Alguns,
creio que muitos, ainda se lembram das expectativas que tinham quando um
presente era prometido. No meu caso, o sono era inquieto, os dias longos e o
tempo arrastado. Tudo perdia um pouco do sentido até que chegasse o momento
aguardado em que o sonho viraria realidade. Lembro com especial carinho de um
presente que recebi totalmente fora de época, distante do meu aniversário, dia
das crianças ou Natal, mas que teve uma das mais longas esperas da minha
vida... pelo menos é assim que recordo. O presente? Um batmóvel plástico feito
com base no usado no seriado da década de 70 com Adam West. Apesar da
simplicidade, ele foi o melhor brinquedo da minha vida, algo dado a mim por meu
pai, o que ampliou sua importância.
Avanço
agora para os dias atuais onde o batmóvel se chama tumbler e onde o passado
ficou relegado ao esquecimento, certo? Errado.
Vivemos
uma época onde o passado voltou com a carga total e um de seus expoentes é a
busca pelas obras de J.R.R. Tolkien.
Já
faz mais de uma década que fomos agraciados por uma versão - antes inconcebível
- da trilogia que é o ponto de partida (para a maioria) da carreira de Tolkien:
o Sr. dos Anéis.
Ganhamos
o que gerações esperaram graças à tecnologia e a força de vontade de um homem
que reuniu uma equipe disposta a tomar boa parte de seu tempo, por muitos
meses, até a concretização do que hoje conhecemos como a Trilogia do Anel.
Como
disse antes, mais de uma década se passou até que fosse anunciada a retomada de
filmagens envolvendo uma obra de Tolkien. Após especulações, anúncios, temores
e uma demora que pareceu superior aos longos anos entre uma produção e outra,
finalmente chegou a data que muitos esperavam e um número igual temia: 14 de
dezembro de 2012, data da estréia do primeiro filme da também trilogia sobre o
livro que antecede cronologicamente os fatos passados em “O Senhor dos Anéis”. Estou
falando de “O Hobbit: uma jornada inesperada”.
Então,
sem mais delongas, vou elucidar todas (ou quase todas) as dúvidas que os fãs,
admiradores e fiéis (no sentido religioso) cultivaram sobre essa nova obra de
Peter Jackson - em parceria com Andy Serkis. É válida a idéia de uma segunda
trilogia?
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Alguns questionamentos que incomodam muitos: Era necessária a filmagem de 'O Hobbit'? A convocação de personagens que não estão na trama original foi uma homenagem ou golpe para atrair os fãs da primeira trilogia? As filmagens em 48 Fps valeram o esforço? A adaptação está fiel? O que aguardar do que se segue? E muitas outras questões...
Vou começar pelo primordial que é a necessidade da filmagem em si. O filme é uma adaptação do livro homônimo escrito pelo aclamado J.R.R. Tolkien, uma das mentes mais criativas que o século XX viu. Suas obras possuem uma infinidade de nuances e, por isso, muitos anos se passaram até que houvesse recursos para transpor para a tela tudo que ele imaginara. Assim, ganhamos a trilogia "O Senhor dos Anéis", um sucesso estrondoso que foi responsável por uma retomada absurda da leitura dos livros de Tolkien, alavancando as vendas e divulgando sua obra. Então, pensem comigo, o que impediria ou desabonaria a adaptação de O Hobbit? Dentro do meu entendimento, creio que nada impediria, principalmente se contarmos com três pontos fundamentais: o retorno financeiro, a tecnologia atual e o diretor Peter Jackson. Sabemos que dificilmente o filme traria prejuízos aos produtores, pois era quase certo que os fãs dos primeiros três filmes iriam querer ver essa nova aventura. Também há os recursos tecnológicos de hoje que, indiscutivelmente, tornam capaz de dar a vida a todo tipo de criatura, lugar e situação, trazendo maior credibilidade ao resultado final. Por último, mas o ponto mais importante de todos, a volta de Peter Jackson à direção de uma adaptação deste porte. Jackson dirige com amor, por gostar muito de Tolkien e por ter adquirido um vínculo com os personagens. Dar vida ao que o escritor criou é prazeroso para o diretor. Desgastante, mas prazeroso.
