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Esse texto aborda o tema que está mais em
pauta no momento: o impeachment da Dilma. Bem, vamos a alguns fatos sobre isso.
Primeiro, a derrocada ainda não é definitiva. Dilma detém
alguma influência na política, assim como o seu chefe Lula, e é bom ficar
atento a essas prováveis intervenções que ela e seus aliados podem provocar.
A partir daí, tomadas algumas precauções, vamos observar as
nuances do novo governo, agora na figura de Michel Temer. Temer é um político
tão soturno quanto foi Ulysses Guimarães. Ele age de forma velada, silenciosa e
esse impeachment é prova disso. Não vou desmerecer a carreira dele, mas está
claro que suas atuações não foram as mais memoráveis na história da política.
Isso, alerto, é um ponto preocupante não pelo apoio que ele terá como
presidente. Tenho certeza que o apoio virá. O que provoca dor de cabeça é a
gama de problemas (e o pouco tempo) para resolver. Não haverá mudanças
miraculosas. Não haverá uma melhoria imediata, principalmente se os vícios do
governo anterior permanecerem.
Antes da queda de Dilma, Temer anunciou medidas para conter
despesas, incluindo a diminuição de ministérios. Ele oscilou e disse que
manteria um número muito próximo do que disse primeiramente. Depois, reafirmou
manter apenas 22 ministérios, algo que desagradou a bancada de apoio, ávida por
poder.
Nesse contexto, algo precisa ser evidenciado: caso o governo
Temer comece fazendo concessões em troca de apoio político, certamente ele
perderá apoio popular. Sem o povo ao seu lado, algo já difícil devido aos
apelos da política populista de Dilma, Temer não terá condições para manter-se
até o final do mandato. Isso se dá não
pela força do povo (desprezada pelos políticos), mas por medo dos que estão no
poder em chamar a atenção da população de modo negativo. Tudo que vimos até
hoje, incluindo a cassação de Cunha, o impeachment de Dilma e a perda do
mandato de Delcídio são manobras para “mostrar serviço” e dar uma satisfação à
opinião pública e ao mercado externo.
A nova lista dos ministros de Temer já causa polêmica,
principalmente por conta de pessoas indiciadas na Lava-Jato. São eles: Romero
Jucá, Henrique Alves (ex-ministro do Turismo no governo Dilma) que foi citado e
teve seu processo arquivado, Eliseu Padilha- quando ministro de FHC, foi alvo de acusações
de irregularidades no pagamento de precatórios, mas sempre negou - , Geddel
Vieira citado na Lava Jato sob suspeita de negociar propina com a OAS, o que
ele nega. Sarney Filho é um mafioso tão poderoso quanto o pai, um político retrógrado que segue a cartilha de sua família. A indicação de Ilan Goldfajn (Ex-diretor do BC e atualmente
economista-chefe do Itaú) me traz preocupação por proporcionar a ligação de um
banco privado com o BC, já que não há garantias de distanciamento real entre
Ilan e o Itaú. Leonardo Picciani é outra preocupação, já que ele foi um dos
apoiadores do governo Dilma e estava publicamente contra o impeachment. O caso
Picciani é bem similar à adoção do filho de alguém morto por você. Pode parecer
um gesto bonito, porém não há garantias de que o rancor e a vingança não
estejam instalados no coração desse órfão que, nesse caso, é Picciani.
A política é uma prática que merece atenção por mudar
destinos. Muitos sucumbem diante de governos corruptos, manipulados e omissos.
Somos vítimas de décadas de descaso em áreas básicas como saúde, educação e
segurança. Temer terá uma luta difícil pela frente, principalmente se ceder às
pressões dos que querem mais poder.
Ficarei atento dias que se seguem, pois a queda de Dilma não
é sinônimo de sepultamento dela ou de seus asseclas. A ideologia populista está
em alta por termos passados anos e anos sem qualquer atenção real aos pobres e
aos que estão à margem. Dilma ludibriou, à custa do dinheiro público, os que
precisavam de apoio e deu pequenas vantagens. Ela enxergou no populismo uma
forma de se manter em alta após sua “desvinculação” de Lula. Estratégia correta
até o ponto em que as falcatruas do governo (e da grande maioria dos políticos)
veio à tona.
Temer deve ser inteligente a ponto de fazer um bom governo
nos meses que lhe restam. Caso o faça, certamente terá força para tentar a
eleição ou, na pior das hipóteses, indicar quem o suceda. Essa é a chave do
problema. Afinal, melhorias breves podem servir de pão e circo para que sejamos
levados a crer em um novo governo que irá solucionar os mais graves problemas
do país. Só há um adendo: Temer era parte do problema enquanto vice-presidente.
Ele não é inocente e não está aliado a inocentes para que dediquemos nossa
confiança plena a ele.
É hora de vigiar e lutar por um Brasil melhor.
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