Dias atrás me dediquei - após as 23 horas - a assistir um filme que está comigo há muito tempo. Clássico é algo estranho, pois sempre parece-me que vou colocando a obra para segundo plano. Priorizar outros filmes é comum, mas... consegui superar esse vício. Dessa vez, diferentemente das outras, o review terá spoilers, em função do longo tempo que o filme já foi lançado. Mas nada que atrapalhe o prazer de assistir esse clássico cinematográfico.
Dr. Jekyll and Mr. Hyde, traduzido para O Médico e o Monstro é um filme mudo de 1920, baseado na obra do escritor escocês Robert Louis Stevenson. O livro foi publicado em 1886. O filme mudo foi produzido no ano de 1920 e teve direção de John S. Robertson e fotografia de Roy Overbaugh.
O destaque - à época - foi o recurso usado por John Barrymore no qual ele deslocava a mandíbula para modificar sua aparênica e se transformar em Hyde. Hoje, este recurso é dispensável, mas não havia muitos recursos e efeitos especiais quando o filme foi feito.
A história trata, basicamente, do eterno duelo entre o bem e o mal no âmago das pessoas. Questionamentos do tipo "até onde podemos nos deixar levar pela lascívia?" são frequentes e embasam a trama.
O destaque - à época - foi o recurso usado por John Barrymore no qual ele deslocava a mandíbula para modificar sua aparênica e se transformar em Hyde. Hoje, este recurso é dispensável, mas não havia muitos recursos e efeitos especiais quando o filme foi feito.
A história trata, basicamente, do eterno duelo entre o bem e o mal no âmago das pessoas. Questionamentos do tipo "até onde podemos nos deixar levar pela lascívia?" são frequentes e embasam a trama.
Típico filme de cinema mudo, em preto-e-branco, com uma trilha sonora apenas para ambientar as cenas e servindo como pano de fundo. Os diálogos como de praxe neste tipo de obra são todos escritos. As representações são exageradas (olhos esbugalhados, faces retorcidas, mãos em movimentos fortes) e usadas como complemento para as cenas.
O enredo envolve Henry Jekyll, um médico e cientista que mantem o questionamento sobre a dualidade humana. Em uma de suas pesquisas, descobre uma fórmula capaz de "expor" o oposto de quem a beba, separando - literalmente - o lado positivo do negativo.
Henry é um bom homem, de princípios, e um filantropo. Ele cuida dos pobres sem nada cobrar em um lugar chamado "casa de reparos humanos" (me lembrei da "Loja de Corpos" onde a Lady Letal (X-Men) foi reconstruída). Ele também nutre um amor por Millicent Carew, uma bela jovem, filha de um "amigo" de Jekyll.
Antes de continuar a história, preciso citar que a cada novo personagem, uma tela surge com seu nome e o do ator ou atriz que interpreta o papel.
Millicent é a submissão em pessoal. Ela é recatada, obediente e, junto com todas as mulheres presentes a um jantar, retira-se para que os homens bebam seu vinho em um ambiente condizente (isso era o costume dos anos em que se passa a trama).
Uma breve discussão leva Jekyll e seus amigos a um prostíbulo disfarçado. Nada comparado aos sofisticados ambientes "recreativos" de hoje. Aliás, há uma certa dose de crítica aos imigrantes que, neste caso, gerenciam o ambiente ilícito. Lá instalados, o pai de Millicente busca a todo custo provar que Jekyll é passível de tentação, incapaz de suportar os prazeres da carne, mas falha. Pelo menos parcialmente, falha.
A experiência desperta no doutor um desejo de descobrir como ele seria sem o controle do lado bom. Então, com tal motivação, ele usa sua fórmula que desperta um maníaco incontrolável. A transformação, na época, chocou pelo uso do deslocamento da mandíbula do ator, o que lhe dava outra aparência. A atuação, ainda mais exagerada que a usual, conferiu novos ares ao nascimento de Mr. Hyde.
Dominado pelo desejo de viver uma realidade paralela, Jekyll gradativamente vai concedendo espaço para sua versão maligna. As visitas ao prostíbulo (onde antes resistira aos avanços da tentadora dançarina interpretada por Nita Naldi) levam Hyde a descobrir um anel com um reservatório para veneno de posse da bela mulher e o toma.
A teatralidade e a ausência das vozes dão um clima ainda mais tenso ao filme, porém nada esbarra sequer no conceito de terror, o que pode desagradar ao exigente público do gênero.
Por fim, Hyde passa a ser a parte mais importante do binômio que tinha Henry como a peça vital. Hyde continua a frequentar o decadente prostíbulo e as cenas no local são decadentes e negativas. É uma visão estranha da podridão humana.
Movido pelo apelo de sua filha, o Sr. Carew sai em busca de Jekyll, sumido por causa do domínio de Edward Hyde. Ao se deparar com o monstro, Sir Carew é assassinado. Não há uma violência convincente, pois as ambientações e as cenas são quase caricatas.
Hyde cede lugar ao Dr. Jekyll (um fato engraçado é que a transformação abrange até as roupas dos personagens) e este reencontra sua amada, mas os estragos já estão feitos.
A partir daí, o diretor mostra que Hyde é um vício, uma droga que domina o doutor quase que irreversivelmente. Sem o sinistro lado à mostra, Henry sofre quase como um drogado em crise de abstinência.
A nobreza da alma do doutor Jekyll prevalece sobre a sombria índole de Mr. Hyde, levando-a a trancar-se em seu laboratório. Vítima dos desejos despertos, o médico permite a visita de sua pretendida, porém já quase se transformando no monstro. Quando ela chega, já não encontra seu amado, mas o monstro a ataca. O que ocorreu antes, contudo, foi que o nobre Jekyll toma (através do anel) um veneno e mata seu maior inimigo interno. Millicent corre para pedir auxílio e quando o Dr. Richard Lanyon chega, percebe a transformação.