Passemos agora à abordagem sobre a fidelidade do filme à obra literária. Não posso responder pelos dois filmes restantes, porém sou enfático quanto a 'Uma Jornada Inesperada': todos os elementos básicos da trama estão presentes com fidelidade quase religiosa. O carinho que atores e produtores dedicaram a cada cena é inigualável. Há humor quando tem que haver e a tensão e violência estão muito mais palpáveis que no livro. Relembro que são linguagens distintas e não é possível exigir fidelidade absoluta, mesmo quando se tratar de um fã mais extremista.
Até o ponto em que o primeiro filme encerra, pude constatar que Peter Jackson atendeu a um pedido dos fãs de seus três filmes do universo de Tolkien: um clima mais soturno. Eu já vi e li quase tudo sobre o Hobbit (menos a primeira animação de 1969) e não há como negar que, comparativamente ao SdA, o livro sobre as aventuras de Bilbo Bolseiro é infantil. Entretanto, não critíco a obra, peça fundamental de um Universo rico, mas a linguagem e o tempo no qual os problemas são solucionados estão muito próximos ao que encontramos em livros infanto-juvenis.
Jackson, na minha opinião, foi inteligente demais ao manter o conteúdo da trama (atendendo aos fãs conservadores) e também ao criar um clima mais pesado e "realista" (quando atende aos fãs da primeira trilogia).
Vamos a outro ponto que gerou polêmica: a presença de personagens intimamente ligados ao SdA. Sim, eles dão brilho e coerência à trama, principalmente por ser uma adaptação feita por Jackson. Ele teve seus motivos, encaixou-os coerentemente na trama e, ainda por cima, prestou homenagens aos atores que são parte indissociável do sucesso dos filmes que compõem a saga SdA.
Pelo que escrevi até o momento, creio ter sido claro quanto à minha opinião no tocante à adaptação de um livro em trilogia. Todavia, vou deixar isso o mais claro possível.
Eu gosto de "O Hobbit" em três longas parte. Esse estratagema permitirá a abordagem dos fatos que seriam ignorados em um único filme. Ainda que o livro seja pequeno, a trama é rica em detalhes e, até o momento, a maioria dos detalhes foram abordados, o que confirma o acerto do diretor em sua escolha.
Assisti ao filme em 48 fps (frames por segundo) e, honestamente, não vi tamanha diferença, porém há um ganho de nitidez sensível. O 3D usado é alucinante e dá veracidade ao que vemos. Por mais de uma vez eu recuei diante de algo arremessado em direção à platéia ou elevei os braços buscando tocar uma ave, fagulhas ou sei lá o que mais. Vale cada segundo e cada centavos investidos para ver essa obra de beleza visual indiscutível. Garanto que muitas luas passarão e, mesmo assim, terei inúmeras passagens ainda vivas em minha mente.
Recomendo que assistam aos episódios do vídeoblog que Jackson e Serkis prepararam para os fãs. Eles dão maior credibilidade aos filmes, ao esforço da equipe e, principalmente, ao respeito pela obra literária original. Vocês irão se deparar com um espetáculo inacreditável.
Por fim, fica a incógnita: o que esperar dos próximos filmes? Essa primeira etapa já é um fantástico cartão de visitas. Fãs dos filmes e fãs do livro sabem que o máximo foi feito para perpetuar a obra de Tolkien, a pedra fundamental do mais consagrado universo criado pelo autor. Não há como esperar menos dos próximos dois episódios. A trilogia será um enorme sucesso para os que já aprenderam a amar e respeitar o esforço do diretor que tirou do papel e de nossa imaginação criações tão grandiosas e irá despertar a vontade dos que ainda não leram essa e outras obras do autor.
