Power. Novo filme da Netflix tem boa história, crítica forte às drogas e muito do que já vimos em outros filmes.
Power é a mais nova produção da Netflix que conta com nomes fortes em seu elenco, além da direção de Henry Joost e Ariel Schulman. O roteiro de Mattson Tomlin aborda um tema sempre controverso e instigante, o uso de drogas em nossa sociedade, mas com a premissa de que essas drogas concedem poderes sobre-humanos para seus usuários.
Antes de prosseguirmos, vamos ao trailer para que se preparem para a resenha com uma ideia melhor sobre o que vou falar...
Um conflito já visto.
O roteiro de Mattson Tomlin não é ruim. Ele aborda os efeitos de uma droga inserida na sociedade de Nova Orleans com fins de teste. A droga tem um efeito máximo de cinco minutos, porém nesse intervalo de tempo o usuário ganha poderes, assim como um mutante da equipe dos X-Men. O único porém está nos efeitos devastadores e inesperados que ela pode causar, além dos estragos provocadas por uma overdose. Há uma instabilidade que a torna mais perigosa ainda, sobretudo quando unida a um usuário com más intenções.
Claro que essa nova realidade só trouxe caos e morte na cidade de Nova Orleans. A polícia está diante de algo que não pode parar, já que são super seres contra homens apenas treinados para combater pessoas normais, ainda que armadas.
Eu observei que há uma boa similaridade com a história vista nas HQ da dupla Manto e Adaga (adaptada como série recentemente). Dois jovens que são expostos ao uso de drogas experimentais que lhe concedem poderes (e maldições). Mas é por aí que interrompemos as comparações, já que os poderes da dupla são perpétuos, enquanto a droga "power" tem efeito passageiro.
O que, afinal, aborda Power?
Primeiro, o longa-metragem faz uma clara crítica à invasão das drogas nos EUA (e no mundo). O poder (power) dos traficantes se transformou em uma força paralela tão intensa que é impossível não acreditar na influência desses cartéis na sociedade.
Em segundo lugar, há a tradicional busca de um pai por sua (seu) filha(o), algo visto em filmes como Procurando Nemo e Busca Implacável, valendo-se de um pouco de cada longa-metragem.
Claro que a premissa de invasão de uma cidade para testes (ou seja, pouco importa a população local) traz à pauta o esforço de pessoas da localidade para que a droga não se torne algo tão destrutivo quanto o crack e outras desgraças criadas pelo homem e usadas em todas as classes sociais.
Power mostra de forma interessante o esforço de um policial para equilibrar a guerra com o tráfico em Nova Orleans. Esse policial chamado Frank (Joseph Gordon-Levit) é um usuário da droga apenas para evitar que os marginais estejam em condição de superioridade. Sua fornecedora é a jovem traficante Robin (Dominique Fishback), uma garota que luta para ter o dinheiro suficiente para cuidar de sua mãe doente. Reparem que essa é uma trama delicada, já que, ao mostrar um policial que se vale de drogas para combater o tráfico, e uma jovem que é traficante por não ter dinheiro para pagar o tratamento da mãe, abre margem para críticas ao amenizar ou "embelezar" tais comportamentos reprováveis.
Entra em cena um terceiro elemento que trará o fator emocional para a narrativa: Art (Jamie Foxx) é um ex-militar que busca a todo custo a fonte da droga "power". Ele acaba por se aproximar de Robin e, consequentemente, seu caminho também se cruza com Frank. Está formada a trindade que movimentará praticamente todo o filme.
Trunfos e pontos fracos.
Power tem uma história muito boa por unir a ação policial, a violência das ruas, os problemas sociais de áreas menos assistidas pelo poder público, além de conter elementos que fãs de games e quadrinhos já estão acostumados, tais como os super poderes, o usos de ângulos de câmera diferentes e, claro, diálogos que lembram a narração das próprias HQs.
