Por: Franz Lima. Curta nossa fanpage: Apogeu do Abismo.
Vivi muitos anos ao custo da mentira. Balbuciei palavras de amor, orei e pedi perdão... sem que nada fosse real. Falei com a eloquência de quem está à beira da condenação, e dela fugi por incontáveis vezes. Dizer o que queriam ouvir, na hora em que mais necessitavam.
Destilei um lento veneno nas vidas de pessoas que me amaram. Pela boca vivi e por ela sentenciei alguns à morte.
Sempre tive respostas para tudo, mesmo que isso não seja sinônimo de verdade. O que sei, honestamente, é que algumas pessoas insistem em passar seus temores, sonhos e esperanças. E o que acontece quando alguém como eu capta essas informações? Usa-se contra os que apenas queriam um alento. Vã credulidade.
Porém é preciso lembrar que até o mais mortal escorpião pode ser envenenado. O tempo, inimigo dos ímpios e companheiro dos justos, chegará aos que se vangloriam da oratória. Nenhuma mentira é eterna, já que mesmo quando não descoberta ela pode matar quem a proferiu. Isso se chama remorso. Isso é fatal.
Como vivi pelas palavras, hoje morrerei por elas. Não suportei a carga de tantas tragédias, incontáveis vidas destruídas. Hoje, diante de meus acusadores, confesso cada um de meus crimes, nomeio cada vida que foi encerrada por meio de minha língua. Vivi pelas palavras, matei através delas e, finalmente, ao assumir meus erros, ganhei a condenação à morte. Mas, de verdade, eu já estava morto há muitos anos.
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