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A polêmica sobre a continência: o que chocou tanto?

Por: Franz Lima
 
A revista Carta Capital, de circulação nacional, veiculou uma matéria onde critica de forma veemente o gesto de alguns atletas que prestaram continência durante a execução do Hino Nacional ao ganharem medalhas. 
Em resposta - ainda que tardia - a tal observação feita por Rodrigo Borges no artigo Atletas prestam continência no pódio: por que isso não deveria ser aceito, resta-me frisar que eles não se manifestaram de forma ideológica, mas, sobretudo, patriótica. O ato da continência é uma forma de respeito à Bandeira e ao Hino Nacional. Na condição de militares, temporários ou não, a demonstração de respeito aos símbolos máximos de nosso país é algo que está arraigado no comportamento de quem serve à Pátria na condição de militar, seja do Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Militar ou Bombeiros. 
O que me surpreende é ver um artigo mal redigido e pouco embasado ter recebido um espaço na Carta Capital. Não vou sequer entrar no mérito da veia ideológica da revista, pois não é esse o assunto, porém é notório que o redator da matéria quis incitar a intolerância ao ato de prestar continência com teses que remeterm ao período ditatorial.
Os Panteras Negras foram proibidos de fazer seu gesto porque ele continha uma atitude de afronta ao poder político vigente. É óbvio que não há a mesma atitude ou intenção ao se portar militarmente diante de um símbolo de nossa nação em uma cerimônia que é transmitida para milhões de pessoas no mundo. Ser patriota é algo que valorizamos quando ocorre em outros países (vide o impacto do filme Sniper Americano), então o que há de ruim em mostrar respeito e patriotismo quando quem o faz é brasileiro?
Cidadãos como Rodrigo mostram que o revanchismo ainda está presente na cultura do brasileiro. Sou militar e dedico mais de duas décadas de minha vida à defesa da pátria e dos interesses nacionais. Não tenho, assim como os atletas, qualquer ligação com os erros da Ditadura. Não cultuo ou aprovo a tortura, a censura e a opressão. Porém, definitivamente, mostrar respeito pelos símbolos máximos de nosso amado país não é um ato político como a Carta Capital reforça não só com o texto supracitado, mas também através de um segundo que visa embasar a crítica feita por Rodrigo. O interessante é que o apoio veio de um dos editores-executivos da própria revista.
Não há lógica em acusar as Forças Armadas de ter forçado seus atletas a prestar continência (não existe o termo "bater" continência). As FFAA dão estrutura de treino, apoio psicológico, alimentação própria à prática esportiva, instalações esportivas, e seus atletas, na condição de militares, recebem seus salários.  Muitos atletas de grande potencial ficam esquecidos e não têm as oportunidades para mostrar seu potencial. 

A revista Isto É fez a seguinte observação:
De fato, foi nas Forças Armadas que esportistas de ponta como a pentatleta Yane Marques, bronze em Londres-2012, conseguiram obter o respeito e o reconhecimento que merecem. Não fosse pelo soldo e pelas bolsas recebidas do governo, a pernambucana jamais conseguiria se dedicar a uma modalidade praticamente desconhecida no Brasil. 

Sobre as normas que regulamentam (Regulamento de Continências, Honras, Sinais de Respeito e Cerimonial Militar das Forças Armadas), podemos destacar os seguintes aspectos:

Art. 15 Têm direito à continência:

I - a Bandeira Nacional:

a) ao ser hasteada ou arriada diariamente em cerimônia militar ou cívica;

b) por ocasião da cerimônia de incorporação ou desincorporação, nas formaturas;

c) quando conduzida por tropa ou por contingente de Organização Militar;

d) quando conduzida em marcha, desfile ou cortejo, acompanhada por guarda ou por organização civil, em cerimônia cívica;

e) quando, no período compreendido entre 08:00 horas e o pôr-do-sol, um militar entra a bordo de um navio de guerra ou dele sai, ou, quando na situação de "embarcado", avista-a ao entrar a bordo pela primeira vez, ou ao sair pela última vez;

II - o Hino Nacional, quando executado em solenidade militar ou cívica; 
Art. 25 Ao fazer a continência ao Hino Nacional, o militar volta-se para a direção de onde vem a música, conservando-se nessa atitude enquanto durar sua execução.

Portanto, apesar do esforço e do destaque que algumas vertentes da imprensa deram, o que concluo é que demonstrar civismo e respeito aos símbolos de nossa Pátria não é uma afronta ou evidenciar o poder, conforme insinuado pela Carta Capital, mas um gesto tão simples quanto cantar o Hino Nacional em um evento esportivo. Segundo a revista, ao menos no que ela deixa subentendido, gestos assim podem evocar o retorno de um clima ditatorial, algo impensável nos dias atuais e incondizente com os gestos em si. 
Pelo visto, se as coisas continuarem dessa forma, em breve nossas crianças serão proibidas de mostrar seu patriotismo através do canto do Hino durante o hasteamento da Bandeira Nacional, algo que já está em desuso em inúmeras escolas. 
Respeitar nossa Pátria é ofensivo? Não. Entretanto, colocar um país contra seus representantes no esporte e nas Forças Armadas é uma das mais covardes atitudes que um repórter e uma revista (ambos formadores de opinião) podem assumir.



Comentários

  1. Tudo tem o lado positivo. Serviu para mostrar a todos esse apoio que nossos atletas estão tendo e o resultado dessa dedicação. Ponto para as Forças Armadas! Não é queimando os livros que se impede a divulgação do conhecimento, acredito que o tiro saiu pela culatra,

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