Para os que ainda não conhecem o trabalho de Alfer Medeiros e seu Livraria Limítrofe, basta ler ao final do post uma entrevista feita com o autor por Ednelson Jr. para o Apogeu.
Por intermédio do blog Pausa para um Café, o Apogeu do Abismo e mais seis blogs estão participando do Booktour do livro do Alfer. Cada um deles fará uma resenha da obra que deverá ser publicada. Agradeço a oportunidade e a confiança. Este será o primeiro de muitos Book Tours que o Apogeu integrará.
Aguardem para muito breve a resenha do livro...
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O autor |
Entrevista com Alfer Medeiros, concedida a Ednelson Jr.:
Ednelson Jr: Primeiramente gostaria de agradecer essa oportunidade que me
concedeu e dizer que me sinto muito feliz em poder dialogar com um autor
que conheci recentemente e que já passei a adorar! Bem, sem mais
rodeios aqui vão as perguntas (espero estar à altura de sua obra
"Livraria Limítrofe" no nível das perguntas)...
Alfer Medeiros: Eu agradeço o interesse e esforço em conhecer mais sobre os meus projetos! Vamos às respostas.
1 - Lembra-se qual foi a sua primeira visita à Livraria Limítrofe (seu primeiro livro)? Quais impressões isso deixou em você?
Alfer Medeiros: Eu comecei a apreciar a literatura na infância,
porém com livros juvenis e adultos. Dessa fase inicial de leituras, os
autores mais marcantes são Julio Verne e Agatha Christie - que inclusive
são homenageados no primeiro volume de Livraria Limítrofe (O Adeus).
2 - Como o conceito da Livraria Limítrofe chegou à sua mente? Como foi o processo de criação?
Alfer Medeiros: Foi uma ideia repentina, inesperada e
descontrolada, explicada com mais detalhes neste link:
http://livrarialimitrofe.blogspot.com/2011/03/de-onde-surgiu-ideia.html.
Durante o processo de criação, eu imaginava que tipo de referências
literárias poderiam ser agrupadas em uma trama em comum, depois definia
qual perfil de pessoa poderia conceber essa situação e, por fim,
encaixava tudo isso dentro do cenário da Livraria. Foi um processo muito
divertido!
3 - Pelo que notei você nutre uma grande preocupação com o incentivo à
leitura desde o berço, tornar para a criança a leitura um hábito tão
comum quanto beber água, isso se evidencia em "Dando à luz", você tem
filhos correto? O que eles acham de ter um pai escritor? Como você
mostra a leitura para eles e como reagem?
Alfer Medeiros: Tenho uma filha que está para completar três anos
de idade. Ela convive com os livros desde sempre, pois eu fiz questão
de mantê-la na convivência com os volumes impressos, desde aqueles de
borracha para usar no banho do bebê até os livros da minha própria
coleção. Acredito que ela será uma boa leitora no futuro!
4 - Ao longo do livro você não dialoga somente com as plataformas mais
tradicionais de leitura (livros), mas assume também proximidade e
confabulações com as HQs, o cinema e a música. Quais são seus grandes
ídolos nessas outras plataformas e como eles influenciaram a sua
escrita?
Alfer Medeiros: Sou um grande apreciador de música, literatura,
cinema e diversas outras expressões artísticas. Não poderia deixar de
usar todas essas referências nos meus trabalhos escritos, e lanço mão
desse recurso sempre que surge naturalmente. Listar todos os meus
"mestres" é difícil, posso apenas dizer que minhas fontes de inspiração
vão de Julio Verne a Neil Gaiman; de Muddy Waters a Cannibal Corpse; de
Hitchcock a Tarantino. Tem muita coisa boa nesse caldeirão! rs
5 - Em "Duas perspectivas" você fala sobre o conflito entre a visão de
um mundo sem leitura como hábito e outro que completamente ao contrário a
adora. O quanto você acha que a leitura pode transformar o mundo? E
como você percebe a realidade de nosso país onde o analfabetismo é tão
alto?
