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Guerras Secretas. Resenha do Mega Evento que modificou o universo Marvel.

Praticamente em todos os anos as duas maiores editoras de quadrinhos dos Estados Unidos fazem uma mega saga. Dependendo do momento que os personagens estão vivendo, essas sagas podem envolver apenas os personagens de uma mesma “família” ou fica restrita a poucos títulos. Em outros casos essas sagas são uma oportunidade de dar uma arrumada nas cronologias, no status de certos personagens dentro do universo e pra trazer de volta alguém que morreu, mas que não deveria ter morrido. Quanto maior a saga, maior a mudança que ela provoca. Também podemos dizer que a saga acaba tendo o tamanho da mudança que precisa ser feita. Não sei bem em qual dos dois casos ela se encaixa, mas é impossível negar que nos últimos tempos a maior mega saga dos quadrinhos foi Guerras Secretas.


Esad Ribic
Não, não estou falando daquela saga clássica que foi feita principalmente para vender bonecos. Guerras Secretas começou lá pela metade de 2015, com roteiros de Jonathan Rickman, a arte assinada por Esad Ribic com as cores de Ive Svorcina. Essa dupla foi responsável pela arte do arco O Carniceiro dos Deuses na mensal do Thor, recentemente republicada por aqui. Guerras Secretas foi publicada em nove edições quinzenais, entre julho e novembro do ano passado. No meu caso a distribuição foi bem menos eficiente e as edições chegaram entre agosto e dezembro.

Guerras Secretas foi o fechamento da fase de Jonathan Rickman à frente do título d’Os Vingadores. Tanto que a primeira impressão que você vai ter ao ler a primeira edição é que a história começa no meio de alguma coisa. Caso você, assim como eu, não leu essa fase, nem precisa se preocupar. A primeira edição começa com um resumo do mínimo com o mínimo que o leitor precisa saber para não ficar todo perdido.
            
A primeira edição narra inicialmente o fim do multiverso da Marvel. Os Beyonders, os mesmos carinhas responsáveis pelas Guerras Secretas originais, resolveram dar fim aos diferentes universos. Inclusive a história começa quando a Terra do universo regular (conhecido como Universo 616) está se chocando com a Terra do Universo Ultimate (conhecido também como Universo 1610). Vale lembrar que nas últimas edições de Ultimate Marvel deram a dica de que essa colisão estava perto de acontecer. Na tentativa de preservar a humanidade, Reed Richards cria uma espécie de bote salva-vidas. Nesse bote, além dos membros do quarteto e dos membros da Fundação Futuro, seriam levadas as maiores mentes do planeta. O plano dá mais ou menos errado e no lugar dessas pessoas importantes entram vários outros heróis que de fato vão participar da história. Enquanto isso, Dr. Destino e Dr. Estranho estão buscando uma forma de impedir a destruição dos universos restantes.
            
Por mais incrível que possa parecer, eles conseguem.
            
Destino toma para si o poder dos Beyonders. Reúne fragmentos dos diversos universos e cria um mundo sustentado pela sua vontade: o Mundo Bélico. Um lugar onde Destino é deus.
            
As primeiras edições são de longe as minhas preferidas. Explorar o Mundo Bélico, ver como Dr. Destino moldou tudo à sua própria imagem e semelhança, além de conhecer as regras que regem esse novo mundo é muito interessante. Obviamente em algum momento os heróis que conseguiram escapar da extinção dos universos entram na história para restaurar as coisas ao seu estado original. A partir daí a trama fica mais parecida com aquilo que todo mundo já está acostumado nas histórias tradicionais de super-heróis. Mas ao contrário das últimas mega sagas que chegaram na minha mão, Guerras Secretas tem um final bem menos apressado. A forma como o problema é solucionado pode ser até repentina, mas combina perfeitamente com o resto da história, além de ser bem inesperada.
            
Na arte vemos que a experiência de Ribic e Svorcina com o título do Thor faz bastante diferença. Desde o exército de Thors que mantém a lei de Destino até os muros de Destinogard, passando por todas as criaturas bizarras do Mundo Bélico, tudo conversa com a estética mitológica meio alienígena das histórias do Thor em que os dois trabalharam juntos. Quanto mais eu penso sobre a arte maravilhosa dessa dupla, mais eu vejo que a escolha dos dois foi mais do que acertada. O resultado impressiona.
            
Nem preciso dizer que no final da saga o universo é restaurado, mas com algumas coisas diferentes. Afinal é como eu disse no começo dessa postagem, o tamanho da saga é proporcional ao tamanho das mudanças provocadas, ou das mudanças necessárias. É aí que chegamos no ponto mais importante de Guerras Secretas: a parte editorial.
            
A primeira coisa que a gente deve lembrar é que Guerras Secretas ajudou a Marvel a dar um final para o Universo Ultimate. Faz um bom tempo que a continuidade paralela da Casa das Ideias estava caminhando para seu fim. Seria bem mais fácil simplesmente acabar com as publicações? Seria, mas aí a Marvel perderia um dos seus personagens mais populares dos últimos anos: Miles Morales, o Homem-Aranha Ultimate.

           
Além de ter uma popularidade bem grande, já foi constatado que Miles tem uma química boa com Peter Parker, o que não só mostrou que histórias com os dois dão muito certo, mas também que eles podem perfeitamente existir no mesmo universo. Não dava pra jogar fora um personagem tão bom ou fazer uma gambiarra qualquer e criar um novo Miles no universo regular. Nada como uma saga que envolve a destruição múltiplos universos para resolver esse problema.
            
Outra coisa que marcou Guerras Secretas foi o impacto da saga sobre as demais publicações. Todos os títulos tiveram suas publicações interrompidas e no lugar deles entraram uma enxurrada de títulos alusivos às Guerras Secretas. Aproveitaram o fato do Mundo Bélico ser uma colcha com retalhos de múltiplas realidades para lançar títulos baseados em diversas minisséries ou sagas antigas da Marvel. Dinastia M, Futuro Imperfeito, Velho Logan, Desafio Infinito, Era do Apocalipse, Guerra Civil, Planeta Hulk, Programa de Extermínio, O Cerco, Zumbis Marvel e até mesmo Mestre do Kung-Fu são alguns dos títulos que retornaram. Seja como uma espécie de continuação das sagas originais, como em Guerra Civil, ou apenas inspirados por elas, como em Planeta Hulk. Além claro das histórias que simplesmente apresentam versões alternativas dos heróis ou como eles foram recolocados dentro do Mundo Bélico, como aconteceu com os Guardiões da Galáxia.
            
Obviamente eu li só alguns desses títulos e a dica que eu dou é comprar só o que te interessar muito, já que nenhum dos que eu li me pareceu importante para o entendimento da série principal. Imagino que os demais tenham tanta relevância quanto.

            
No final das contas Guerras Secretas é uma história bem legal. Arte excelente, batalhas épicas, cenas muito “massa véio”, ótimos diálogos, algumas viradas nem um pouco óbvias e um pouco do melhor que o antagonismo entre Reed Richards e Victor Von Doom pode trazer a uma história desse tamanho. Depois dela só nos resta esperar e ver como o Universo Marvel vai ficar. Os títulos regulares já retornaram com suas numerações zeradas e com eles todas as reformulações do pós-Guerra Secretas. Eu poderia dizer que a partir de agora vamos acompanhar todas as consequências dessa mega saga, mas Guerra Civil II já já aparece por aí e é bem provável que ela chegue antes de sentirmos todos os efeitos de Guerras Secretas.
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