Em memória ao sacrifício de Jekyll, os outros são cientificados que o doutor foi assassinado pelo monstro, restando a imagem de um homem nobre para todos lembrarem. É o fim para uma experiência triste e fatídica.
Tudo o que foi descrito mostra uma história onde, definitivamente, a abordagem quer levar o espectador a refletir sobre os excessos, o uso de drogas e, principalmente, sobre a dualidade do homem. Não é possível conviver com a oscilação entre o bem e o mal, pois somos propensos a cair em tentação, ceder aos ditos "prazeres". Em suma, brincar com fogo pode ser muito perigoso.
O enredo envolve Henry Jekyll, um médico e cientista que mantem o questionamento sobre a dualidade humana. Em uma de suas pesquisas, descobre uma fórmula capaz de "expor" o oposto de quem a beba, separando - literalmente - o lado positivo do negativo.
Henry é um bom homem, de princípios, e um filantropo. Ele cuida dos pobres sem nada cobrar em um lugar chamado "casa de reparos humanos" (me lembrei da "Loja de Corpos" onde a Lady Letal (X-Men) foi reconstruída). Ele também nutre um amor por Millicent Carew, uma bela jovem, filha de um "amigo" de Jekyll.
Antes de continuar a história, preciso citar que a cada novo personagem, uma tela surge com seu nome e o do ator ou atriz que interpreta o papel.
Millicent é a submissão em pessoal. Ela é recatada, obediente e, junto com todas as mulheres presentes a um jantar, retira-se para que os homens bebam seu vinho em um ambiente condizente (isso era o costume dos anos em que se passa a trama).
Uma breve discussão leva Jekyll e seus amigos a um prostíbulo disfarçado. Nada comparado aos sofisticados ambientes "recreativos" de hoje. Aliás, há uma certa dose de crítica aos imigrantes que, neste caso, gerenciam o ambiente ilícito. Lá instalados, o pai de Millicente busca a todo custo provar que Jekyll é passível de tentação, incapaz de suportar os prazeres da carne, mas falha. Pelo menos parcialmente, falha.
A experiência desperta no doutor um desejo de descobrir como ele seria sem o controle do lado bom. Então, com tal motivação, ele usa sua fórmula que desperta um maníaco incontrolável. A transformação, na época, chocou pelo uso do deslocamento da mandíbula do ator, o que lhe dava outra aparência. A atuação, ainda mais exagerada que a usual, conferiu novos ares ao nascimento de Mr. Hyde.
Dominado pelo desejo de viver uma realidade paralela, Jekyll gradativamente vai concedendo espaço para sua versão maligna. As visitas ao prostíbulo (onde antes resistira aos avanços da tentadora dançarina interpretada por Nita Naldi) levam Hyde a descobrir um anel com um reservatório para veneno de posse da bela mulher e o toma.
A teatralidade e a ausência das vozes dão um clima ainda mais tenso ao filme, porém nada esbarra sequer no conceito de terror, o que pode desagradar ao exigente público do gênero.
Por fim, Hyde passa a ser a parte mais importante do binômio que tinha Henry como a peça vital. Hyde continua a frequentar o decadente prostíbulo e as cenas no local são decadentes e negativas. É uma visão estranha da podridão humana.
Movido pelo apelo de sua filha, o Sr. Carew sai em busca de Jekyll, sumido por causa do domínio de Edward Hyde. Ao se deparar com o monstro, Sir Carew é assassinado. Não há uma violência convincente, pois as ambientações e as cenas são quase caricatas.
Hyde cede lugar ao Dr. Jekyll (um fato engraçado é que a transformação abrange até as roupas dos personagens) e este reencontra sua amada, mas os estragos já estão feitos.
A partir daí, o diretor mostra que Hyde é um vício, uma droga que domina o doutor quase que irreversivelmente. Sem o sinistro lado à mostra, Henry sofre quase como um drogado em crise de abstinência.
A nobreza da alma do doutor Jekyll prevalece sobre a sombria índole de Mr. Hyde, levando-a a trancar-se em seu laboratório. Vítima dos desejos despertos, o médico permite a visita de sua pretendida, porém já quase se transformando no monstro. Quando ela chega, já não encontra seu amado, mas o monstro a ataca. O que ocorreu antes, contudo, foi que o nobre Jekyll toma (através do anel) um veneno e mata seu maior inimigo interno. Millicent corre para pedir auxílio e quando o Dr. Richard Lanyon chega, percebe a transformação.
Em memória ao sacrifício de Jekyll, os outros são cientificados que o doutor foi assassinado pelo monstro, restando a imagem de um homem nobre para todos lembrarem. É o fim para uma experiência triste e fatídica.
Tudo o que foi descrito mostra uma história onde, definitivamente, a abordagem quer levar o espectador a refletir sobre os excessos, o uso de drogas e, principalmente, sobre a dualidade do homem. Não é possível conviver com a oscilação entre o bem e o mal, pois somos propensos a cair em tentação, ceder aos ditos "prazeres". Em suma, brincar com fogo pode ser muito perigoso.
Elenco:
- John Barrymore como o Dr. Henry Jekyll / Mr. Edward Hyde
- Brandon Hurst como Sir George Carew
- Martha Mansfield como Millicent Carew, filha de Sir George
- Charles Willis Lane como o Dr. Richard Lanyon
- George Stevens como Poole, o mordomo de Jekyll
- Nita Naldi como Miss Gina, artista italiana
- Cecil Clovelly como Edward Enfield
- Malcolm J. Dunn como John Utterson
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