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Guerra Mundial Z: análise do filme baseado na obra de Max Brooks.


Por: Franz Lima.
O que torna um filme cujo tema central é um apocalipse zumbi, marcante? Cenas de puro gore, violência extrema ou um enredo mais elaborado? Honestamente, a maioria crê que um ótimo filme sobre zumbis deva conter as três alternativas acima, mas isso não é uma regra. É possível fazer um filme ou um curta-metragem sem o ritmo alucinante que a ação empregada nas produções atuais exige. Também sei que há como idealizar e realizar uma trama que mescle a violência e uma narrativa mais coerente, sem que se perca o foco de que estamos falando de uma produção de ficção. Há produções que não usam dos tradicionais recursos e são obras-primas do gênero, como o curta 'Cargo'.
Seja como for, descartando os estereótipos e as cenas já consagradas sobre o tema, hoje irei falar sobre um interessante longa-metragem que tem a premissa de um 'apocalipse zumbi' como base. Baseado na obra homônima do escritor Max Brooks, Guerra Mundial Z (World War Z) é um filme que recebeu - antes de sua exibição e após - muitas críticas negativas. Mas são tais críticas embasadas ou há uma dose de preconceito de grupos radicais de fãs dos mortos-vivos? Vamos analisar...



Baseado em um livro.

Sim, a produção de Guerra Mundial Z foi feita com base no livro do escritor Max Brooks. Sua obra ganhou grande impulso nas vendas em nosso país a partir do anúncio da produção do filme pela produtora de Brad Pitt que, com grande visão, comprou os direitos para A adaptação. Fora isso, quatro roteiristas (entre eles J. Michael Straczynski) receberam a difícil missão de transportar para as telas a saga de Gerry Lane, um ex-investigador da ONU que viajava o mundo em missões que, no filme, não ficaram claras. Gerry tem como meta principal o retorno ao convívio familiar. E é em prol dessa família que o herói luta diante de um inimigo quase invencível.
Tudo ocorre de modo bem rápido, dando a clara impressão de episódios, uma espécie de fragmentação da ação para facilitar a narrativa visual. Isso, felizmente, não quebra o ritmo de filme. 
Fiel ou não ao livro, Guerra Mundial Z mantém uma cadência interessante, capaz de cativar o espectador, ainda que não haja a tão cultuada violência embebida em sangue, comum às obras do gênero, fato que analisaremos mais à frente. 

Zumbis ou uma infestação virótica?

Uma  parte muito interessante do filme é o modo como os mortos-vivos surgem. A sensação de impotência diante de um mal incontrolável e irrefreável é muito grande. As pessoas que estão vivendo dentro de sua rotina são brutalmente atingidas por uma literal avalanche de zumbis. Entretanto, o ponto que realmente chama a atenção é a forma como eles atacam: não há a destruição de corpos para saciar a fome. Eles querem transmitir a doença, assim como faz um vírus. Até os movimentos lembram uma infestação, onde cada elemento colabora para o todo. É realmente assustador.

Classificação indicativa de idade.

Esse é um ponto controverso. Caso a película fosse plena de violência, sangue e mortes macabras, a classificação do filme seria elevada, o que provocaria a perda de muitos espectadores e, consequentemente, de arrecadação. Para evitar isso, Brad Pitt e sua produtora optaram por um filme mais limpo, o que manteve a indicação etária para 13 anos. Ponto para a bilheteria. Ponto perdido junto ao fã da obra de Max e também junto aos admiradores mais radicais do gênero 'zumbi'.



Coerência da trama.

Diferente dos demais filmes que buscam mais assustar que explicar, Guerra Mundial Z trouxe uma visão mais científica para um temor que ganha vulto, principalmente por conta do avanço das guerra bacteriológicas e das infestações virais. O uso de pessoas como armas é algo difícil, porém não impossível. Logo, zumbis ou pessoas descontroladas por uma bactéria ou vírus que afete o sistema nervoso não é pura ficção...
O desfecho que foi aplicado à trama dá vazão para a continuidade em outros filmes (talvez uma trilogia), o que muito agrada, já que haverá tempo hábil para analisar todo o primeiro trabalho e, com calma, corrigir as lacunas e aprimorar a narrativa. Logo, creio que teremos melhorias em relação à primeira parte da provável trilogia.

Uso do 3D.

Vi o filme com o 3D, mas não acrescenta quase nada à obra. Para piorar a situação, antes do início de Guerra Mundial Z, vi o trailer de Wolverine: imortal, o que só aumentou a impressão de que o 3D de WWZ está bem simples para uma produção tão cara.

Nota final.

WWZ é um filme muito bom. Pequenos detalhes podem incomodar os espectadores mais exigentes, porém não há nada que desabone a obra ou impeça que haja continuações. As atuações foram convincentes, a tensão é constante e os zumbis - seja em multidões ou isoladamente - fazem jus aos monstros lendários e temidos que são.
Assistam ao filme distanciando-se dos já existentes, sem comparações. Lembrem-se que a figura do zumbi está com sua mitologia ainda em expansão e, certamente, Guerra Mundial Z colabora para trazer algo positivo a esse universo fictício.

 

Comentários

  1. assistir muita ação...massa velho...

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    1. Uma visão diferente e muito interessante da infestação zumbi, Mano.

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  2. Tensão em 100% do tempo. Entretanto não gostei muito, há muitas falhas nos roteiros que não comentarei para não afastar aqueles que ainda não viram. Nota 5, bom, mas tem que assistir com a mente desligada.

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    1. Creio que a continuação será ainda melhor. Gostei do filme.

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