Alfer Medeiros: Ler não é simplesmente assimilar informação, é
também desenvolver estruturas cerebrais específicas, ligadas a
linguagem, emoções e aprendizado. A mente deve ser exercitada, até mais
que o corpo. Eu acho que o hábito da leitura é essencial, porque em
algum momento da sua vida você precisará ter acesso a um texto, seja por
diversão ou necessidade. O problema de analfabetismo no Brasil é
preocupante, além de outra parcela da população, composta por
analfabetos funcionais, que não entra nas estatísticas mas que também é
um problema sério.
6 - Na atualidade as grandes cidades parecem cada vez mais prestes a
entrar na velocidade da luz, as metrópoles querem correr cada vez mais
rápido, mas acabam ficando em engarrafamentos, considerando esse cenário
como acha que a literatura ainda pode ter seu espaço garantido para as
futuras gerações?
Alfer Medeiros: O livro é um universo cuidadosamente aprisionado,
aguardando a mente do leitor para criar vida, se expandir. Sempre que
houver uma pessoa ávida por aventuras (dentro e fora da sua realidade) a
literatura estará presente. Isso independe do formato ou tecnologia de
disponibilização de conteúdo.
7 - Os adolescentes de hoje possuem parâmetros, em sua grande
porcentagem, completamente distintos de seus e isso se reflete na
literatura também. A atenção dos jovens à algo parece cada vez mais
passageira. Os fenômenos "teen" estão bombando. A empatia com o mundo em
que vivem parece estar em uma medida minima, não vemos muitas
manifestações movidas por jovens que querem expressar sua opinião acerca
do país ou comunidade em que vivem. O cenário musical brasileiro está
dominado por coisas de imaginação pobre. Somando isto tudo, como você
explicaria esse fenômeno?
Alfer Medeiros: As novas gerações estão acostumadas a fazer
muitas coisas ao mesmo tempo, sendo assim deficientes em habilidades
como foco, concentração e persistência. A consequência disso é a falta
de dedicação em atividades únicas, e tudo passa a ser descartável,
efêmero. É temeroso pensar no que isso pode trazer no futuro.
8 - Um detalhe que me chamou a atenção em "Livraria Limítrofe" foi o
fato de na maioria dos contos os personagens não serem dotados de nomes.
Qual o motivo de você ter feito isso? Foi com o objetivo de tornar a
imersão da experiência maior? Somente nos contos "Depoimento da mulher
do livreiro" e "O adeus" dois personagens ganham nome e ambos estão em
situações de fronteira (ambas são "despedidas"), prestes a passaram para
um outro passo em seus caminhos, isso tem ligação com essas personagens
ganharem um nome?
Alfer Medeiros: O conteúdo de Livraria Limítrofe tem muito de
"conheço alguém assim" e "já vivenciei algo parecido". O "anonimato" dos
personagens ajuda a intensificar essa sensação. As raras citações de
nomes são pontos marcantes na trama, uma chegada e uma saída. Eu quis
diferenciá-las por conta disso
9 - Por último gostaria de perguntar qual as suas projeções para o
futuro, se possui planos para elaborar experiências multi-plataformas
com seus livros (sites com ARGs por exemplo) e qual sua perspectiva com
toda essa movimentação do mercado editorial brasileiro revelando grandes
talentos e a interação entre fãs e autores nas redes sociais?
Alfer Medeiros: Tudo o que produzo é muito espontâneo, e o
Livraria Limítrofe é um bom exemplo disso. Não tenho planos de muito
longo prazo, preocupo-me apenas em manter a mente madura para conceber
novas histórias. Não ambiciono muita coisa com a escrita, encaro-a
basicamente como uma grande diversão. A única certeza que tenho é o
desejo de continuar escrevendo, e os projetos Fúria Lupina e Livraria
Limítrofe me ajudarão bastante a permanecer produzindo continuamente.
Franz, com certeza você vai adora "Livraria Limítrofe". Boa leitura!
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