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Resenha da Graphic Novel "Demolidor: Amarelo".

Por: Franz Lima
 
Publicada originalmente no Brasil em 3 edições (ano de 2002), essa série é de autoria da consagrada dupla Jeph Loeb e Tim Sale, responsáveis por sucessos como "Batman, O Longo Dia das Bruxas", "Mulher-Gato: Cidade Eterna", "Hulk: Cinza", entre outros.
Como uma obra de arte, os quadrinhos se destacam pelos detalhes, as nuances que afastam o comum do primoroso. Há algumas ilustrações onde a pintura se aproxima da técnica da aquarela, mostrando que a junção do talento de Tim Sale (ilustração) com Matt Hollingsworth (colorista).
Demolidor: Amarelo trata de uma fase ruim de Matt Murdock, uma crise. Para reencontrar seu caminho, por sugestão de seu melhor amigo Foggy, ele escreve uma carta para desabafar, algo semelhante à uma conversa, mas destinada a seu antigo amor, Karen Page. Dessa carta, os autores partem para uma análise do início da carreira do Demolidor e revelações de um passado que oscilou entre a alegria e a tragédia. A trama inteira oscila entre passado e presente.
Foggy e Matt são amigos, amigos de longa data. Estudaram juntos. Talvez essa ligação tenha ficado mais forte com as adversidades que viveram, mas foi o apoio desse amigo que deu forças para Matt superar a pior perda de sua vida.
Nessa história descobrimos a origem do uniforme amarelo, o que motivou a mudança da cor do uniforme e toda a carga dramática por trás desses fatos. Entretanto, não é o drama apenas que cativa. A forma como uma parte da vida do Demolidor, já conhecida, foi escrita e ilustrada, traz emoção e credibilidade ao enredo.

O drama inicial ficou por conta da busca pelos responsáveis pela morte de Batalhador Jack Murdock. A morte que provocou a primeira aparição do Homem sem Medo tem um tom muito próximo, quase idêntico ao que Batman passou na infância.
A explicação do porquê das cores da primeira versão do uniforme é poética. A explicação para a versão definitiva, a vermelha, é de um romantismo extremo.

A minissérie mostra a evolução na sociedade Nelson - Murdock como advogados e sócios. Fiquei surpreso com seus primeiros clientes. Matt já combate o crime e um detalhe fica evidente: a violência no período relatado era menor, havia uma certa conduta que impedia ou minimizava as mortes em combate. 
 
As passagens em que o trio - inclua Karen - aparecem, trazem uma similaridade com a série Marvels. As pessoas são surpreendidas com cada nova visão dos heróis, principalmente a jovem Karen que fica cada vez mais maravilhada com as visões do Demolidor. Mas não são os super seres que dão o tom dessa HQ. Na verdade, quem é a peça motriz é Karen Page, a mulher que mais marcou a vida do Demolidor e de Foggy. Ela é a pessoa por trás da narrativa, um elo sentimental que é tão vital para o herói a ponto de ele vivenciar novamente ótimos e péssimos momentos de sua vida. Fiquei bem surpreso com o lirismo envolvido nessa parte, já que mesmo envolto em ação e combates, Murdock ainda mantém a chama de seu amor acesa, muitos anos após os fatos abordados.


Não vou me alongar na descrição da trama, porém posso garantir que vocês terão em mãos um material único, onde um personagem de quadrinhos (arte ainda muito desprezada, infelizmente) prova que até mesmo diante da morte o amor não recua. 

"A dor de uma perda pode ser sentida até por um cego". 

Gostou da resenha? Então, que tal enviar um twitte com a hashtag: "#PaniniApoieoFranz" ?



 

Comentários

  1. Lá vou eu comentar sobre uma resenha de uma HQ do Demolidor, antes, admito que sei somente o básico sobre o herói, mas confio que você dará uma abordagem clara a essa história.
    Sempre fico admirado com as HQs que possuem ilustrações que mais parecem quadros mesmo. A exuberância de cores passa a impressão de que estamos vendo fotografias e não desenhos, né? Fico rindo ao pensar em como nós, adultos, ficamos tal como crianças diante de maravilhas artísticas.
    A história do Demolidor, ao menos até onde conheço, é preenchida de tragédias, mas o fato dele manter-se firme no seu ideal de justiça reforça ainda mais o seu aspecto heroico. Essa aliança entre estética e metáforas é fascinante, admiro isso demais em qualquer produção, seja filmes, livros, HQs, músicas etc. Parabéns pela resenha, cara, não sei como a Panini ainda não falo contigo!

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    Respostas
    1. Ainda terei o apoio da Panini, brother... Estou lutando para isso. A verdade é que sou um leitor de quadrinhos desde os idos tempos de 1979. Hoje, talvez pela falta de tempo e dinheiro, as coisas estão mais difíceis. Com o apoio (diga-se patrocínio) da Panini, terei acesso às publicações para que possa sobre elas escrever. Sei que muito leem meus textos e os acessos comprovam isso. Como ainda tenho pouco tempo de blog, é natural que os comentários não sejam tão comuns, fato que irá se alterar em breve (a promoção para o maior comentarista é um começo).
      O Demolidor é um herói muito próximo daqueles que vimos em Watchmen, V de Vingança e até mesmo do próprio Batman, principalmente por contar com uma abordagem mais humana, próxima da realidade que vivemos (guardadas as devidas proporções).
      Obrigado por comentar e não deixe de ler a HQ. Irá gostar...

      Excluir
  2. Ótima resenha meu caro! Teu post me motivou a ler esta HQ, fiquei deslumbrado com quadros que mais parecem pinturas, a emoção e a sensibilidade que eles passam é incrível! Agradeço-te pela recomendação ;) Boa sorte com o blog o/

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  3. Muito bom essa mini. comprei na epoca do lançamento no Brasil em 2002.e fiquei muito surpreso com tudo o que li. muito bom mesmo. é meio que quase o Ano Um do Demolidor.

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