hampshire. Entretanto, a visita
do irmão mais velho não visa somente estreitar os laços
familiares, mas sim alertar a ele e a seu tutor, Amyus Crowe, sobre
um perigoso criminoso que está a solta. Há indícios muito fortes
de que o assassino mais procurado do mundo e que já fora dado como
morto, está, na verdade, escondido no interior da Inglaterra. Graças
a seu instinto aventureiro, Holmes acaba se envolvendo, mesmo conta a
vontade de seu irmão e de seu tutor, em uma misteriosa e envolvente
aventura que tem destino certo; a América, onde um exercito que já
fora tido como derrotado está se reformulando, se reerguendo aos
poucos da escuridão.
Quando conclui minha rápida leitura das 320 páginas
que compõem o romance “O Jovem Sherlock Holmes: Parasita Vermelho”
(segundo volume de uma série que, como diz o próprio título, narra
as aventuras do então Jovem e inexperiente Sherlock), a primeira
impressão que tive foi a mesma que tinha quando iniciei a leitura:
“Isso é tudo, menos Sherlock Holmes”. É claro que de um ponto
de vista pragmático isso não quer dizer necessariamente que o livro
seja ruim (digamos que ele é apenas “diferente”). Com exceção
das diversas e inevitáveis referências ao universo do celebre
personagem de Sir Arthur Conan Doyle (que, ao meu ver, funcionam mais
como uma homenagem ao personagem que inspirou as aventuras narradas
no livro, e que definitivamente não devem ser levadas a sério) nada
no romance lembra o prático Holmes com o qual estamos acostumados. O
autor sequer se deu ao trabalho de emular o estilo de escrita de
Doyle (e nesse ponto, pelo menos, ele foi extremamente feliz). Ao
invés disso ele optou por mostrar um Holmes mais carismático e
menos metódico, um Holmes que ainda não é nem de longe a sombra do
famoso detetive que um dia se tornaria, mas que já demonstra traços
característicos de sua futura e intrigante personalidade.
O autor |
Diferente dos outros 56 contos e 4 romances do Sherlock
original, nessa nova versão, a releitura moderna não tão moderna
assim, de um dos maiores clássicos da literatura inglesa, o carro
chefe é a ação. Quem já leu os originais de Sir Doyle sabe que os
empenhos físicos de Holmes se limitam às peripecias exageradas
realizadas pelo personagem de Robert Downey Jr nas novas versões
cinematográficas que, apesar de não fazerem tão juz assim à obra
original, funcionam muito bem como releituras independentes do
clássico. O fato é que em “Parasita Vermelho” Andrew Lane optou
por simplesmente renegar o poder de lógica de dedução de Holmes a
um segundo (e consideravelmente menos importante) plano. Levando,
muito provavelmente, em consideração a pouca idade do personagem
principal (nessa nova versão Holmes tem apenas 14 anos), ele optou
por dar aos jovens, que são provavelmente seu público alvo, aquilo
que mais os atrai: um texto ágil, desprovido de firulas literárias,
recheado com um enredo relativamente simples e um clima de suspense
que parece perdurar durante todo o livro, mas que, como qualquer best
seller que se preze, padece de uma certa incoerência textual (até
agora não consigo compreender a necessidade que os vilões do livro
tem de explicar seus planos maléficos, detalhe por detalhe, antes de
tentarem dar cabo do coitado do Holmes).
Outro ponto que os fãs de Doyle, ou até mesmos os
leitores mais escassos, talvez estranhem, seja a questão do
sentimentalismo. Em “O Parasita Vermelho”, o jovem Sherlock tem
uma ligação muito próxima, exageradamente emotiva, com seu irmão
mais velho, Mycroft Holmes, (que já na época se mostrara
infinitamente superior ao irmão no que se diz respeito ao senso de
observação e dedução) e com seu mentor, Amyus Crowe. Ora essa...
Quem já se aventurou nas páginas dos vários contos e romances do
personagem de Doyle sabe que se tem algo que Holmes não é, é
emotivo. Orgulhoso em excesso, exageradamente racional e dono de uma
erudição sem igual, Holmes quase nunca demonstrou traços de
sentimentalismo. Ainda não me aventurei nos outros títulos de Lane
lançados no Brasil, portanto não posso dizer como ou se ele irá,
em algum momento, abordar essa transição drástica de
personalidade. O que posso adiantar é que se isso não for
apresentado de alguma maneira no decorrer dos demais livros, haverá
um imenso buraco lógico na concepção do passado de um dos
personagens mais amados da literatura, que se fosse para ser
estragado, seria melhor que permanecesse intacto. Caso contrário, a
impressão que ficará é que “O Jovem Sherlock Holmes” (assim
como a “continuação oficial” das aventuras de Holmes, escrita
por Anthony Horowitz) trata-se apenas de mais um caso não tão raro
assim de caça-niqueis literário.
Edilton Nunes tem 29 anos (corpinho de 18 e
mentalidade de 10), é criador e administrador do blog
www.stephenking.com.br, além de estudante do curso de Letras da UEG
(Universidade Estadual de Goiás), pseudo-escritor nas (raras) horas
vagas e amante da literatura de suspense/terror e da cultura pop em
geral.
Só pra constar: O Livro não é ruim. Na verdade, é bem divertido. Passei pelas 320 páginas em pouco mais de dois dias.
ResponderExcluirBrother, gostaria de estar lendo nesse ritmo. Parabéns pela resenha que mostra a seriedade e a verdade com o público.
ExcluirGrande abraço...
quem e o antagonista
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