Em contrapartida, o filme possui um problema que incomoda muito: os protagonistas têm aparentes facilidades que não ocorreriam em situações "comuns". Por exemplo: há uma passagem onde eles invadem uma boate para descobrir algo sobre a droga. Vejam, num local tomado por traficantes armados e capazes de adquirir poderes em questão de segundos, seria correto afirmar que essa invasão teria muitos, muitos contratempos. Mas esses problemas são minimizados por discursos do vilão Biggie (Rodrigo Santoro) e pelo descuido que é inaceitável para profissionais de segurança de alguém com o poder dele. Há outras passagens que ficaram a dever, mas não é correto abordar e dar spoilers da trama.
Inspirações.
Já vimos outras histórias nos quadrinhos que mostram algo perto do que há em Power. Homens e mulheres com super poderes e "zero" responsabilidade esteve em trabalho como O Reino do Amanhã (Alex Ross e Mark Waid), Marshall Law (cujo agente da lei caçava "heróis" que enlouqueceram com os poderes), Poder sem Limites e outros filmes e HQs com temática similar. Há, claro, a união de pessoas inusitadas para combater o mal. Isto ocorreu em filmes como Duro de Matar, o recente Triple Threat (com Tony Jaa), Seven e mais uma lista com muitas obras com tema parecido.
E então, o que isso significa? Temos um filme que copia outros ou há pontos realmente pertinentes em Power?
A verdade é que há muitos pontos ótimos em Power. A interpretação de Jamie Foxx está ótima, alguns dos efeitos visuais são absolutamente geniais (em especial o homem flamejante), a própria ideia de uma droga capaz de conceder poderes aos usuários - uma clara crítica aos "efeitos" das drogas reais, capazes de iludir o drogado com a sensação de falso poder - e até as poucas passagens engraçadas da trama. Em resumo, o filme não é ruim, porém peca por acelerar a trama e "facilitar" a vida do trio de protagonistas. Claro que já vimos filmes onde os protagonistas saem de situações impossíveis, nada contra isso, só que esse tipo de subterfúgio não pode ser a regra, precisa ser a exceção.
Já há o murmúrio de uma sequência do longa-metragem. O que espero, honestamente, é que a Netflix tenha a mesma coragem vista em produções da HBO, Amazon e da própria Netflix, onde o produto final seja visceral, impactante e assustador.
Como já dito, Power não é um filme ruim, mas a sensação de que poderia ser uma obra-prima fica no ar o tempo inteiro. Mesmo com o alto investimento, o bom elenco, ótima maquiagem e fotografia, e os efeitos impressionantes, o lado mais paternalista do roteirista nos entregou uma obra mediana, algo similar a ter uma Ferrari em ruas do nosso esburacado Rio de Janeiro. O medo de acelerar minimizou uma ótima ideia...
O que, afinal, aborda Power?
Primeiro, o longa-metragem faz uma clara crítica à invasão das drogas nos EUA (e no mundo). O poder (power) dos traficantes se transformou em uma força paralela tão intensa que é impossível não acreditar na influência desses cartéis na sociedade.
Em segundo lugar, há a tradicional busca de um pai por sua (seu) filha(o), algo visto em filmes como Procurando Nemo e Busca Implacável, valendo-se de um pouco de cada longa-metragem.
Claro que a premissa de invasão de uma cidade para testes (ou seja, pouco importa a população local) traz à pauta o esforço de pessoas da localidade para que a droga não se torne algo tão destrutivo quanto o crack e outras desgraças criadas pelo homem e usadas em todas as classes sociais.
