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A Festa do Monstro Maluco: resenha do clássico em stop-motion.


Por: Franz Lima.

Muitos preferem esquecer o passado e olhar apenas para o futuro, mas esquecem-se que são as lições passadas a base para muito do que viveremos nos dias que virão. No cinema, principalmente quando se trata dos dias atuais, não é muito diferente. É por isso que vou falar de uma animação que marcou - muito - minha infância: A Festa do Monstro Maluco. 

Passado X Dias Atuais

Considero inquestionável a evolução das técnicas de animação. Com o advento das produções digitais, 3D, computação cada vez mais perfeita no âmbito das animações e uma maior capacidade de produção de um filme animado, seria mais do que natural afirmar que o nosso presente é uma dádiva, tal a qualidade de suas produções. Mas é aí que a maioria se engana.
Caso você esteja a par dos mais recentes acontecimentos e também seja um bom observador, então terá percebido que a indústria de cinema (inclua-se as animações) tem sofrido uma grave crise de criatividade. Remakes são uma rotina nos grandes estúdios e já faz muito tempo que não surge uma produção capaz de marcar uma geração de espectadores. 
Foi em uma dessas crises de total falta de ideias que, inspirado na Festa do Monstro Maluco, surgiu a ótima animação 'Hotel Transylvania', apenas para citar. Claro, isso não tira o mérito de 'Hotel'.
O valor das tecnologias nas produções para cinema ou TV é inquestionável. Entretanto, o passado ainda continua fornecendo valiosas lições para as gerações de hoje e, claro, para as que virão. Não acredita? Então, leia o texto que se segue...




Uma homenagem aos clássicos do terror

A Festa do Monstro Maluco (Mad Monster Party, originalmente) é, basicamente, uma grande homenagem aos filmes e atores dos clássicos do terror. Uma das formas mais evidentes de prestígio aos antigos ícones do terror foi a presença de Boris Karloff como dublador do Barão Frankenstein. Outras citações e homenagens estão visíveis nas caracterizações dos personagens onde o Drácula é quase uma cópia de Bela Lugosi, o Frankenstein usa o visual consagrado também por Boris Karloff. Até a femme fatale Francesca se parece com as vamps. Mas há muito mais embutido na própria trama que, acreditem, vale a pena ver para descobrir. 


Musical?

Mad Monster Party não é propriamente um musical, o que não impede de haver várias passagens com cantos. O que marca o filme é a música da época. Feito em 1967, não é de se estranhar que haja referências até aos Beatles (uma das partes marcantes da obra)
Não se preocupem pois, em momento algum, as músicas tiram o ritmo do filme ou se tornam melancólicas. A trilha sonora é parte indissolúvel da animação, algo sem o qual a obra perderia muito em ritmo e diversão.


Dublado ou legendado?

Não me surpreendo quando dizem que filmes dublados assustam. Houve uma época em que nossos profissionais não tinham a uniformidade, a qualidade que há hoje no mercado de dublagem, fato que criou um grande preconceito - ainda existente - em relação às produções  com vozes dubladas. Eu vi as duas versões e não há perda de qualidade ou compreensão do filme. Inclusive, há passagens que estão melhores na versão nacional que na original. Entretanto, as músicas precisam - na minha opinião - ser as originais, principalmente "Do the Mummy",  a mais divertida no longa de animação. 
Faça sua escolha...


Stop-Motion

A técnica de stop-motion (animação quadro-a-quadro) é uma referência e um marco na história das animações. Usada até os dias atuais, ela é o ponto alto de A Festa do Monstro Maluco.  No ano de 1972 foi produzida uma outra animação, na verdade um prequel, onde é contada a história da criação da noiva de Frankenstein, porém com resultados tão fracos que a referida obra é desconsiderada dentro da mitologia criada. 
Apesar da aparente simplicidade que envolve a técnica, o stop-motion requer tempo, paciência e uma equipe altamente profissional para que o resultado final seja tão bom quanto o que tivemos em A Festa do Monstro Maluco.

E a trama? Quais as principais características positivas que tornaram a animação um clássico?


A trama de A Festa do Monstro Maluco não é propriamente uma produção com um tema inédito. A reunião de monstros é um tema recorrente, mas o que deu destaque à animação foi a forma como eles foram reunidos. O uso bem humorado dos personagens e as caracterizações que buscaram inspiração nos visuais mais clássicos dos monstros no cinema são pontos fortes do longa de animação, mas é a reunião para anunciar o sucessor do Barão Frankenstein - e a insatisfação por trás desse anúncio - que fazem a loucura e a ação desenfreada imperarem, criando um clima divertido, estranho e que é encerrado com uma magnífica homenagem a um clássico do cinema fantástico. 
Curiosidade: no mesmo ano em que foi produzido Mad Monster Party, também surgiu um outro clássico do humor misturado ao terror: A Dança dos Vampiros.



Dados Técnicos:

Direção: Jules Bass
Dubladores originais: Boris Karloff, Allen Swifft, Gale Garnett, Ethel Ennis e Phyllis Diller.
Ano de Produção: 1967
Trilha Sonora (via Wikipedia):

  1. "The Baron"
  2. "Mad Monster Party"
  3. "Waltz for a Witch"
  4. "Cocktails"
  5. "The Bash"
  6. "You're Different" - The Monster's Mate (Phyllis Diller)
  7. "Jungle Madness"
  8. "Our Time to Shine" - Francesca (Gale Garnett)
  9. "Mad Monster Party"
  10. "Do the Mummy" - Little Tibia and the Fibias
  11. "One Step Ahead" - Baron von Frankenstein and Company (Boris Karloff and Company)
  12. "The Baron Into Battle/Transylvania, All Hail/Pursuit/Requiem for a Loser"
  13. "Never Was a Love Like Mine" - Francesca (Gale Garnett)
  14. "Finale"
Site não-oficial: http://www.madmonsterparty.com/

Para complementar o post, uma breve galeria com artes inspiradas no consagrado longa de animação:







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