Até o ponto em que o primeiro filme encerra, pude constatar que Peter Jackson atendeu a um pedido dos fãs de seus três filmes do universo de Tolkien: um clima mais soturno. Eu já vi e li quase tudo sobre o Hobbit (menos a primeira animação de 1969) e não há como negar que, comparativamente ao SdA, o livro sobre as aventuras de Bilbo Bolseiro é infantil. Entretanto, não critíco a obra, peça fundamental de um Universo rico, mas a linguagem e o tempo no qual os problemas são solucionados estão muito próximos ao que encontramos em livros infanto-juvenis.
Jackson, na minha opinião, foi inteligente demais ao manter o conteúdo da trama (atendendo aos fãs conservadores) e também ao criar um clima mais pesado e "realista" (quando atende aos fãs da primeira trilogia).
Vamos a outro ponto que gerou polêmica: a presença de personagens intimamente ligados ao SdA. Sim, eles dão brilho e coerência à trama, principalmente por ser uma adaptação feita por Jackson. Ele teve seus motivos, encaixou-os coerentemente na trama e, ainda por cima, prestou homenagens aos atores que são parte indissociável do sucesso dos filmes que compõem a saga SdA.
Pelo que escrevi até o momento, creio ter sido claro quanto à minha opinião no tocante à adaptação de um livro em trilogia. Todavia, vou deixar isso o mais claro possível.
Eu gosto de "O Hobbit" em três longas parte. Esse estratagema permitirá a abordagem dos fatos que seriam ignorados em um único filme. Ainda que o livro seja pequeno, a trama é rica em detalhes e, até o momento, a maioria dos detalhes foram abordados, o que confirma o acerto do diretor em sua escolha.
Assisti ao filme em 48 fps (frames por segundo) e, honestamente, não vi tamanha diferença, porém há um ganho de nitidez sensível. O 3D usado é alucinante e dá veracidade ao que vemos. Por mais de uma vez eu recuei diante de algo arremessado em direção à platéia ou elevei os braços buscando tocar uma ave, fagulhas ou sei lá o que mais. Vale cada segundo e cada centavos investidos para ver essa obra de beleza visual indiscutível. Garanto que muitas luas passarão e, mesmo assim, terei inúmeras passagens ainda vivas em minha mente.
Recomendo que assistam aos episódios do vídeoblog que Jackson e Serkis prepararam para os fãs. Eles dão maior credibilidade aos filmes, ao esforço da equipe e, principalmente, ao respeito pela obra literária original. Vocês irão se deparar com um espetáculo inacreditável.
Por fim, fica a incógnita: o que esperar dos próximos filmes? Essa primeira etapa já é um fantástico cartão de visitas. Fãs dos filmes e fãs do livro sabem que o máximo foi feito para perpetuar a obra de Tolkien, a pedra fundamental do mais consagrado universo criado pelo autor. Não há como esperar menos dos próximos dois episódios. A trilogia será um enorme sucesso para os que já aprenderam a amar e respeitar o esforço do diretor que tirou do papel e de nossa imaginação criações tão grandiosas e irá despertar a vontade dos que ainda não leram essa e outras obras do autor.
Devo dizer que mesmo concordando com tudo o que você disse, Franz, houve uma coisa que me incomodou: o tamanho do filme. Sou fanático pelo Hobbit, mas acho que o filme poderia ser mais enxugado.
ResponderExcluirJackson atendeu o público que criticou a trilogia do Anel, Rainier. Mas, honestamente, a duração do filme ou o fato de ser uma nova trilogia não são fatores que me incomodam. Comparativamente, seria o mesmo que ouvir um ótimo podcast (alguém falou no Epifania?) com mais de uma hora de duração. Mesmo longo, não chega a ser enfadonho, pois cativa e atende as expectativas de fãs e simples curiosos. Isso sem contar com o fato de também ajudar a aguçar a vontade de ler o livro, tal é a fidelidade com o produto original. Obrigado pelo comentário, brother.
ExcluirQuase vejo seus olhos brilharem ao escrever esta resenha!!!!
ResponderExcluirNão tem como não se emocionar com uma adaptação tão bem feita, Isa. Obrigado por prestigiar o blog.
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