Power mostra de forma interessante o esforço de um policial para equilibrar a guerra com o tráfico em Nova Orleans. Esse policial chamado Frank (Joseph Gordon-Levit) é um usuário da droga apenas para evitar que os marginais estejam em condição de superioridade. Sua fornecedora é a jovem traficante Robin (Dominique Fishback), uma garota que luta para ter o dinheiro suficiente para cuidar de sua mãe doente. Reparem que essa é uma trama delicada, já que, ao mostrar um policial que se vale de drogas para combater o tráfico, e uma jovem que é traficante por não ter dinheiro para pagar o tratamento da mãe, abre margem para críticas ao amenizar ou "embelezar" tais comportamentos reprováveis.
Entra em cena um terceiro elemento que trará o fator emocional para a narrativa: Art (Jamie Foxx) é um ex-militar que busca a todo custo a fonte da droga "power". Ele acaba por se aproximar de Robin e, consequentemente, seu caminho também se cruza com Frank. Está formada a trindade que movimentará praticamente todo o filme.
Trunfos e pontos fracos.
Power tem uma história muito boa por unir a ação policial, a violência das ruas, os problemas sociais de áreas menos assistidas pelo poder público, além de conter elementos que fãs de games e quadrinhos já estão acostumados, tais como os super poderes, o usos de ângulos de câmera diferentes e, claro, diálogos que lembram a narração das próprias HQs.
Em contrapartida, o filme possui um problema que incomoda muito: os protagonistas têm aparentes facilidades que não ocorreriam em situações "comuns". Por exemplo: há uma passagem onde eles invadem uma boate para descobrir algo sobre a droga. Vejam, num local tomado por traficantes armados e capazes de adquirir poderes em questão de segundos, seria correto afirmar que essa invasão teria muitos, muitos contratempos. Mas esses problemas são minimizados por discursos do vilão Biggie (Rodrigo Santoro) e pelo descuido que é inaceitável para profissionais de segurança de alguém com o poder dele. Há outras passagens que ficaram a dever, mas não é correto abordar e dar spoilers da trama.
Inspirações.
Já vimos outras histórias nos quadrinhos que mostram algo perto do que há em Power. Homens e mulheres com super poderes e "zero" responsabilidade esteve em trabalho como O Reino do Amanhã (Alex Ross e Mark Waid), Marshall Law (cujo agente da lei caçava "heróis" que enlouqueceram com os poderes), Poder sem Limites e outros filmes e HQs com temática similar. Há, claro, a união de pessoas inusitadas para combater o mal. Isto ocorreu em filmes como Duro de Matar, o recente Triple Threat (com Tony Jaa), Seven e mais uma lista com muitas obras com tema parecido.
E então, o que isso significa? Temos um filme que copia outros ou há pontos realmente pertinentes em Power?
A verdade é que há muitos pontos ótimos em Power. A interpretação de Jamie Foxx está ótima, alguns dos efeitos visuais são absolutamente geniais (em especial o homem flamejante), a própria ideia de uma droga capaz de conceder poderes aos usuários - uma clara crítica aos "efeitos" das drogas reais, capazes de iludir o drogado com a sensação de falso poder - e até as poucas passagens engraçadas da trama. Em resumo, o filme não é ruim, porém peca por acelerar a trama e "facilitar" a vida do trio de protagonistas. Claro que já vimos filmes onde os protagonistas saem de situações impossíveis, nada contra isso, só que esse tipo de subterfúgio não pode ser a regra, precisa ser a exceção.
Já há o murmúrio de uma sequência do longa-metragem. O que espero, honestamente, é que a Netflix tenha a mesma coragem vista em produções da HBO, Amazon e da própria Netflix, onde o produto final seja visceral, impactante e assustador.
Como já dito, Power não é um filme ruim, mas a sensação de que poderia ser uma obra-prima fica no ar o tempo inteiro. Mesmo com o alto investimento, o bom elenco, ótima maquiagem e fotografia, e os efeitos impressionantes, o lado mais paternalista do roteirista nos entregou uma obra mediana, algo similar a ter uma Ferrari em ruas do nosso esburacado Rio de Janeiro. O medo de acelerar minimizou uma ótima ideia...
Comentários
Postar um comentário