Não entendo o porquê da sociedade insistir em querer determinar o papel da mulher. Mudam-se as gerações, mas a imposição se mantém. Se no início dos tempos o papel era apenas procriar e satisfazer os homens, passando a donas de casas exemplares, hoje todas têm obrigação de ter uma profissão. Se uma mulher diz que seu sonho é ser mãe e ter um lar para cuidar, toda uma sociedade revoltada e cheia de razão escandaliza-se e protesta nas redes sociais.
Antes mesmo de sermos mulheres, somos seres individuais e com necessidades diferentes. O que cabe a mim, necessariamente não terá importância para outra pessoa. Quando vim morar no Rio de Janeiro pela segunda vez, conheci uma colega de trabalho que se tornou uma grande amiga. Ela, uma ótima profissional, estava terminando a faculdade, mas como o trabalho a atrapalhava, se demitiu (corajosa) e dedicou-se a concluir o curso. Nesse meio tempo, conheceu o homem que veio a tornar-se seu esposo. Hoje, formada, ela resolveu se dedicar ao lar por estar gostando de passar por essa experiência. Confesso que eu mesma rejeitei essa ideia dela por ter visto todo seu esforço em se formar, mas percebi que ela é feliz desse jeito. E mais, se ela quiser voltar a trabalhar, mudar de profissão ou largar tudo de novo terá meu apoio, contanto que essas mudanças a satisfaçam. Não é por que fizemos uma escolha que não podemos mudar de opinião. Estar em movimento, mudar de ideia, ter novas aspirações faz parte da essência de todo ser humano. Somos seres vivos na constante busca pela felicidade e não será a sociedade que determinará se serei uma dona de casa recatada ou uma profissional.
Cada um deve se dar a oportunidade de buscar dentro de si aquilo que o fará feliz. Sabemos que algumas vezes precisamos primeiro fazer aquilo que é necessário para nossa sobrevivência e da nossa família, para um dia podermos realizar nossos sonhos e que ás vezes essa nossa possível felicidade vai se tornando algo distante, mas isso não significa que não podemos ser felizes com o que temos hoje. Se formos capazes de ser agradecidos pelo que somos e temos, poderemos assim, conquistar uma vida equilibrada, até que mais tarde, novas oportunidades surjam para realizarmos nossos sonhos ou até mesmo, novos sonhos surgirão.
Recentemente me perguntaram qual era meu grande sonho e eu não soube responder. Outra amiga minha puxou-me as orelhas dizendo que todos precisamos ter sonhos, sem eles vivemos mecanicamente. E eu, então, resolvi fazer um esforço para reativá-los. Por conta da dureza da vida e da rotina, colocamos nossos sonhos para dormir e os esquecemos, mas devemos ficar atentos, pois, as oportunidades surgem e se as deixamos escapar teremos que conviver com o sentimento de frustração e desgosto.
Mulheres, homens, todos temos o direito de escolha, somos seres livres e capazes, basta que acreditemos. O que não podemos é viver comandados por uma sociedade que quer determinar qual seu estilo de roupa, música, livro, qual profissão (ou não) deveremos ter. Para isso, basta que aprendamos a conhecer a nós mesmos, refletindo sobre nossas capacidades e nossas limitações, buscando nos aprimorar como pessoas, lapidando nossas almas. Não é fácil, mas também não é impossível. Essa é nossa missão aqui na Terra.
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