Por: Franz Lima
A espera foi longa. Os temores ainda maiores. O que esperar de uma nova aventura de Max, o solitário vigilante das estradas, antes interpretado por Mel Gibson?
A espera foi longa. Os temores ainda maiores. O que esperar de uma nova aventura de Max, o solitário vigilante das estradas, antes interpretado por Mel Gibson?
A resposta demorou... mas valeu cada segundo. 'Mad Max: Estrada da Fúria' é um espetáculo inesquecível.
Vamos entender os motivos para a afirmação acima.
O caos
O mundo onde ocorre a trama é o resultado de um verdadeiro apocalipse. Os sobreviventes se tornaram aquilo que a humanidade realmente é quando não tem mais os freios morais: uma turba que é capaz de realizar qualquer ato para cumprir com as vontades de seu líder, seu "redentor". Em Fury Road, este redentor tem nome: Immortan Joe.
E o que deu tanto poder a um único homem? A fome, a miséria, o caos e a força. Pessoas estão à beira do fim e se apegam a qualquer coisa que possa lhes oferecer a menor possibilidade de sobrevivência, de prolongar a vida, ainda que mísera.
Como um líder religioso, Immortan domina a massa. Homens, mulheres e crianças se dobram diante de sua vontade. Com tanto poder, não há como esperar algo diferente de um regime tirânico.
O domínio caótico de Immortan Joe é mostrado através do exército que ele criou, em sua maioria composto por jovens chamados War Boys, cujas vidas estão condenadas por uma doença, mas que farão de tudo para honrar seu líder, o que inclui morrer para alcançar o Valhalla (o salão dos mortos nórdico no qual se reúnem os que pereceram em combate).
Seja pela fé extrema (fanatismo) ou pela fome e sede igualmente extremas, o sádico líder exerce sua influência ao dar aos seus súditos as opções de uma morte honrada ou, no caso dos famintos e sedentos, algumas migalhas daquilo que ele guarda.
Outro fato que reforça o domínio de Joe é o uso de entradas similares às que Hitler e outros tiranos usaram: som alto, o uso de bancadas elevadas para mostrar superioridade, aclamação popular e a oferta de "bens" aos menos favorecidos.
Como um líder religioso, Immortan domina a massa. Homens, mulheres e crianças se dobram diante de sua vontade. Com tanto poder, não há como esperar algo diferente de um regime tirânico.
O domínio caótico de Immortan Joe é mostrado através do exército que ele criou, em sua maioria composto por jovens chamados War Boys, cujas vidas estão condenadas por uma doença, mas que farão de tudo para honrar seu líder, o que inclui morrer para alcançar o Valhalla (o salão dos mortos nórdico no qual se reúnem os que pereceram em combate).
Seja pela fé extrema (fanatismo) ou pela fome e sede igualmente extremas, o sádico líder exerce sua influência ao dar aos seus súditos as opções de uma morte honrada ou, no caso dos famintos e sedentos, algumas migalhas daquilo que ele guarda.
Outro fato que reforça o domínio de Joe é o uso de entradas similares às que Hitler e outros tiranos usaram: som alto, o uso de bancadas elevadas para mostrar superioridade, aclamação popular e a oferta de "bens" aos menos favorecidos.
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O domínio e a fascinação pelo líder são idênticos. A idolatria a serviço do caos. |
Feminismo?
Muitas acusações de feminismo rondaram as análises de Mad Max. Elas, entretanto, são fruto de uma análise infundada do filme. Há, certamente, nuances de feminismo, porém sem conotações puristas. As mulheres têm papel de destaque na trama, Furiosa é o maior exemplo, e esse destaque ocorre por conta das boas interpretações das atrizes e também pela importância delas à trama. Em momento nenhum Max perdeu sua importância por causa da presença feminina. Ao contrário, elas dão força a ele e, em certo momento, propósito.
