Fonte: BBC. Texto: Franz Lima.
O fato é o seguinte: um brasileiro consta entre os seis estrangeiros que serão executados neste domingo, dia 18/01, na Indonésia. A acusação que gerou tal penalização foi a de tráfico de drogas, mais especificamente um carregamento de 13,4 kg de cocaína. O brasileiro em questão é Marco Archer Cardoso Moreira, traficante condenado à pena de morte pelo crime citado.
Bem, o que me surpreendeu, honestamente, foi a entrada da Anistia Internacional no trâmite do assunto. Segundo o site da BBC, a AI está pressionando o governo do país a reverter as sentenças a algo mais brando. Atualmente aguardam no corredor da morte 160 pessoas de diferentes nacionalidades, acusadas desde tráfico até terrorismo.
Serei honesto e direto: um cara entra em um país estrangeiro cujas leis são severas para crimes hediondos (eu classifico o tráfico de drogas desta maneira) e é flagrado em delito. Dez anos depois, após apurados os fatos, a condenação será cumprida e um grupo se levanta para buscar clemência ao traficante. Mas por que? Quem me dá garantias de que esta foi a primeira incursão dele neste ramo? Caso não tenha sido, quantos foram prejudicados com as drogas que ele colocou no país? Quantas famílias foram arruinadas por indivíduos que, assim como ele, buscaram fortuna fácil através da ruína de um país, de famílias e da própria segurança nacional.
"O caso do Marco (tráfico de drogas) foi um crime não violento. Nós somos contrários à pena de morte em qualquer situação, mas no caso dele chama a atenção essa desproporção", afirma o assessor de direitos humanos da Anistia Internacional Maurício Santoro.
A opinião acima reflete o quanto a Anistia está equivocada. Graças às drogas, o Rio de Janeiro, só para citar, ficou por mais de quatro décadas à mercê do tráfico e da violência. Milhares morreram pela ação das drogas ou em função de sua venda. Filhos foram enterrados antes dos pais, pais tiveram suas vidas esfaceladas com tais perdas. Futuros foram interrompidos. Uma cidade foi sitiada e até hoje sofremos as consequências do tratamento "brando" diante de tal crime.
Archer e outro brasileiro, Rodrigo Muxfeldt Gularte, agiram por iniciativa própria. Eles são responsáveis por suas ações e irão pagar por seus crimes. Inclusive, se os mesmos delitos ocorressem aqui, provavelmente eles iriam passar uns quatro anos na cadeia para, posteriormente, sair e voltar à vida do crime.
É essa compaixão exacerbada por criminosos que trouxe o caos ao nosso país. A violência não está na pena de morte, mas na permissão e descaso com um crime tão grave quanto o tráfico. Teríamos, indubitavelmente, um Brasil mais pacífico e justo se tratássemos os bandidos como eles realmente são. Muitos ainda não perceberam, porém estamos em guerra contra o tráfico - e os indivíduos que o sustentam - há muitos anos.
Você, leitor, pode até achar que estou sendo radical. Alguns irão dizer que todos têm direito a uma segunda chance. Outros irão afirmar que o problema está na educação, na geração de empregos e outros fatores sociais. Em parte, concordo. Entretanto, observemos que os mortos nesta guerra são incontáveis. É preciso focar nas verdadeiras perdas que, infelizmente, aumentam em nosso país. A Indonésia é um país soberano e não cede ao apelo de criminosos.
O tempo das amenidades passou. As drogas ganham força através de novas tecnologias. Crack, nyaope, cocaína e outros venenos são negociados livremente em inúmeros países, cujos gastos com segurança, tratamento, combate ao tráfico, prisão de envolvidos neste tipo de crime, mortes de viciados, traficantes, cidadãos comuns e policiais geram somas que poderiam sustentar alguns pequenos países.
O governo brasileiro está tentando também interceder junto governo indonésio para que desista de executar Archer neste sábado, mas segundo o Itamaraty "não há registro de pedidos de clemência aceitos desde a posse do atual Presidente da Indonésia".
O aprisionamento não serve como medida reeducadora em nosso país, cujo sistema prisional é um dos mais caóticos do mundo. Ao invés de se preocupar com traficantes, a presidente Dilma e o Itamaraty poderiam se preocupar e amparar as famílias dos militares e policiais que tombaram em serviço. Mas a verdade é que o Governo Federal ganha status ao entrar em uma luta "tão humanitária". Em resumo, isto não passa de autopromoção.
O Brasil não adota a pena de morte ou sequer a prisão perpétua. Em consequência, a sensação de impunidade diante de um sistema judiciário lento, ineficaz e beneficiador a quem possui dinheiro só aumenta. Crimes são cometidos com a certeza de impunidade ou de penas leves. O tratamento dado a quem não paga a pensão alimentícia é, muitas vezes, mais rigoroso que o dado a um vendedor de drogas ou assassino. Essa é a justiça brasileira, sempre apoiada por governantes inaptos e despreparados.
Enfim, fechando o texto e dando base ao título, eu volto a afirmar: Marco Archer e Rodrigo Muxfeldt serão executados por seus crimes. E daí?
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