Um bom filme acumula fãs com o passar dos anos. Um bom filme gera renda e tem um elenco competente. Um bom filme oscila entre o drama e o humor de forma quase poética, fazendo com que o público mal perceba essa transição. Bem, Homens de Preto 3 acumula essas características e nos traz novamente a dupla mais improvável do cinema, mas que deu certo como há muito não se via. Agora, contudo, em duas versões...
Para os que ainda não conhecem a trama principal dos filmes, resumidamente é o seguinte: existe uma agência ultrassecreta que trata de assuntos relacionados a toda e qualquer criatura alienígena. Essa agência é mantida com recursos do governo (que, em tese, a desconhece) e é responsável por alocar e gerenciar a vida de milhares de extraterrestres que habitam nosso planeta. É algo bem próximo ao Programa de Proteção à Testemunha, onde o indivíduo é introduzido na sociedade de forma imperceptível. Partindo desse ponto, os filmes nos mostram que políticos, astros e outras personalidades importantes são alienígenas, algo sempre abordado com muito humor.
Em ambas as produções o senso de humor é o ponto forte. O eterno aprendizado de J diante da experiência de K garante boas risadas. Aliás, a expressão sempre sisuda de Tommy Lee Jones tornou-se uma marca de seu personagem.
Destaque para o arsenal que os Homens de Preto possuem e a agência onde trabalham. Aliás, a agência é o alvo de Serleena, a alienígena de lingerie que pretende destruir K e os outros agentes no segundo filme.
O terceiro filme
Homens
de Preto 3 foi uma das sequências mais aguardadas. Causou estranheza a
demora de 10 anos de uma produção para a outra (MIB é de 1997, MIB 2 é
de 2002 e, finalmente, MIB 3 é de 2012). Mas o que conta é o resultado
final e, nesse quesito, MIB 3 agradou demais aos fãs.
A
história faz referência a um segredo que nem mesmo J (já com 15 anos de
MIB) tem ciência. Há um grande mistério na vida de K que é escondida
pela elite da agência. As complicações começam quando o maior inimigo de
K foge de sua prisão lunar e volta no tempo, assassinando o personagem
de Tommy Lee. Esse é o ponto de partida para uma aventura sobre viagem
no tempo muito bem elaborada. A ambientação e a reconstituição dos
lugares e pessoas da década de 60 ficaram incríveis, mas nada se destaca
mais que a escolha de Josh Brolin para interpretar o jovem K (ele não
tem mesmo parentesco com Tommy?). Usando do mesmo humor (ou falta de
humor?) de sua versão mais velha, Josh consegue convencer que é o agente
da MIB e junto com Will Smith ele obtém uma parceria tão convincente
quanto a dos dois filmes anteriores.
A
viagem no tempo não é uma novidade em filmes, o que não diminui os
efeitos e a necessidade da mesma para a trama. Tentar evitar a morte de
Kay é a meta de Jay, não só em nome da amizade entre os dois, mas também
para que os planos de vingança e conquista de Boris (interpretado com
eficiência por Jemaine Clement). Destaque para o guia dos agentes, o
extraterrestre Griffin, habilmente interpretado por Michael Stuhlbarg.
Essa
continuidade de MIB traz um diferencial que, por vezes, deixa o filme
mais sombrio: a morte está presente em alguns pontos, quebrando um pouco
o tom de comédia que cerca a trilogia. Entretanto, a obra cumpre com o
que promete, proporcionando um final envolto em sentimentalismo e, mesmo
assim, coerente.
Espere
tudo de Homens de Preto 3: humor, morte, amizade, novos atores e, acima
de tudo, uma conclusão inteligente que amarra pontas das versões
anteriores, além de termos o prazer de rever Will e Tommy novamente
juntos. O filme é um provável fim para a franquia, porém esclarece o
começo de uma dupla que está intrínsicamente ligada pelo destino... e eu
espero que se reúna novamente.
Curiosidades: os Homens de Preto são uma lenda urbana que circula pelos EUA desde, pelo menos, a década de 1950. A lenda diz que existe um grupo de homens que usam ternos pretos, responsáveis por coibir a divulgação de fenômenos ufológicos, além de resguardarem segredos sobre alienígenas. Algumas versões indicam que os Homens de Preto seriam agentes governamentais.
Os
filmes são baseados em uma série em quadrinhos homônima, criada por
Lowell Cunningham, publicada originalmente pela Aircel Comics.
Ficha Técnica:
Ano de produção - 2012
Direção - Barry Sonnenfeld
Elenco: Will Smith - J
Tommy Lee Jones - K
Josh Brolin - K (versão jovem)
Jemaine Clement - Boris, o Animal
Michael Stuhlbarg - Griffin
Emma Thompson - O
Bill Hader - Andy Warhol
Alice Eve - O (versão jovem)
Composições por Danny Elfman
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