As mulheres em Mad Max estão presentes na narrativa por mérito. Suas contribuições são incontestáveis e vitais ao filme. Immortan Joe quer suas parideiras ao seu lado. Furiosa quer se redimir de uma vida de submissão e escravidão. As mulheres do deserto são a representação de fêmeas que foram lapidadas a ferro e fogo. As esposas oscilam entre a fragilidade e a determinação. Elas estão no roteiro de George Miller para engrandecer o filme, nunca para minimizar a participação de qualquer outro personagem.
Rock e sangue
Elementos adicionais tornaram a trama mais empolgante. Entre eles estão: a presença de Nux, um dos War Boys que é a representação máxima do efeito que a idolatria e o fanatismo fazem à mente humana e, ainda, a participação de um guitarrista alucinado que toca em cima de um verdadeiro "carro de som".
Combinados, o fanatismo e a trilha sonora pesada dão muito mais impacto ao filme, principalmente nas cenas de ação.
Outro fator adicional está nas interpretações que exigiram do elenco uma entrega total. O desgaste físico foi extremo, porém proporcionou ao espectador uma sensação de realismo que há muito não se via em um filme onde a ação e os efeitos são tão importantes quanto a trama em si.
Combinados, o fanatismo e a trilha sonora pesada dão muito mais impacto ao filme, principalmente nas cenas de ação.
Outro fator adicional está nas interpretações que exigiram do elenco uma entrega total. O desgaste físico foi extremo, porém proporcionou ao espectador uma sensação de realismo que há muito não se via em um filme onde a ação e os efeitos são tão importantes quanto a trama em si.
Lições que permeiam a trama.
Evidenciar o problema que uma falta de água crônica pode trazer à humanidade não é algo novo no cinema. Entretanto, Fury Road conseguiu mostrar o desespero por trás da falta de água com o poder transferido a quem a tem. Immortan Joe ganha ares de um deus por conta de sua posse de uma das poucas fontes de água existentes.
Os limites morais que o convívio entre pessoas gera são violentamente quebrados. Diante de situações extremas, os homens são levados a atitudes extremas. Sem freios morais, a força passa a ser a única linguagem compreendida. Isso é mostrado de forma alucinada, mas muito próxima daquilo que seria, caso uma situação similar ocorresse.
Os limites morais que o convívio entre pessoas gera são violentamente quebrados. Diante de situações extremas, os homens são levados a atitudes extremas. Sem freios morais, a força passa a ser a única linguagem compreendida. Isso é mostrado de forma alucinada, mas muito próxima daquilo que seria, caso uma situação similar ocorresse.
Um reboot ou continuação?
Mad Max é uma mistura extremamente bem elaborada de um reboot (recomeço) com os filmes anteriores. Não é preciso assistir os três filmes anteriores para compreender a trama de Fury Road. Entretanto, as referências existentes na nova produção - que terá uma continuação - só ganham ênfase quando os antigos filmes forem assistidos. Há muitas homenagens embutidas, mas é óbvio que os produtores não iriam vincular um filme feito para uma nova geração (vide a linguagem empregada) de forma que ele ficasse incompreensível caso os espectadores não assistissem os anteriores. A verdade é uma só: Mad Max - Fury Road é um novo filme que agradará os antigos fãs (entre os quais me incluo) e os novos, porém a produção está mais próxima de um reboot do que de uma continuação.
Por que Estrada da Fúria?
Para quem ainda não assistiu, deixo uma única observação: a narrativa se passa quase que integralmente em uma longa estrada. São perseguições, mortes, explosões e conflitos ideológicos e psicológicos em doses altíssimas. Tudo, basicamente, ocorre nessa estrada - que também adquire a conotação de uma trilha a ser superada - onde as forças do "bem" e do "mal" se confrontam. Notem que as aspas anteriormente usadas evidenciam que até o pior dos personagens age sob o domínio de suas convicções, diante de um universo caótico, selvagem e impuro. Não há inocentes na Estrada da Fúria e, definitivamente, sobreviver a ela é algo improvável a qualquer um. Aliás, sobreviver fisicamente não implica em dizer que a mente sairá intacta das experiências que essa caótica realidade reserva aos seus "passageiros".
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