Por: Filipe Gomes Sena.
No ano passado eu soube de mais uma
daquelas noticias que deixa todo mundo com os dois pés atrás: a DC publicaria
novas histórias com os personagens de Watchmen. Depois de achar que tudo isso
poderia dar muito errado eu vi que na verdade as histórias seriam prequências
do original, com o foco nos personagens na época em que os heróis
mascarados ainda estavam em plena atividade. Não vou dizer que fiquei muito
empolgado com a noticia, pelo menos não inicialmente, mas isso mudou um pouco
quando eu li algumas coisas sobre. As críticas foram positivas o suficiente
para despertar a minha curiosidade. E um ano depois de sua publicação na terra
do Obama, chega ao Brasil a primeira das minisséries de Before Watchmen sob o
título de Antes de Watchmen - Coruja.
A minissérie do Coruja foi escrita
por J. Michael Straczinski, com arte da dupla Andy e Joe Kubert. Foi publicada em 2012, assim como as demais, em
quatro partes que foram compiladas em um único encadernado, com capa cartonada
e em papel especial, vendido a um preço de R$ 12,90. Preço que eu considero
justo, já que encadernados com 6 histórias, como o caso de Jonah Hex ou do 100
Balas, tem um preço próximo dos 20 reais. Um detalhe que vale ressaltar é o
fato de podermos encontrar o volume com duas capas diferentes, uma com o Coruja
sentado numa chaminé e outra com ele acompanhado por Rorschach.
A história tem basicamente 4
pilares: a origem do personagem Dan Dreiberg, sua infância e sua família
desestruturada. Sua relação com o Coruja original, mostrando mais uma vez o
conceito apresentado na serie original de que os heróis mascarados eram apenas
pessoas muito bem treinadas com fantasias. O inicio da parceria com Rorschach e
o envolvimento do nosso herói com uma criminosa.
A primeira coisa que precisa ser destacada é
como a postura do Coruja é diferente da vista em Watchmen. Dan é um
herói caído, um homem desmotivado e frustrado. Nessa história é possível ver
como era antigamente. Como Dan era um homem diferente, ainda é possível ver o
cara que ele viria se tornar, até por que ele ainda é, na essência, o mesmo
cara. A segunda coisa que chama a atenção é o relacionamento de Dan com a Dama
do Crepúsculo, uma mulher que comanda uma rede de prostituição, que é até um
romance que funciona bem dentro da história. Mas quem rouba a cena mesmo é o
nosso querido anti-herói com cara de exame psicológico. Rorschach faz boas
aparições ao longo de toda a história, acompanhado ou não pelo seu parceiro.
Eu terminei essa leitura divertida
satisfeito. Gosto muito de Watchmen, li a HQ na época que saiu o filme, mas não
sou fã alucinado. Fiquei satisfeito por que não houve nada que desrespeitou ou
entrou em contradição com a obra original. Inclusive o roteiro é totalmente
baseado em referencias que aparecem no original. A Dama do Crepúsculo é citada
rapidamente em Watchmen, mas a referencia mais evidente é a famosa placa com os
dizeres “O Fim Está Próximo”. A única ressalva que eu faço sobre o roteiro, que
recebeu muitas criticas negativas, é o fato de Rorschach provar, mais uma vez,
ser um personagem tão forte dentro desse universo que consegue ter grande
destaque, inclusive com partes dedicadas apenas a ele, na série que tem como
objetivo focar em um outro personagem.
Quanto à arte não tenho muito a
dizer. O traço é bom e combina bem com a história, não chamou tanto minha
atenção. Mas vale lembrar que este foi o último trabalho do desenhista Joe
Kubert em parceria com seu filho Andy que faleceu em agosto do ano
passado.
Por fim, cabe dizer que, apesar de
não ser obrigatória, Antes de Watchmen - Coruja não deixa de ser uma boa
leitura. Porém se você nunca nem ouviu falar de Watchmen, eu recomendo que pelo
menos assista ao filme antes de ler essa HQ. A experiência de leitura não
chegaria nem perto do que foi se eu não tivesse nenhuma referencia da historia
original. Se você for um fã muito xiita de Alan Moore e de Watchmen, talvez
seja melhor não ler, vi alguns comentários extremamente negativos desses fãs.
Ainda vale lembrar que no fim da revista tem a primeira parte de uma história
de... PIRATAS (ouço o som das criancinhas comemorando nesse momento), fazendo
uma clara referência aos Contos do Cargueiro Negro, que apareciam no meio dos
quadrinhos de Watchmen, mas ao contrario do que foi feito antes, a nova
historia não se mescla com a narrativa principal. Foi apenas a primeira parte
da Condenação do Corsário Carmesin , poucas páginas, mas o suficiente pra me
deixar ainda mais curioso pra ver o que a próxima edição nos reserva.
No geral eu acredito que, dentro de
todas as séries de Antes de Watchmen, esta é uma das medianas. Nunca esperei
muito da história do Coruja, até por que ele não é meu personagem preferido.
Mas pra ver se eu estou certo ou não, vamos ter que esperar.
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