A adaptação começa de forma abrupta, em um ponto que indica
o fim da trama, principalmente se você leu a obra original. O título em inglês é ‘Salems Lot, o mesmo do
livro de Stephen King (de 1975), mas no Brasil o filme recebeu o nome de A Mansão Marsten,
algo talvez motivado pelo nome do livro em português: A hora do vampiro*. Vale
lembrar que o filme foi lançado em 1979, época em que o sucesso de King ainda
não o havia elevado ao patamar de Mestre do Horror. Originalmente era uma minissérie em dois episódios, fato repetido em 2004 na nova adaptação.
Ben Mears é um escritor que busca inspiração em uma pequena
cidade do Maine, ´Salems Lot. A cidade é parte da infância de Ben e seu retorno
causa estranheza em alguns moradores.
Mas Ben não é o único estranho. Straker e seu sócio, Barlow,
são os responsáveis não só pela compra de um espaço que se tornou uma loja de
antiguidades como, para espanto de todos, compraram a mansão Marsten, um lugar
sombrio e abandonado há 20 anos.
Há visíveis diferenças no roteiro do filme que podem
incomodar os fãs do livro. Além da caracterização dos personagens, vínculos e comportamentos
mostram que a adaptação não foi fiel ao extremo.
Texto: Franz Lima.
Curtam nossas fanpages: Apogeu do Abismo e
Passagens modificadas ou com personagens alterados persistem
conforme o filme avança. Alguns parecem se misturar – mesclar - com outros,
gerando desconforto para os leitores, mas nada que impeça a compreensão da
trama.
Os principais nomes do livro estão preservados na versão
cinematográfica: os irmãos Glyck, Susan Norton, Ben, Eva Miller, Larry Crockett, padre Callahan...
o que denota a tentativa de preservação da estrutura e da narrativa de King, apesar
das limitações que uma versão de 3 horas tem em comparação com um livro de 460
páginas.
Caso não tenha lido o livro, aconselho que o faça para
seguir adiante nessa resenha. A partir daqui, spoilers!!!
O início da devastação da cidade de Salem´s Lot surge.
Aos poucos a população passa a sofrer os ataques do vampiro cuja real intenção
é criar um exército para si. Ninguém é poupado, inclusive crianças.
Stephen King foi muito esperto ao vincular as relações
pessoais e familiares com a tomada da cidade. Barlow, o vampiro, usa os
vínculos para matar mais pessoas. Isso ocorre com os Glyck, Eva Miller e
outros. A maldição passada por Barlow é silenciosa e covarde, mas eficaz ao
exterminar famílias e torná-las escravas de sua vontade.
Um ponto forte do livro é a gradual “vampirização” da
cidade. Ben, Susan, Mark, Matt e outros personagens são cercados, literalmente,
por uma colônia de vampiros escravos que aumenta em progressão geométrica. Eles
presenciam a degradação de amigos e parentes sem que nada possam fazer, mas há
espaço para ampliar a empatia do leitor com essas vítimas, já que Stephen King
ao longo do livro nos apresenta nuances de dramas e fatos importantes das vidas
dessas pessoas. Em suma, o filme peca por não ampliar as histórias dos “coadjuvantes”,
enquanto o romance é rico em detalhes, o que cativa o leitor e dá amplitude à
narrativa.
Por se tratar de um filme mais antigo, década de 1970,
muita coisa ficou a desejar. Não que os filmes dessa época sejam ruins, porém
os escassos recursos tecnológicos e os exageros em algumas atuações não impõem
medo ao espectador. Há passagens onde o tom caricato – sem essa intenção, óbvio
– minimiza o impacto delas.
Eu gostei do filme, mas ele está muito datado e possui
limitações que a tecnologia da época impôs, como já dito. Pela quantidade de
personagens e as nuances da trama, caberia uma minissérie mais longa para que a trama
fosse desenvolvida com tranquilidade, o que facilitaria a compreensão do
espectador quando partes excluídas estivessem presentes nessa nova versão. Isso
também serviria para atrair um público mais novo. Ao contrário do que ocorreu
com Carrie, Salem´s Lot é uma obra que não recebeu o trato devido,
principalmente no aspecto dramático, ponto alto do livro.
Algumas caracterizações também não me agradaram, principalmente as de Barlow e Straker. Ambos não passam a força e malignidade citadas no livro. Barlow é uma clara cópia do Nosferatu de Max Schreck, enquanto Straker está frágil quando comparado com o original.
O duelo final entre o bem e o mal é rápido, simples quando comparado ao relato de King. Detalhes importantíssimos são descartados e há algo que deixa a obra mais clichê e previsível ao mostrar Ben e Mark em um confronto direto com um fantasma de seus passados.
Sei que as comparações não agradam alguns por diminuir a obra de 1979, porém é vital afirmar que o livro de Stephen King, um dos mais importantes de sua carreira, merece uma versão definitiva, à altura daquilo por ele imaginado e, principalmente, completa. Só assim o espectador que leu o livro se sentirá bem. Quanto a quem nunca leu, ver um filme com tantas lacunas se torna um problema, já que a impressão passada é a de a história é fraca, algo absolutamente longe da realidade.
O duelo final entre o bem e o mal é rápido, simples quando comparado ao relato de King. Detalhes importantíssimos são descartados e há algo que deixa a obra mais clichê e previsível ao mostrar Ben e Mark em um confronto direto com um fantasma de seus passados.
Sei que as comparações não agradam alguns por diminuir a obra de 1979, porém é vital afirmar que o livro de Stephen King, um dos mais importantes de sua carreira, merece uma versão definitiva, à altura daquilo por ele imaginado e, principalmente, completa. Só assim o espectador que leu o livro se sentirá bem. Quanto a quem nunca leu, ver um filme com tantas lacunas se torna um problema, já que a impressão passada é a de a história é fraca, algo absolutamente longe da realidade.
* Apesar de clichê, A Hora do Vampiro é o título mais adequado para o livro de King, principalmente se levarmos em conta a época em que foi lançado no Brasil. Esse título está relacionado ao momento em que o vampiro ganha forças e é um dos mais tensos momentos do romance literário.
Esse título teve tanta força no país que até outros filmes foram nomeados para lembrá-lo, como os dois A Hora do Espanto, também com o tema 'vampiros'.
Dados Técnicos:
Elenco (em ordem alfabética):
Barbara Babcock - June Petrie
Barney McFadden - Ned Tebbets
Bonnie Bartlett -Ann Norton
Bonnie Bedelia - Susan Norton
Brad Savage - Danny Glick
Clarissa Kaye-Mason - Majorie Glick
David Soul - Ben Mears
Ed Flanders - Dr. Bill Norton
Elisha Cook Jr. - Gordon
'Weasel' Phillips
Ernest Phillips - Royal Snow
Fred Willard - Larry Crockett
Geoffrey Lewis - Mike Ryerson
George Dzundza - Cully Sawyer
James Gallery - Padre Donald
Callahan
James Mason - Richard K. Straker
Joshua Bryant - Ted Petrie
Julie Cobb - Bonnie Sawyer
Kenneth McMillan - Parkins
Gillespie
Lance Kerwin - Mark Petrie
Lew Ayres - Jason Berk
Marie Windsor - Eva Miller
Ned Wilson - Henry Glick
Reggie Nalder - Kurt Barlow
Robert Lussier - Nolly Gardner
Ronnie Scribner - Ralphie Glick
Direção: Tobe Hooper
Ano: 1979
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