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Humor? |
Texto: Franz Lima.
Caso você ainda não esteja atualizado sobre os ataques ao tabloide Charlie Hebdo, um dos mais mordazes e críticos da França. Famoso por não poupar autoridades, religiões ou instituições, o Charlie Hebdo foi atacado por terroristas em represália às críticas - através de charges e outras piadas similares - usando a imagem do profeta Maomé. Na ilustração, Maomé aparece proferindo as seguintes palavras: Cem chicotadas se você não morrer de rir.
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Editor da Charlie Hebdo mostra desenho polêmico. (Foto: Alexander Klein/AFP) - Fonte: G1 |
O humor, principalmente do tipo feito pela Charlie, é geralmente interpretado com tolerância. Mas não são raros os casos onde a "graça" acaba se transformando em "ofensa". Sendo assim, friso que não apoio terrorismo, quando há ofensas graves, a possibilidade de retaliação é grande. Óbvio que ninguém esperava a prática de um massacre para demonstrar a reprovação à matéria, porém estamos falando de pessoas cuja educação ensinou que é crime ofender um dos ícones religiosos de sua crença.

O fato é que o editor da Charlie Hebdo e os cartunistas/humoristas da revista receberam uma dose extrema da intolerância às ofensas. Eles, inclusive os que faleceram no ataque, sabiam da existência de extremistas muçulmanos, católicos e judeus. Lidar com pessoas que são capazes de matar por suas crenças já é algo difícil, imaginem ofender - categórica e constantemente - esses indivíduos. Eu, honestamente, considero isso extremamente perigoso. Não há mais fronteiras. O fato de eu estar na França, Brasil ou Antártida não impede que o ódio chegue a mim ou minha família. Ninguém está seguro em um mundo onde bombas e armas são negociadas para qualquer tipo de gente.
Repito o que disse no início da matéria: não apoio terrorismo. Ainda creio que o Islã e seus seguidores podem ganhar muito mais com o silêncio. O descaso da Charlie Hebdo diante da fé de outras pessoas não é motivo para matar. Mas eu creio ainda mais que o pequeno grupo de atacantes não representa a maioria islâmica. Ser muçulmano não é treinar em um campo de guerra, planejar mortes, sequestrar e impor a própria vontade sobre a de terceiros. Ser islâmico é pregar a paz, ajudar o próximo (preferencialmente em sigilo), orar, estudar e crescer como ser humano. A Lei não prega intolerância aos povos do Livro (ondes estão incluídos, além dos muçulmanos, judeus e cristãos). Porém lidamos com pessoas que podem ser influenciadas. Cada mente é um universo insondável e não há religião que possa impedir uma alma deturpada por anos de ensinamentos radicais, extremistas e violentos. Os atacantes ao Charlie Hebdo não representam os fiéis seguidores do Corão e dos ensinamentos de Allah. Em contrapartida, tenho plena certeza que as brincadeiras ofensivas e tendenciosas que revistas como a Charlie Hebdo praticam não representam o pensamento francês, cuja luta pela liberdade e justiça gerou a máxima "liberdade, igualdade e fraternidade".
Somos responsáveis por nossos atos. Cartunistas e terroristas responderam por seus atos. O mundo não apoia o terrorismo. O mundo não apoia o desrespeito à fé alheia.
Enfim, erros ocorreram dos dois lados, porém os extremistas reagiram como sua denominação sugere: com violência, terror e baseados em doutrinas controversas e deturpadas por pessoas. Matar em nome de uma fé que prega a tolerância e o auxílio mútuo é algo impraticável, mas sempre haverá radicais em quaisquer grupos. É preciso ter cuidado para não transformar uma piada em motivo de guerra, pois sempre haverá alguém disposto a se armar para defender seus "princípios", sejam eles corretos ou não. A liberdade e a fé sempre serão defendidas, pena que nem sempre da forma correta.
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