Por: Filipe Gomes Sena
Não lembro exatamente quando foi,
mas tenho certeza que da primeira vez que vi Jonah Hex foi na série animada da
Liga da Justiça, em um episódio que eles fazem várias viagens temporais. A
figura daquele pistoleiro desfigurado me chamou atenção, mas eu só fui ouvir
falar novamente de Jonah Hex quando anunciaram o lançamento do filme em 2010,
foi quando começou a publicação dos encadernados de Jonah Hex no Brasil.
Jonah Hex é um personagem
relativamente antigo, foi criado em 1972 , na revista All-Star Western. Essa
publicação, como o nome já diz, se dedicava a publicar as histórias dos
personagens do universo faroeste da DC, personagens esses que tinham muito
pouca ou nenhuma relação com o Multiverso DC. Hex teve varias fases, incluindo
uma em que ele era jogado num futuro pós-apocaliptico no maior estilo Mad Max.
Em 2005 foi iniciada uma nova fase para o personagem, sob os cuidados da
dupla de roteiristas Justin Gray e Jimmy
Palmiotti, e foi justamente essa fase que foi parcialmente publicada por aqui.
Foram publicados 6 volumes, com
aproximadamente 144 paginas cada um, com capa cartonada e em papel especial.
Essas edições compilam as histórias até o numero 36 da edição americana (que
foi até o número 54). Ao contrário do formato ao qual estamos acostumados, as
histórias de Jonah Hex são bem mais curtas, duram apenas um número em sua
maioria, bem diferente dos tradicionais 4, 5 ou 6 números que um arco normalmente tem. Ao longo dessas tramas somos apresentados a um
caçador de recompensas rude e violento, que não possui amigos. Suas principais
características são a face direita desfigurada e o uniforme que o exército
sulista usava na guerra civil americana.
Ao longo das 36 edições somos
apresentados ao universo violento do oeste selvagem, mais especificamente ao
submundo do oeste selvagem. Criminosos de todos os tipos cruzam o caminho de
Hex, alem de índios furiosos e até mesmo seres sobrenaturais. As aventuras
normalmente não fogem muito do tradicional pro gênero de western, mas o roteiro
é muito bom e a diversidade da arte da serie é enorme, lembrando que vários
artistas trabalharam com o personagem nessa fase, alguns deles em apenas alguns
números não consecutivos, isso ajuda a dar um tom diferente a cada história
tornando a experiência da leitura bem interessante, já que cada artista possui
um jeito único de retratar Hex, a sensação é que a cada historia somos
apresentados a uma faceta diferente do personagem. Mas é indiscutível o fato
das melhores histórias são aquelas em que Jonah Hex encontra com seus velhos
conhecidos (como El Diablo e Bat Lash), a forma como eles são pessimamente
tratados pelo caçador de recompensas chega a ser cômica algumas vezes, sem
contar na forma como cada um é explorado e caracterizado pelos autores.
Porém no ano de 2011 a DC promoveu
um reboot, conhecido como Os Novos 52. Entre os 52 títulos que seriam lançados
estava All-Star Western, que passaria por uma ligeira renovação, mas que
manteria o foco no principal personagem do faroeste da DC, nem preciso dizer
quem é. Há poucas semanas foi publicado o segundo volume de Grandes Astros do
Faroeste, trazendo aos leitores brasileiros as aventuras de Jonah Hex na Gotham
City do fim do século 19 ao lado da peculiar figura de Amadeus Arkham, também
conhecido como o fundador do Asilo Arkham. A dinâmica entre Hex e o médico é
interessante, já que Arkham está longe de ser o cara mais corajoso do mundo.
Com isso as histórias ficam muito ligadas à origem de algumas coisas que
existem no universo do Batman pós-reboot. Como, por exemplo, a Corte das
Corujas. Lembrando que a saga A Noite das Corujas está sendo publicada
atualmente no Brasil. De forma geral as histórias perderam um pouco daquele
clima puramente faroeste, mas a dupla de roteiristas continua a mesma, o que
diminui bastante o impacto que o atual direcionamento editorial do título vem
tomando.
Por fim, posso dizer que Jonah Hex
foi uma das melhores coisas que já coloquei na minha estante. Recomendo
violentamente as histórias do personagem escritas pela dupla Gray-Palmiotti. As
histórias pré-reboot são muito boas, boa parte delas é excelente. Elas
conseguem colocar no personagem uma profundidade que infelizmente as tramas
atuais não conseguem. A vantagem da fase atual é que no fim das edições de
Grandes Astros do Faroeste são publicadas histórias curtas com outros
personagens do universo western da DC. Pra finalizar vale lembrar uma coisa que
qualquer homem, mulher ou criança sabe: “Não tinha amigos, esse tal Jonah Hex,
apenas duas companhias constantes... A morte e o cheiro acre da fumaça da
pólvora de um revólver”.
Jonah Hex é disparado (sem trocadilhos) o meu herói favorito da DC Comics.
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