Qual seria o resultado da reunião de talentos do porte de Francis Ford Coppola, Mike Mignola, Roy Thomas e ninguém menos que Bram Stoker? A resposta surge no formato de uma HQ de luxo, uma linda graphic novel que adapta a obra cinematográfica Drácula, dirigida por Coppola e cujo elenco contou com nomes do porte de Anthony Hopkins, Keanu Reeves, Winona Ryder, Gary Oldman e muitos outros que trouxeram força à obra com suas interpretações impecáveis.
Vamos iniciar nossa análise com um comparativo entre a HQ e o filme dirigido por Coppola. Desta forma, fiz questão de lançar uma imagem da graphic novel e inserir uma cena do filme para que façam a comparação entre ambos. Vejam, sei que existem artistas do porte de Alex Ross ou outros hiper realistas que são extremamente capazes de entregar uma verdadeira "cópia" da cena original. Entretanto, o que esta comparação serve é, simplesmente, mostrar o quanto a falta de exatidão é vital para dar vida e credibilidade à ilustração. Mike Mignola é um ilustrador cujo traço característico pode ser visto em obras como Hellboy, Frankenstein e Batman, com um estilo único. Suas caracterizações não diminuem ou deturpam a personagem principal (como visto nas HQ citadas), porém são levemente diferentes e mais brutas... sempre por vontade própria de Mignola.
Compreendamos o seguinte: as cenas consagradas no filme de Coppola são inesquecíveis por um motivo simples, elas são fiéis ao livro de Bram Stoker. Por sua vez, Mignola não viu necessidade de inserir um traço idêntico ao que ele usa em Hellboy, mas isso também não quis dizer que ele necessitaria mudar seu estilo ou ser mais realista para dar vida à uma graphic novel cujos pilares são o secular livro de Bram Stoker e a melhor adaptação cinematográfica baseada no livro Drácula. Em suma, vocês verão a arte de Mike Mignola e, ao mesmo tempo, o filme de Francis Ford, pois o artista conseguiu unir com maestria essas duas obras-primas. O resultado? Uma graphic novel cuja trama é conhecida em duas outras mídias e, mesmo assim, consegue cativar e surpreender o leitor.
O curioso nessa história toda é que essa versão de Drácula foi produzida originalmente em cores. A editora Mino ao optar por lançar a versão totalmente em P & B foi extremamente feliz, pois a ausência de cores combina com o clima sombrio da trama e também valoriza a arte de Mignola... porém é óbvio que eu gostaria muito de ler também a versão colorida.. E por falar em curiosidade, saibam que essa graphic foi produzida antes que o ilustrador se consagrasse com sua obra mais conhecida: Hellboy? Drácula foi lançada em 1992 em uma versão em quatro edições, como uma minissérie que adaptava o filme homônimo lançado no mesmo ano.
Mas se é uma adaptação de um filme consagrado, por que comprar?
Certo, essa deve ser a pergunta que está drenando a paciência de inúmeros leitores. A resposta ao questionamento acima é simples: não é uma simples adaptação; é arte em estado bruto.
Quando Mike aceitou o desafio de adaptar um filme com o peso de Drácula, embasado em um roteiro escrito por Roy Thomas (consagrado pelas histórias de Conan, o Bárbaro), ele não apenas tinha um trabalho árduo à frente como também difícil, pois é claro que haveria comparações entre as três obras (o livro, o filme e a HQ). Entretanto, não há mérito em recuar diante dos desafios. Assim, por amor à arte e à obra original de Bram Stoker (além de ter trabalhado na produção do filme), Mike Mignola aceitou o trabalho e entregou aos leitores uma das melhores adaptações de um filme para os quadrinhos já feitas até hoje.
Para que compreendam o nível de envolvimento que a trama e os desenhos unidos trazem, basta dizer para vocês que eu li a obra e a cada passagem eu conseguia "ouvir" os sons e a trilha sonora que fazem parte do filme. Como disse, as duas versões (cinema e quadrinhos) são indissociáveis.
Com capa dura, tamanho gigante, papel couché de alta gramatura, extras que mostram o talento do artista para a narrativa gráfica, artes de capas e, claro, o roteiro de Roy Thomas que bebeu (desculpem o trocadilho) na fonte cinematográfica são mais do que atrativos... são presentes! Isso sem falar que a adaptação ficou fora do catálogo americano por 20 anos.
Sim. Porém há pequenas inserções feitas pelo próprio Mignola para que não tenhamos apenas um storyboard. Essas inserções (duas ou três) não mudam o ritmo narrativo ou a história em momento algum, mas têm que ser citadas. Essa adaptação é fidelíssima ao filme de Francis Ford Coppola, sobretudo nas ambientações, expressões das personagens e até mesmo nos jogos de câmera e sombras que tornaram o filme um cult absoluto.
O jogo de luz e sombras e cada cenário foram transpostos para o papel com requintes de detalhes. Como já disse anteriormente, fica impossível dissociar a graphic novel do filme, o que nos levará a reproduzir mentalmente diálogos, sons e a trilha sonora.
Quanto à obra original, o clássico literário Drácula (tão imortal quanto a personagem em si), tenho certeza que o próprio autor ficaria fascinado ao ver as belas adaptações que seu livro recebeu. Seja por intermédio da direção de Coppola e das interpretações fascinantes dos astros do filme, seja por meio da união de um belo roteiro com uma arte impecável e única, o fato é que Bram Stoker recebeu lindas homenagens com essas obras ímpares.
Ter essa edição em sua estante é uma oportunidade única e, do mesmo modo que com o filme, acredito que voltarão à obra para receberem doses ideias de roteiro, história, drama, arte e terror. Tal como o livro original, filme e HQ estão garantidos no panteão das obras-primas em suas respectivas mídias.
Nota: por ocasião do lançamento desta resenha, o livro está com o preço promocional de R$ 63,10 na Amazon. Basta clicar e adquirir...
Ter essa edição em sua estante é uma oportunidade única e, do mesmo modo que com o filme, acredito que voltarão à obra para receberem doses ideias de roteiro, história, drama, arte e terror. Tal como o livro original, filme e HQ estão garantidos no panteão das obras-primas em suas respectivas mídias.
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