Apaixonado desde jovem pelas línguas antigas, o jovem Tolkien estava particularmente interessado em uma coletânea de velhas histórias finlandesas, a "Kalevala", que conta a história de Kullervo.
"Podemos dizer que Tolkien faz seus ensaios", afirmou ainda o especialista no escritor britânico, que vê no texto "um exercício de estilo juvenil".
"Por fim, abandona esta historia antes de acabá-la, para passar a escrever textos mais pessoais e originais".
Audiência maior
'A história de Kullervo' já foi publicada em 2010 na revista acadêmica 'Estudos Tolkien' pela professora Verlyn Flieger, da Universidade americana de Maryland. Ela copiou o manuscrito escrito com lápis por Tolkien e conservado na famosa biblioteca Bodleian de Oxford.
"Pensei que merecia um público mais amplo que os assinantes de uma revista acadêmica, e assim me dirigi aos herdeiros de Tolkien para propor a eles publicá-lo em separado", afirmou Flieger.
Uma vez que obteve seu acordo, colocou-se em contato com a editora das obras de Tolkien, HarperCollins, para supervisionar esta edição que também contém notas do escritor.
"É sua primeira obra mítica em prosa, e por isso, precursora do que vem depois", afirmou Flieger.
"Também é inegável que é sua obra mais sombria, que esboça os aspectos mais obscuros de seu mundo inventado", a Terra do Meio, cenário das aventuras do Senhor dos Anéis.
Kullervo é, dessa forma, "uma das fontes de Turin Turambar, uma figura central na mitologia de Tolkien, o futuro herói de "Os filhos de Húrin" e de um capítulo de Silmarillion.
"Ambos são malditos, seu pai conheceu um fim trágico, vítima de um personagem com poderes mágicos", explicou Ferré.
O 'Silmarillion', que foi publicado postumamente em 1977 (JRR Tolkien morreu em 1973), é uma saga que abrange as histórias de 'O Hobbit' e 'O Senhor dos Anéis'.
Páginas desconhecidas
Outros manuscritos de Tolkien foram publicados nos últimos anos, incluindo 'Os filhos de Húrin', em 2007, 'A lenda de Sigurd e Gudrún', em 2009, e a 'A queda de Artur', em 2013.
Segundo Flieger, ainda há muitos textos inéditos de Tolkien na biblioteca Bodleian, principalmente "notas para conferências, assim como escritos mais curtos".
"Há centenas de páginas de Tolkien ainda desconhecidas para o público em geral, especialmente em relação a suas línguas inventadas", explicou Ferré, que, no entanto, duvida que possam constituir novas obras.
O filho de JRR Tolkien, Christopher Tolkien, já publicou tudo que podia ser publicado, completou Ferré.
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